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08/Jul/2020

Empresários pedem o combate ao desmatamento

Depois de um grupo de investidores estrangeiros apontar problemas na política do governo em relação à Amazônia, chegou a vez da comunidade empresarial. Um grupo de presidentes de grandes empresas nacionais e estrangeiras e entidades setoriais protocolou na segunda-feira (06/07) na Vice-Presidência da República e ao Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido por Hamilton Mourão, um comunicado em defesa da agenda do desenvolvimento sustentável e combate ao desmatamento na Amazônia. Preocupados com a repercussão negativa da imagem do Brasil no exterior, o documento traz a assinaturas de cerca de 40 companhias, grupos empresariais e entidades.

No comunicado, eles pedem a atenção e preocupação com o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o País. O grupo se coloca à disposição do governo para contribuir no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros; na inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; a minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas; e na valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais.

Além disso, eles pedem a adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; no direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e nos pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da Covid-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono. Na mensagem, que também será entregue ao Supremo Tribunal Federal, Senado Federal, Câmara dos Deputados e na Procuradoria Geral da República (PGR), os signatários dizem que é necessário fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar.

Leia a íntegra do Comunicado

Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais. Os impactos sociais e econômicos causados em escala global e de forma inédita pela pandemia da Covid-19 nos advertem que a consumação de riscos associados à quebra do equilíbrio ecossistêmico traz consequências devastadoras quando negligenciados, tal como vem ocorrendo com o risco climático apontado pelo Fórum Econômico Mundial ano após ano, desde 2012.

Cientes disso, o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável. Particularmente, esse grupo acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o País. Nesse contexto, esse grupo coloca-se à disposição do Conselho da Amazônia para contribuir com soluções que tenham foco nos seguintes eixos:

• Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;

• Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;

• Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;

• Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;

• Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;

• Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono;

• Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.

Algumas das empresas signatárias já desenvolvem soluções de negócios que partem da bioeconomia, com valor agregado e rastreabilidade dos produtos, inclusive, na Amazônia. De um lado, entendemos que é possível dar escala às boas práticas a partir de políticas consistentes de fomento à agenda ambiental, social e de governança. De outro, é necessário adotar rigorosa fiscalização de irregularidades e crimes ambientais na Amazônia e demais biomas brasileiros. Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil. Precisamos fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar. Em nosso entendimento, esse é o melhor caminho para fincarmos os alicerces do País para as próximas gerações. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos à margem da nossa própria história.

Segue a lista de empresas e entidades signatárias do comunicado ao setor empresarial brasileiro: Empresas: Agropalma, Alcoa, Amaggi, Ambev, Bayer, Bradesco, BrasilAgro, Cargill, Cosan, DSM, Ecolab, Eletrobras, ERM, Grupo Vamos, Iguá, Itaú, Jacto, JSL, Klabin, LVMH, Marfrig, Mauá Capital, Michelin, Microsoft, Movida, Natura, Rabobank, Santander, Schneider Eletric, Shell, Siemens Energy, Sitawi, Stefanini, Suzano, Ticket Log, TozziniFreire, Vale, Vedacit, WeWork

Entidades: Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

Regiões agrícolas sentem menor impacto da Covid

A crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus atingiu de maneira desigual os Estados brasileiros, embora a queda tenha sido generalizada. Nos meses de março e abril, quando o isolamento social se intensificou em várias cidades, a atividade econômica no País como um todo passou por retração de 15,29%, conforme dados do Banco Central. No mesmo período, o Amazonas registrou queda de 21,44% na atividade e o Ceará apresentou baixa de 15,89%. Por outro lado, as regiões onde o agronegócio é a base da economia têm registrado quedas menores. Entre as diferentes regiões do País, a Centro-Oeste é a que apresentou o melhor desempenho, com retração de atividade de 6,16% em março e abril. A região é a maior produtora brasileira de itens como soja e carne, dois produtos cujas vendas tiveram alta durante a pandemia, puxadas, principalmente, pela demanda chinesa. O Pará também aproveitou a forte demanda global por alimentos. A região sul do Estado cultiva soja. Segundo o Insper, essa atividade agrícola permitiu que a retração não fosse tão significativa.

Pelos dados do Banco Central, a atividade econômica do Pará recuou apenas 5,22% em abril e maio, bem abaixo dos 21,44% de retração do Amazonas. Isso ocorreu apesar de Belém também apresentar sérias dificuldades para controlar o surto de Covid-19. Os números do Banco Central dizem respeito ao Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), publicado mensalmente pela instituição. O indicador, conhecido como uma espécie de "prévia do PIB", serve mais precisamente para avaliar o ritmo da economia ao longo dos meses. Além do IBC-Br, o Banco Central divulga Índices de Atividade Regionais de 13 das 27 unidades da Federação, além de indicadores para cada região do País. Pelos dados do banco, o Estado mais pressionado na pandemia foi o Amazonas, onde o número de mortes por Covid-19 disparou, causando a paralisação de serviços não essenciais a partir de 23 de março. Em meio ao caos na área de saúde, a Zona Franca de Manaus e o setor de turismo pararam. Segundo a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), “toda vez que o Brasil vai bem, o Amazonas vai melhor ainda. E toda vez que o Brasil vai mal, o Estado vai pior ainda”. Foi o que ocorreu na pandemia.

O impacto foi mais forte porque a base da economia do Amazonas é a Zona Franca. Com a pandemia, boa parte das empresas do polo industrial fechou ou reduziu as atividades. Um exemplo é a Honda, que teve de restringir atividades porque a demanda por veículos caiu significativamente. Também chama a atenção o fato de que, com o isolamento social e a diminuição da renda, as famílias estão adiando ou mesmo cancelando a compra de bens duráveis, entre eles, veículos. Dados do Banco Central mostram que, em março, as concessões de crédito para compra de veículos caíram cerca de 8%. Em abril, o recuo foi de 50%. Estado com sérios problemas de contaminação pela Covid-19, o Ceará também está entre os mais afetados na área econômica. Os maus resultados de Amazonas e Ceará estão em grande parte ligados à falta de infraestrutura na área de saúde. Foi exatamente nesses dois Estados onde a incidência da Covid-19 foi muito forte no início. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.