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01/Jun/2020

Plano Safra 2020/2021 deve ter juros mais baixos

O Plano Safra 2020/2021 deverá ter o mesmo montante de recursos do Tesouro Nacional para a subvenção do crédito rural que o das duas últimas temporadas - R$ 10 bilhões. Apesar dos pedidos da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para ampliar o valor para R$ 13,5 bilhões, há forte resistência na equipe econômica devido ao aperto fiscal e à atual crise econômica no país. Nesse cenário, os esforços da ministra estão concentrados agora em garantir R$ 1,5 bilhão para o programa federal de subvenção aos prêmios do seguro rural no ano que vem e na redução dos juros do plano. Sem muita margem de manobra, o Ministério da Agricultura insiste em um corte linear de 25% nas taxas de todas as linhas. A taxa mais alta para operações de custeio, que nesta temporada 2019/2020 está em 8% no caso de grandes produtores, por exemplo, cairia para 6% caso a proposta negociada com o Ministério da Economia seja aceita. Para os médios produtores, a taxa cairia de 6% para 4,5%, e no caso do Pronaf (Agricultura Familiar), ficariam entre 2,25% e 3,45% ao ano - atualmente os juros estão entre 3% e 4,6%. Mesmo se essa redução linear for confirmada, o Plano Safra ficará aquém do que esperava o setor produtivo, que inicialmente pressionou por taxas de 3% para médios e grandes agropecuaristas.

Com uma redução menor, justificam membros da equipe que negocia os detalhes do plano, o recurso para equalização poderá ser distribuído por um número maior de operações e beneficiar mais produtores. O governo também encontra dificuldades para convencer os bancos a diminuírem seus custos de operação com crédito rural e baratear os financiamentos na ponta. Em alguns casos, os Custos Administrativos e Tributários (CAT) bancários dobraram nas últimas seis safras. Os valores são essenciais para a definição dos juros de cada linha e para o cálculo de quanto o Tesouro gastará em subvenção econômica com a equalização. Quanto mais a taxa é cortada, menos recursos e limites têm na operação, pois os bancos não estão flexibilizando o CAT. Existe uma pressão grande do setor por redução de juros. Com os limites impostos pela equipe econômica, a maior parte da subvenção continuará a ser direcionada ao Pronaf, seguindo a linha de priorizar aplicação do dinheiro na ajuda aos pequenos produtores. Médios e grandes, que ainda terão a equalização, serão mais atendidos pelos recursos obrigatórios.

Linhas de investimentos para a agricultura familiar e programas como o ABC (agricultura de baixo carbono) e o PCA (armazenagem) vão receber atenção especial em questão de juros e prazos - além da irrigação, depois dos efeitos da estiagem no Sul do país nesta temporada 2019/2020. Os recursos para custeio terão que ser fortalecidos, por conta dos efeitos do novo coronavírus, na contramão daquilo que o governo pretendia fazer antes da crise. O entendimento, no entanto, é que a necessidade atual de fluxo de caixa dos produtores deve ser resolvida com medidas emergenciais do governo para não sobrecarregar o Plano Safra. A decisão sobre os juros deve ser tomada até a próxima semana, quando será possível calcular o montante total de recursos que serão ofertados a partir de 1º de julho, quando entrará em vigor o novo Plano Safra. Mas o volume não deverá ser muito diferente dos R$ 222 bilhões disponibilizados em 2019/2020. Se os juros não atenderem totalmente os produtores, a retomada da economia em 2021 poderá privilegiar o setor.

Quem acompanha a construção do Plano Safra afirma que haverá aumento na disponibilidade de recursos dos depósitos à vista no ano que vem - que não têm equalização, mas que os bancos são obrigados a emprestar - e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), com taxas livres. A retenção de liquidez com a atual aversão ao risco das instituições financeiras tende a se transformar, dissipadas as incertezas, em apetite de empréstimo a agricultores e pecuaristas. Quando a crise amainar, os bancos vão começar a emprestar e serão seletivos. Tereza Cristina não conseguiu antecipar o anúncio do Plano Safra 2020/2021, como pretendia. O anúncio deverá ser feito no dia 15 de junho por meio de uma plataforma eletrônica e sem a tradicional presença de produtores e entidades representativas do setor no Palácio do Planalto. A data foi colocada como meta, mas poderá ser alterada se o presidente Jair Bolsonaro for participar e sua agenda exigir. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.