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31/Jul/2020

Acordo China-EUA: dificuldade em cumprir a meta

Após quase sete meses, a meta ambiciosa de 36,5 bilhões de dólares, definida pela China para produtos agrícolas dos Estados Unidos este ano, não está totalmente fora do alcance, mas parece cada vez mais um enorme desafio. Até o final de maio, as importações estavam abaixo dos níveis de 2017, enquanto era necessário aumentar em 50%. Embora os chineses tenham começado a elevar as compras de soja, o desafio pode ser grande demais, especialmente com a rápida deterioração nas relações entre Estados Unidos e China, uma pandemia global e dúvidas sobre as reais necessidades da China por usar soja. Segundo a Daniels Trading, a meta não parece provável de ser atingida, principalmente com a crise global da Covid-19. Estados Unidos e China fecharam um acordo comercial “Fase 1” em janeiro, após dois anos de tensão e uma forte queda nas importações da China, um dos principais compradores de produtos agrícolas norte-americanos.

Na ocasião, analistas expressaram reservas quanto a meta para produtos agrícolas, o que representa um aumento de 25% na relação com a história máxima de US$ 29 bilhões registrados em 2013. Ainda assim, a China elevou neste ano as compras de uma série de bens agrícolas, entre eles a importação de milho e carne, o que gera algum otimismo. De qualquer maneira, as chances de atingir a meta ficarão mais claras nos próximos meses. A soja é responsável por cerca de metade das importações agrícolas da China e a maior parte das compras ocorre nos últimos três meses do ano, com uma redução nos suprimentos do Brasil, maior produtor. Após um início lento, os importadores chineses registraram mais de 2,5 bilhões de dólares em compras de soja nos Estados Unidos nas últimas oito semanas. As vendas norte-americanas para China podem realmente aumentar.

Tais vendas volumosas de soja podem ocorrer em breve, porque a oferta brasileira está limitada no momento. Não está claro, no entanto, se a China vai manter seu apetite nos próximos cinco meses, depois que seus processadores de soja adquiriram volumes recordes do Brasil. A demanda também depende da recuperação da peste suína africana (PSA) na China, que dizimou milhões de suínos, reduzindo a necessidade de ração. O ritmo de compras mensais nunca foi sustentado por mais de dois meses consecutivos e só foi registrado no quarto trimestre, sendo uma ocorrência mais recente em 2016. Os preços das mercadorias em queda devido à pandemia de coronavírus ainda representam uma dificuldade adicional, uma vez que o acordo está atrelado ao valor das importações. Os preços da soja neste ano estão em média 10% abaixo dos registrados em 2016. O acordo comercial concede flexibilidade à China no caso de um desastre natural ou outro evento imprevisível.

Ao mesmo tempo, a política entra em jogo. Com as relações bilaterais entre Estados Unidos e China enfrentando turbulências, os chineses podem evitar se tornar um alvo maior de críticas ao presidente norte-americano Donald Trump durante uma campanha eleitoral nos Estados Unidos. Os volumes finais das compras de soja na China dificultam a decisão do governo chinês sobre reabastecer ou não estoques do governo. A China normalmente demanda de 7 milhões a 8 milhões de toneladas por mês de soja, com base em um processador de soja no nordeste da China. O governo chinês deve evitar danos à reputação associada ao não cumprimento das metas, mantendo uma boa imagem no cenário internacional. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.