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09/Jun/2020

Indústria: recuperação da atividade será gradual

Depois de cair ao menor nível da história em abril, em meio à crise causada pela pandemia do coronavírus na atividade nacional, a produção industrial brasileira ainda deve levar ao menos um ano para se recuperar das perdas sofridas no mês. A produção do setor, acompanhada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recuou 18,8% no quarto mês do ano ante março, na maior contração mensal da série iniciada em 2002. Embora o resultado tenha sido melhor do que o mercado esperava, foi uma queda muito intensa, até considerando que não houve obrigação de paralisar a indústria no Brasil. Ou seja, apenas com paradas por falta de peças, queda de demanda ou para não contaminar os funcionários, chegou-se a esse nível baixíssimo de produção.

O índice de base fixa da produção industrial caiu para 64,8 pontos e ficou 16,28% abaixo da mínima histórica até então, observada em junho de 2003 (77,4), e 29,93% menor do que a média para um mês de abril (92,48). A contração foi ainda mais intensa nas indústrias de transformação, que caíram a 60,3 pontos, 22,23% abaixo da mínima de 77,6 registrada na greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. O comportamento da crise deflagrada pelo coronavírus deve levar a uma recuperação muito lenta da indústria, em especial porque o choque atingiu um setor já fragilizado. Desde 2018, houve greve dos caminhoneiros, acidente em Brumadinho (MG) e agora o coronavírus.

Além disso, o cenário é de queda da demanda da Argentina por manufaturados. Um efeito líquido da crise também deve ser o de inibir investimentos no setor, que já tem dificuldades estruturais de baixa produtividade. Pelo conjunto dos problemas, a retração deve ser de 10,5% para a produção industrial em 2020 e a retomada do nível observado em 2019 só deve ocorrer na virada de 2022 para 2023. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ainda não se sabe se a crise do coronavírus é a mais intensa pela qual a indústria já passou, mas avalia que trata-se da mais complexa.

As dificuldades criadas pela pandemia somam-se aos problemas estruturais do passado, como a falta de competitividade, e aos desafios do futuro, como a necessidade de inserir o setor na nova revolução tecnológica. Neste contexto, eleva-se o risco de o Brasil perder a sua posição entre as 10 maiores economias industriais do mundo. Em 2020, talvez isso não aconteça, porque muitos países asiáticos foram muito afetados pela crise do coronavírus. Mas, há incerteza muito grande sobre a recuperação. Esses países têm condição e disposição para fazer políticas anticíclicas e ter retomada mais rápida do que o Brasil. Então, esse risco aumenta bastante em 2021.

Segundo a última divulgação do ranking da Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), considerando dados de 2018, o Brasil ocupa a nona posição no "batalhão de elite" da indústria global, mas a Indonésia, em 10º lugar, tem aumentado sua participação mundial. Para maio, preliminarmente, estima alta entre 5% e 10%, considerando os indicadores antecedentes já divulgados, como a confiança da indústria. Para 2020, a expectativa é de uma contração da indústria em torno de 8,5%, o que é compatível com a projeção de queda do PIB de 6,5% este ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.