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04/Ago/2020

Amazônia: queimadas avançaram 28% em julho

Mesmo após série de pressões de investidores nacionais e internacionais por ações para a preservação da Amazônia, o mês de julho fechou com uma alta de 28% no total de focos de incêndio na floresta, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados no sábado (1º/08) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o pior dado desde 2017. Por outro lado, no acumulado do ano, entre janeiro e julho, o total de queimadas neste bioma teve queda de 7,6%. A Floresta Amazônica teve 6.803 focos de incêndio, contra 5.318 focos registrados em julho de 2019. O recorde para o mês, de 2017, foi de 7.986 queimadas detectadas pelo instituto. O mês anterior já havia sido o pior junho dos últimos 13 anos. Só os dias 30 e 31 de julho foram responsáveis por cerca de 1.500 focos, o que contribuiu para a alta do mês. Para o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a redução das queimadas no acumulado do ano está mais relacionada a um conjunto de queimadas atípicas registradas em Roraima no ano passado do que uma redução no comportamento dos incêndios deste ano.

Os dados (atuais) são enviesados por causa de uma anomalia atípica dos focos de incêndio em Rondônia em março e abril do ano passado. Eles acabam mascarando o aumento do fogo neste ano. A anomalia pode ser observada nas tabelas sobre queimadas do site do Inpe. Em Roraima, no ano passado, foram detectados 2.433 focos de incêndio, mais do que o dobro do recorde anterior, de 2016, que era de 1.195 focos. Sobre o mês de julho, os focos de incêndio atuais ainda são um saldo do aumento do desmatamento ocorrido em 2019, o maior da história. As pessoas que investiram no desmatamento ainda precisam queimar as áreas desmatadas, o que ainda deve resultar em mais queimadas. É caro desmatar: cada 100 hectares custa cerca de R$ 100 mil. Se não houver a queimada, significa perda econômica para os que investiram nos desmatamento. A queimada é a forma mais prática de limpeza de um terreno desmatado.

A bióloga Erika Berenguer, pós-doutoranda da Universidade de Oxford e pesquisadora da Universidade de Lancaster, ambas na Inglaterra, destaca a ligação entre o desmatamento e as queimadas. Ela afirma que os dados parciais de julho de outro monitoramento do Inpe, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), atualizados até o dia 23 de julho, já são maiores do que os de julho 2019, que era o recorde até então. O que está ocorrendo é uma continuação de 2019. Não é surpresa que as queimadas estejam em alta, uma vez que há a necessidade por quem colocou a mata abaixo de limpar a área, com fogo, para a realização de atividades econômicas que gerem retorno do investimento. A redução dos incêndios está ligada a um combate efetivo dos desmatamentos na floresta. A organização ambiental Greenpeace comentou os dados do dia 30 de julho, que registrou 1.007 focos de queimadas. Esse é o número mais alto registrado desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos.

O fato de ter mais de mil focos de calor em um único dia, recorde dos últimos 15 anos para o mês de julho, mostra que a estratégia do governo de fazer operações midiáticas não é eficaz no chão da floresta. A GLO (Operação de Garantia da Lei e da Ordem, ação do governo federal) aplicada sem estratégia e sem conhecimento de como se combate as queimadas, também não traz os resultados que a Amazônia precisa. A entidade também destacou que parte desses focos de incêndio foram observados dentro de terras indígenas. Um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil aponta que dos focos de calor registrados em julho, 539 foram dentro de Terras Indígenas, um aumento de 76,72% em relação ao ano passado, quando foram mapeados 305 focos. Além disso, 1.018 atingiram Unidades de Conservação, um aumento de 49,92% em relação ao mesmo período do ano passado. As queimadas estão proibidas no País desde o dia 16, em um recesso que deveria durar 120 dias. A medida foi estabelecida por um decreto do presidente Jair Bolsonaro. O período mais intenso de queimadas no País começa agora, e deve durar até o início das chuvas de verão.

Na ocasião, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o decreto era importante para sinalizar que o governo não quer queimada. Dados preliminares sobre focos de incêndio na Amazônia em julho devem deixar o governo federal em situação ainda mais desfavorável diante da pressão pela preservação do meio ambiente. Até o dia 30 de julho, o aumento na Amazônia era de 14,53% no mês de julho em relação ao mesmo período do ano passado. A agravante dessa situação é que as queimadas em todo o País estão proibidas desde o dia 15 de julho, por decreto do governo federal. No entorno do vice-presidente Hamilton Mourão, havia expectativa de um dado positivo. O número de focos ativos de incêndios na Amazônia, segundo os dados do Inpe: 6.091 até 30 de julho, ante 5.318 no mesmo mês do ano passado. Segundo o Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade de Potsdam na Alemanha, decreto para evitar queimadas não funciona. No Pantanal, o número de focos de calor saltou de 494 em julho do ano passado para 1.669 neste ano (237%). Segundo especialistas, o primeiro semestre foi bem mais seco do que a média em anos anteriores. Mas, há também casos de queimadas para pastagens, o que ajuda a piorar a imagem do Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.