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19/Jun/2020

Agronegócio deverá fazer hedge para se proteger

O agronegócio brasileiro ganhará peso na economia brasileira em 2020, menos afetado pela pandemia do novo coronavírus do que outros setores. No entanto, é preciso que os empresários do setor tomem precauções para evitar perdas em 2021. Até porque, a retração da economia mundial prevista para 2020 pode afetar os preços das commodities no ano que vem e reduzir a renda da população. Diante do elevado nível de incertezas que dificulta projeções, as empresas do agronegócio deveriam investir em instrumentos de hedge, medidas de proteção cambial. O agro tem um certo hedge natural, porque as importações de alguns produtos como fertilizantes podem ser afetados pelo dólar, mas também tem muita exportação em dólar. Então, tudo indica que o aumento do dólar favoreça. Mas, é importante que as empresas trabalhem na política de risco cambial. Porque as datas entre quando compra e quando vende são distintas, às vezes o dólar pode estar muito apreciado agora e, quando vende, estar menos apreciado. Ou o próprio preço de venda dos produtos, das commodities, pode estar menos apreciado.

O recuo do PIB global previsto para 2020 pode afetar os preços das commodities no ano que vem, enquanto a queda na renda tem potencial para prejudicar bens de maior valor, que podem ser substituídos por outros mais baratos na cesta de consumo. Não há dúvida de que a economia mundial em 2020 vai se retrair. E quando ela se retrai em 2020, os efeitos passam para 2021. Não quer dizer que em 2021 vá ter uma nova retração, mas a recessão desse ano vai ser muito relevante e levará um reflexo para 2021 sobre preços de commodities e renda. Num contexto de retração econômica, as pessoas perdem emprego e renda, o que pode comprometer o poder de consumo. De toda forma, o agronegócio tende a ser menos afetado, pois com menos recursos, menos renda, as pessoas precisam se alimentar de qualquer forma. Porém, talvez tenha que fazer decisões de migrar para produtos com custo menor.

É preciso cautela, um cuidado que o agro tem que ter neste momento, porque todo o contexto da economia mundial pode afetar os preços das commodities no mercado internacional. No mercado local também pode haver migração de consumo para produtos mais acessíveis, com possíveis substituições, por exemplo, de proteína bovina por aves e frangos, que são mais baratos. Em meio ao cenário sem precedentes, a recomendação é para que as empresas do agronegócio trabalhem com um plano estratégico de ações pós-pandemia. Em 2020, soja e suco de laranja seguem fortes, enquanto etanol começa a se recuperar do impacto provocado pela queda na cotação do petróleo e da demanda. O isolamento social estimula a demanda por produtos que permitem um tempo de armazenamento maior, como milho trigo e café, mas impacta negativamente as cadeias de perecíveis, como frutas, legumes, flores, carnes e lácteos. O algodão também foi prejudicado, com paralisação de fábricas têxteis e ganho de competitividade de fibras sintéticas devido à queda na cotação do petróleo.

Ao Brasil cabe, mais uma vez, o protagonismo de poder alimentar o mundo. Isso vai se tornar algo positivo para 2021, onde os países que precisam de alimentos brasileiros vão buscar aumentar sua relação com o Brasil. o ano de 2021 pode ser ainda mais positivo para o agro brasileiro nesse aspecto, porque o País vem se posicionando fortemente como provedor de alimentos para o mundo. Há possibilidade de aumento de medidas protecionistas, ao mesmo tempo em que reverbera a repercussão negativa sobre a condução da crise sanitária do novo coronavírus no Brasil e sobre as políticas ambientais do governo federal. Pode ter sanções, mas é preciso trabalhar para reduzir isso. Por outro lado, é difícil os países simplesmente pararem de comprar do Brasil, porque eles precisam do produto. Mas, o que pode acontecer, é um grau maior de dificuldade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.