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13/Jul/2020

Inflação sobe em junho após a retração em maio

De acordo com dados divulgados na sexta-feira (10/07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou junho em 0,26%, ante um recuo de 0,38% em maio. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 0,10%. Em 12 meses, o resultado foi de alta de 2,13%. A alta de 0,26% em junho foi o mais elevado desde dezembro, quando aumentou 1,15%. Em junho de 2019, o IPCA ficou em 0,01%. Com o resultado, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 1,88% em maio para 2,13% em junho, ante uma meta de 4% perseguida pelo Banco Central este ano. As famílias voltaram a gastar mais com alimentos no mês de junho. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma taxa de 0,24% em maio para avanço de 0,38%, uma contribuição de 0,08% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os alimentos para consumo no domicílio passaram de aumento de 0,33% em maio para elevação de 0,45% em junho.

O avanço foi puxado pelo encarecimento das carnes (1,19%) e do leite longa vida (2,33%). As famílias também pagaram mais pelo arroz (2,74%), feijão carioca (4,96%) e queijo (2,48%). Por outro lado, ficaram mais baratos o tomate (-15,04%) e a cenoura (-8,88%). A alimentação fora do domicílio passou de aumento de 0,04% em maio para alta de 0,22% em junho. O lanche subiu 1,01%, uma contribuição de 0,02% no IPCA de junho. A refeição fora de casa diminuiu 0,07%. As famílias brasileiras gastaram 0,31% a mais com Transportes em junho, um impacto de 0,06% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O grupo vinha de quatro meses consecutivos de quedas nos preços. A alta de junho foi puxada pela gasolina, que ficou 3,24% mais cara, item de maior pressão na inflação do mês, o equivalente a 0,14%. Os preços dos combustíveis subiram 3,37% em junho, após uma queda de 4,56% em maio.

Também ficaram mais caros o etanol (5,74%), gás veicular (1,01%) e óleo diesel (0,04%). Por outro lado, as passagens aéreas caíram 26,01% em junho, depois de um tombo de 27,14% em maio. O item deu o maior impacto negativo no IPCA de junho, -0,11%. O transporte por aplicativo passou de uma alta de 5,01% em maio para uma queda de 13,95% em junho, uma contribuição de -0,03% para a inflação do último mês. O metrô subiu 1,43% em junho, devido ao reajuste de 8,70% nas passagens do Rio de Janeiro (RJ) desde 11 de junho. O táxi caiu 0,35%, em decorrência do cancelamento em 22 de maio do reajuste ocorrido no Rio de Janeiro no mês de janeiro. A redução na conta de luz ajudou a conter a alta de gastos das famílias com Habitação em junho. A energia elétrica residencial recuou 0,34%. A queda foi decorrente de uma redução de 0,94% nas tarifas de Curitiba (PR), desde 24 de junho.

No dia 26 de maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que manterá a vigência da bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até o final deste ano. Os gastos do grupo Habitação subiram 0,04% em junho. O gás de botijão ficou 1,41% mais caro. O gás encanado encolheu 0,18%, em consequência da redução nas tarifas de Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). A taxa de água e esgoto aumentou 0,18%, por conta da mudança na estrutura tarifária em Brasília (DF) implementada a partir de 1º de junho. A alta do dólar está por trás do encarecimento de eletrodomésticos e equipamentos de televisão e informática nos últimos meses. Sete dos nove grupos de despesas que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registraram inflação em junho, contra apenas dois grupos com deflação. A maior alta foi de Artigos de residência (1,30%), em função do aumento dos eletrodomésticos e equipamentos (elevação de 2,92% e contribuição de 0,02% para a inflação do mês) e dos artigos de TV, som e informática (3,80% e impacto de 0,03%).

Há certa defasagem nesse repasse cambial. Num primeiro momento, os varejistas seguram esses preços, porque eles têm estoque, e só depois repassam para o consumidor. E isso ainda depende do momento da economia. Se não tem demanda, a capacidade de repasse fica menor. Há sempre efeito do câmbio para alguns produtos específicos da cesta de consumo das famílias. Os mais suscetíveis são televisão, computador pessoal, videogame, aparelhos telefônicos e eletrodomésticos, como geladeira. Esse efeito, dependendo da situação da atividade econômica, esse pode ser maior ou menor. Esse impacto foi detectado em maio e junho. Em junho, a pressão do dólar ficou mais clara em bens de consumo duráveis, como equipamentos de informática e eletrodomésticos, mas não nos alimentos. Ainda no grupo Artigos de residência, os itens de mobiliário ficaram 1,33% mais baratos, depois de já terem recuado 3,17% em maio.

