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20/Mai/2020

Investidores elevam pessimismo quanto ao Brasil

Pesquisa mensal feita em maio pelo Bank of America com investidores de América Latina mostra que aumentou o pessimismo com o Brasil nas últimas semanas e, para 56% dos entrevistados, o maior risco para o País é uma piora fiscal descontrolada em meio aos efeitos da pandemia do coronavírus. Entre os investidores, 60% esperam queda acima de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano. O BofA projeta contração de 7,7%.

Apesar da visão negativa com o Brasil, a maioria dos gestores (65%) acredita que o País vai recuperar a classificação grau de investimento, mas apenas em 2023 ou depois. Na pesquisa feita em abril, esse percentual era de 77%. No câmbio, 28% dos entrevistados veem o dólar terminando o ano acima do nível de R$ 5,90. A maioria espera que a moeda norte-americana fique acima de R$ 5,00, até R$ 5,90. Para o Ibovespa, 62% dos participantes veem o índice de ações terminando o ano acima de 80 mil pontos.

Entre os gestores, 50% avaliam que as ações podem ter desempenho bom no Brasil nos próximos seis meses, acima dos 43% da pesquisa de abril, mas abaixo da média dos levantamentos (70%). Só 26% veem o Ibovespa abaixo dos níveis atuais no final do ano. Os gestores ainda veem espaço para mais queda de juros no Brasil, com cerca de 48% prevendo a taxa básica entre 2% e 2,5% ao final do ano. Só uma minoria, menos de 5%, vê a Selic caindo abaixo de 2%.

Para a América Latina, a visão de 88% dos participantes é que a recuperação econômica da região será lenta ou mesmo nem deve ocorrer no futuro próximo. No levantamento feito em abril, esse percentual era menor, de 60%. Apenas 26% dos investidores planejam elevar a alocação em ações na região, o menor nível desde agosto de 2018. A pesquisa foi feita entre os dias 11 e 15 deste mês, com 32 investidores que administram US$ 46 bilhões em fundos de América Latina.

Segundo o Itaú Unibanco, o Brasil certamente não está conseguindo transmitir confiança aos mercados. A taxa de juros futura estava em 8%. É muito elevada. Isso decorre naturalmente um pouco das incertezas naturais da crise, mas que são agravadas pela crise política do País. A perspectiva de um entendimento precário entre os poderes Executivo e Legislativo cria incerteza em relação ao futuro do País. Essas incertezas se somam às incertezas já naturais do próprio processo da crise de saúde que o mundo está vivendo. Seria desejável uma maior coesão entre os poderes.

Em relação às divergências entre as decisões do governo e dos Estados, o banco defende a necessidade de uma orientação única para a população. É conveniente e necessária. Atrapalha a população ter orientações divergentes do que deve ser feito na crise. Todos vão terminar a crise atual mais endividados e é por isso que será muito importante que as taxas de juros do País sejam mantidas em um patamar baixo. Hoje, os juros estão em 3,0% ao ano e as taxas devem cair mais, até 2,0% ao ano.

Mas, será muito importante que elas possam ficar nesse patamar por muito tempo após a crise porque isso que permitirá a recuperação saudável da economia. Para que a taxa de juros fique nesse nível após a crise, o País terá de passar ao mercado confiança de que haverá equilíbrio fiscal e não haverá crescimento da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesse sentido, é muito importante que exista certa harmonia de gestão. O fato é que o Brasil não tem conseguido passar essa confiança aos mercados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.