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21/Ago/2020

Dólar atinge máxima em 3 meses mas deve recuar

O dólar renovou máxima em três meses frente ao Real nesta quinta-feira (20/08), dia de intensa pressão nos ativos financeiros brasileiros em meio a temores sobre o futuro das contas públicas do país depois de o Senado Federal ter imposto derrota ao governo, com todas as atenções agora voltadas para a Câmara dos Deputados. O Senado derrubou na quarta-feira veto presidencial a projeto sobre reajuste salarial a categorias do serviço público durante a pandemia de Covid-19, movimento classificado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como um "péssimo sinal". No fim da tarde, esses mercados melhoraram o sinal, assim como o de dólar, diante de esperança de que a Câmara mantenha o veto, o que acabou ocorrendo. No pico intradiário, alcançado perto das 11h, o dólar saltou 2,59%, a R$ 5,674, mas deixou essa máxima depois de o Banco Central vender US$ 1,140 bilhão em dois leilões de moeda à vista nesta sessão. Na mínima do dia, atingida perto do fim da sessão, o dólar foi a R$ 5,544, leve alta de 0,24%.

No fechamento, a cotação valorizou-se 0,42%, a R$ 5,554. É o maior patamar desde 22 de maio. Porém, a Câmara dos Deputados decidiu manter o veto do presidente Jair Bolsonaro que impedia a concessão de reajustes salariais, novas contratações e progressão de carreira ao funcionalismo público nos níveis federal, estadual e municipal até o fim de 2021. O resultado representa uma recuperação do governo federal após sofrer surpreendente derrota no Senado Federal. A movimentação marcou a estreia do novo líder do governo na casa, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), que acabou contando com a ajuda de outras lideranças, como Arthur Lira (PP-AL), líder do “blocão”, que se aproximou de Bolsonaro nos últimos meses, e o próprio presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foram 316 votos favoráveis à manutenção do veto e 165 contrários. Eram necessários 257 deputados para derrubar o dispositivo. No Senado, a matéria foi derrubada por placar de 42 votos a 30.

As votações referem-se às sessões do Congresso Nacional, que, em função da pandemia do novo coronavírus, são feitas separadamente nas casas, cada uma com seu sistema remoto próprio. O Ministério da Economia chegou a estimar que o congelamento de salários garantiria um fôlego fiscal entre R$ 121 bilhões e R$ 132 bilhões. Os números foram contestados por opositores, que dizem que a derrubada do veto não necessariamente significaria aumentos salariais para servidores públicos. Eles também alegaram que o dispositivo impacta em reajustes e também nos programas de carreira, barrando progressões por mais de um ano. Algumas horas após a derrota no Senado, o ministro Paulo Guedes subiu o tom contra os parlamentares. “Pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país”, disse.

A posição do ministro provocou incômodo no parlamento e chegou a ser criticada até por quem atuava pela manutenção do veto presidencial. O veto, que colocava profissionais de segurança pública, saúde, e educação em uma lista de exceções sobre as quais a restrição a reajustes não recairia, havia sido aprovado pelos parlamentares dentro do pacote de socorro financeiro de R$ 125 bilhões do governo a estados e municípios, mas acabou sendo barrado por Bolsonaro após pressão da equipe econômica e em acordo com governadores e prefeitos. O congelamento de salários de servidores é considerado por agentes do mercado financeiro uma garantia de compromisso fiscal do governo, em meio à expansão de gastos provocados pela crise sanitária. Eles argumentam que sua derrubada poderia afetar a credibilidade do país e agravar a situação das contas públicas em um momento em que se estima que a dívida bruta supere a marca de 95% do PIB neste ano. Fonte: Reuters e Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.