No grupo Saúde e cuidados pessoais, houve alta de 0,35% em junho, puxada pelos produtos farmacêuticos, que subiram 1,44% e contribuíram com 0,05% para o IPCA do mês. Os demais avanços ocorreram nos grupos Alimentação e bebidas (0,38%), Habitação (0,04%), Transportes (0,31%), Educação (0,05%) e Comunicação (0,75%). As quedas foram em Despesas pessoais (-0,05%) e Vestuário (-0,46%). O grupo Vestuário ajudou a conter o IPCA em -0,02%. Ficaram mais baratos roupas femininas (-0,95%), roupas infantis (-0,41%) e calçados e acessórios (-0,61%), enquanto as joias e bijuterias subiram 0,54%. Quanto aos resultados regionais, 4 das 16 áreas pesquisadas apresentaram deflação em junho. A queda de preços mais acentuada ocorreu no município de São Luís (-0,35%), especialmente em função das reduções nos perfumes (-3,39%) e no tomate (-13,89%). A maior inflação foi a da região metropolitana de Curitiba (0,80%), impulsionada pela alta na gasolina (7,01%) e no etanol (10,35%).

Após os supermercados puxarem a alta das vendas do varejo em maio, o aprofundamento das perdas no setor de serviços pode estar associado a um "efeito substituição" da alimentação fora de casa, em bares e restaurantes, pela preparação da comida em casa. A forte alta nas vendas do varejo de maio (13,9% em maio ante abril, maior alta nessa comparação desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio, iniciada em 2000) foi anunciada pelo IBGE na quarta-feira (08/07), mas foi seguida de uma surpreendente queda no setor de serviços, de 0,9% em maio ante abril. As vendas do varejo cresceram impulsionadas por hipermercados. De alguma forma, eles “roubaram” receita de pessoas que consumiam alimentação fora de casa. Os trabalhadores em regime de trabalho remoto, em casa, estão deixando de fazer suas refeições na rua, o que atinge diretamente bares e restaurantes. Tem um efeito substituição entre os setores, que explica a queda e dificulta a vida do setor de serviços nesse processo de recuperação.

A alta nos combustíveis em junho depois da queda de maio explica a maior diferença no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nesses dois últimos meses. Os preços dos combustíveis subiram 3,37% em junho, após uma queda de 4,56% em maio. A maior diferença foram principalmente os combustíveis. O maior impacto sobre a inflação de junho foi da gasolina, o oposto do que vinha acontecendo nos meses anteriores, quando vinha sendo o maior impacto negativo. A gasolina ficou 3,24% mais cara em junho, item de maior pressão na inflação do mês, o equivalente a 0,14%. Em maio, a gasolina tinha ficado 4,35% mais barata, item de maior contribuição negativa para o IPCA, -0,20%. Também afetaram a inflação de junho os medicamentos e as carnes. As carnes subiram 1,19% em junho, enquanto os produtos farmacêuticos aumentaram 1,44%. A difusão do IPCA mostrou mais componentes com variação positiva de preços em junho do que em maio, mas que ainda não é possível ver pressão de demanda sobre a inflação.

Há flexibilização em muitas áreas do Brasil e recuo em outras. Também tem a retomada do isolamento social. De fato, o que se nota é que houve mais componentes com variação positiva. Mas, muitos componentes de serviços ainda mostram recuo nos preços, demonstrando que não houve ainda uma retomada desse setor de serviços. Normalmente serviços refletem muito a questão da demanda. E a alta da gasolina tem muito a ver com o reajuste concedido pela Petrobras. Os serviços passaram de deflação de 0,45% em maio para uma queda de 0,26% em junho. Os preços de bens e serviços monitorados pelo governo passaram de uma redução de 1,02% em maio para alta de 0,89% em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,30% em junho, após recuo de 0,25% em maio. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 0,36% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 2,35%. Em junho de 2019, o INPC tinha sido de 0,01%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.