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26/Ago/2020

PIB da Agropecuária deve crescer 1,5% em 2020

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto da Agropecuária em 2020 de 2,0% para 1,5%. A piora no desempenho da produção de carne bovina é a principal responsável pela revisão para baixo na projeção. Apesar da melhora das estimativas para o valor adicionado da lavoura, que aumentou de 3% para 3,6%, a revisão para baixo do PIB agropecuário de 2020 deve-se à piora da previsão para o desempenho do setor pecuário, cuja estimativa anterior era de estabilidade e agora é de queda de 2,8%, em especial devido à significativa queda na produção de carne bovina. O desempenho negativo da produção de carne bovina foi afetado tanto por fatores de oferta quanto demanda. No lado da oferta, a produção já havia começado 2020 em baixa, antes mesmo da pandemia de Covid-19, por causa de ajustes em relação ao forte crescimento do fim de 2019, explicado, por sua vez, pela demanda da China, em função de perdas na produção chinesa causada pela peste suína africana (PSA).

Ao mesmo tempo, o efeito adverso do coronavírus sobre a demanda doméstica, que absorve cerca de 75% da produção, afetou uma possível retomada do segmento no primeiro semestre, apesar da forte alta das exportações a partir de maio. Abril, que já é um mês típico de menos abate, teve queda acentuada em 2020 em decorrência do isolamento social e da consequente mudança nos tipos de corte mais consumidos no mercado doméstico. E mesmo que a reabertura das atividades impulsione a demanda doméstica no segundo semestre, a recuperação tende a ser menos acentuada, fazendo com que a quantidade de carne bovina se mantenha num nível abaixo ao observado em 2019. O aumento na projeção para o valor adicionado da lavoura foi puxado pela supersafra de grãos em 2020. Entre os principais produtos da lavoura brasileira (soja, cana-de-açúcar, milho e café), apenas o milho tem estimativa de queda na produção em 2020 e, mesmo assim, após fechar 2019 com uma forte alta e safra recorde.

Na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de julho sobre a safra de 2020, houve revisão positiva para a soja e o milho, o que ampliou a previsão de alta no valor adicionado da lavoura. Apesar do impacto da demanda doméstica sobre a pecuária, destacasse como a demanda externa tem sido importante para sustentar o bom desempenho do PIB da agropecuária, apesar da recessão provocada pela Covid-19. As exportações brasileiras de produtos do agronegócio cresceram 11%, em valor, no primeiro semestre. A principal razão desse comportamento é o destino desses produtos. A China, que registrou o primeiro caso de Covid-19 em dezembro de 2019, iniciou o ano com um lockdown severo, que afetou diversos setores da economia do país. No final do primeiro trimestre, quando as políticas de isolamento social foram flexibilizadas, a China aumentou a demanda para repor seus estoques, o que favoreceu bastante o comércio com o Brasil. O bom desempenho do setor agropecuário, que deverá ser o único a registrar variação positiva no PIB de 2020, deverá se repetir no próximo ano. A primeira projeção dos pesquisadores do Ipea para o PIB da agropecuária de 2021 aponta crescimento de 3,2%.

Para essa estimativa, foram usadas as projeções de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e, no caso da pecuária, modelos econométricos próprios. No próximo ano, o crescimento do valor adicionado na lavoura deverá moderar para 3,2%, enquanto a pecuária deverá se recuperar da queda esperada para este ano com um avanço de 5,0% em 2021. Estimativas preliminares da Conab apontam que, no próximo ano, o milho e a soja (culturas que vêm batendo recordes desde 2019) apresentarão crescimento de 9,1% e 10,5%, respectivamente. Em relação ao comércio exterior, a demanda chinesa deverá continuar dando as cartas, mas avanços no entendimento entre China e Estados Unidos para dar uma trégua na disputa comercial entre os dois países, como o anunciado nesta terça-feira (25/08), podem afetar as exportações de soja. A safra norte-americana de soja que ainda terminará de ser colhida em 2020 também poderá ser recorde e a primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos estabelece aumento nas compras chinesas de produtos norte-americanos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.