ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Mai/2020

Agronegócio sustenta as exportações brasileiras

Em pouco mais de três meses da crise global provocada pelo novo coronavírus, o agronegócio é o setor que apresenta os melhores resultados no Brasil, sustentando boa parte das vendas de mercadorias para outros países. De fevereiro a abril, as exportações de produtos em geral somaram US$ 52,822 bilhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Somente as vendas de soja e derivados e de carnes, dois dos principais itens da pauta brasileira, somaram US$ 16,438 bilhões no período, ou 31,12% do total. As vendas de soja e derivados e de carnes no intervalo de fevereiro a abril, quando os efeitos da Covid-19 sobre o comércio global se intensificaram, mostram um aumento de 24,13% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação, as exportações em geral de fevereiro a abril subiram apenas 0,71%.

Segundo a Universidade de São Paulo (USP), o desempenho positivo do agronegócio, mesmo neste momento de crise global, tem uma explicação simples: a primeira necessidade é comer e, para proteicos, o Brasil é fundamental. Os países da Ásia são os principais clientes do Brasil. Com uma população superior a 1,4 bilhão de pessoas, China, Hong Kong e Macau compraram de fevereiro a abril o equivalente a US$ 17,734 bilhões em mercadorias brasileiras, a maior parte do setor agrícola. De cada US$ 100,00 em vendas feitas pelo País, um terço (US$ 33,57) foi para a região. Além da forte demanda dos países asiáticos, consumidores de alimentos, o agronegócio é favorecido pelo câmbio. A pandemia do novo coronavírus e a crise política que atinge o governo de Jair Bolsonaro fizeram o dólar disparar nos últimos meses em relação ao Real. A alta acumulada em 2020 é de 39,13%. Para as companhias do agronegócio, isso significa mais Reais em caixa para cada dólar de exportação.

Este cenário faz o setor aparecer como uma espécie de "ilha de bonança" no Brasil, em meio à derrocada econômica na pandemia. Dados do relatório Focus, do Banco Central, mostram que os economistas do mercado financeiro projetam atualmente retração de 5,12% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Enquanto o PIB de serviços, fortemente afetado pelo isolamento social, deve despencar 4,07%, o PIB da agropecuária pode subir 2,48%. Segundo o Insper, é possível que a queda do PIB no Brasil seja menor por conta do PIB agrícola. O comércio global após a pandemia poderá trazer oportunidades ao Brasil. Em momentos de crise profunda, como foi a da década de 1870 nos Estados Unidos (o Pânico de 1873) ou a Grande Depressão (iniciada em 1929), o mundo tende a se fechar. É quase como um subproduto da crise o fechamento do comércio global. Ainda assim, países com grande população a ser alimentada, como a China, precisarão continuar a acessar as cadeias globais de comércio. Talvez os países venham a reprimir e impor sanções à China.

Isso seria uma oportunidade para os produtos brasileiros. Desde antes da Covid-19, Estados Unidos e China vinham protagonizando episódios de guerra comercial, na esteira de uma política mais protecionista adotada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Nas últimas semanas, Donald Trump elevou o tom das críticas contra a China e passou a culpar o país asiático pela pandemia. No Brasil, este cenário tem sido discutido pelo Banco Central, que vem pontuando que, após a pandemia, o comércio global poderá passar por mudanças, não necessariamente positivas. Mas, lembrou que o setor agrícola brasileiro se tornou uma potência ao longo dos anos. Nas demais áreas, O Brasil ficou atrás dos países que se inseriram na cadeia de comércio. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.