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20/Mai/2020

Brasil: crescimento poderá ser zero nesta década

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a recessão provocada pela pandemia de Covid-19 será o fechamento trágico da pior década em termos de crescimento da economia de que se tem registro na história econômica brasileira. Levando em conta as projeções mais atualizadas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o crescimento médio anual desta segunda década do século XXI poderá ficar em zero. A estimativa considera uma queda de 5,4% no PIB de 2020. Se confirmada, será a maior retração anual da história. Atualmente, a maior queda de que se tem registro, com 4,35%, é a de 1990, a mais antiga série estatística para o PIB disponível no País, compilada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), começa em 1901, ainda que os dados do início do século XX sejam frágeis.

Se a nova recessão que agora se inicia por causa da pandemia poderá levar 2020 a ser o pior ano da história para a economia, o desempenho da segunda década já seria um recorde negativo. Considerando a projeção anterior para 2020, de crescimento de 2,0% no PIB, os anos 2010 teriam um avanço médio anual de tímido 0,8%. A histórica recessão de 2014 a 2016 (levemente menor do que a de 1981 a 1983) foi seguida de uma recuperação historicamente lenta. Isso já garantiria à década que termina este ano um crescimento econômico abaixo dos anos 1980, que, com alta média anual de 1,6%, acabou apelidada de a "década perdida", conforme a série histórica do Ipea, e antes de saber o desempenho de 2020, a década de 1980 contém os dois anos de pior desempenho no PIB anual, 1981 (-4,25%) e 1990 (-4,35%). O fato de a década se encerrar com mais uma recessão, de tamanho ainda desconhecido, poderá levar a próxima década, que se inicia em 2021, a registrar desempenho econômico pífio também. Essa pandemia vem, num certo sentido, não só para tornar a década ainda pior, mas para dificultar a visão de futuro.

Além da questão exógena da Covid-19 e da recessão global associada a ela, a economia brasileira vive um momento muito difícil por causa de questões internas, como resposta errática das autoridades à pandemia e as crises políticas, o que deixa o País sem garantia de manutenção do arcabouço já construído na política econômica, ou seja, da continuidade da agenda de reformas. Assim, a pandemia pode passar, mas deixar a economia com nova crise fiscal e com baixa produtividade. O resultado pode ser uma retomada muito lenta, com continuidade da recessão até 2021, diferentemente do esperado para a maioria das economias do mundo, que deverão experimentar forte recuperação após a volta ao normal das atividades. A questão toda é que essa retomada está ficando muito incerta no Brasil, independentemente da economia mundial. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.