08/Mai/2020
O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alcançou média de 165,5 pontos em abril, queda de 5,7 pontos (3,4%) ante março e o menor valor desde janeiro de 2019. O recuo mensal é o terceiro consecutivo e reflete, principalmente, vários impactos negativos nos mercados internacionais de alimentos decorrentes da pandemia do novo coronavírus. O resultado mensal foi pressionado em grande parte por uma queda acentuada nos preços de todos os subíndices, em especial o de açúcar e com exceção do subíndice de cereais que registrou leve baixa. O subíndice de preços dos Cereais registrou média de 164 pontos em abril, queda marginal frente ao mês anterior, mas ainda alta de quase 4 pontos (2,4%) em relação a abril de 2019. Os preços internacionais de trigo e arroz aumentaram significativamente em abril, mas uma queda acentuada nas cotações de milho, manteve o valor geral do subíndice de cereais próximo ao seu nível no mês anterior.
Os preços do trigo tiveram uma média 2,5% maior em relação ao mês anterior, refletindo a forte demanda internacional em meio a relatórios de um rápido cumprimento da cota de exportação da Rússia, que foi implementada no fim de março e não deve ser ajustada até o fim da atual temporada comercial em 30 de junho. Na mesma linha, os preços mundiais do arroz aumentaram 7,2%, em virtude da imposição de restrições temporárias à exportação e gargalos logísticos em alguns fornecedores, embora os aumentos tenham sido limitados pelo abrandamento e eventual revogação dos limites de exportação, nomeadamente no Vietnã, no fim do mês. Em compensação, os preços internacionais do milho caíram pelo terceiro mês consecutivo, diminuindo o valor geral do índice de grãos duros em 10% em relação ao mês anterior.
A queda brusca no preço do cereal é atribuída à ampla oferta de exportação, em virtude da colheita da safra de verão na América do Sul, em meio ao enfraquecimento na demanda pelo cereal para alimentação animal e produção de etanol. O subíndice de preços dos Óleos Vegetais registrou média de 131,8 pontos em abril, queda de 7,2 pontos (5,2%) em comparação com março, atingindo o menor nível desde agosto de 2019. A terceira queda mensal consecutiva no subíndice reflete principalmente a desvalorização dos óleos de palma, soja e canola, enquanto o óleo de girassol se fortaleceu. O declínio contínuo nos preços do óleo de palma foi impulsionado pela queda nas cotações internacionais do petróleo e pela lenta demanda global pelo produto nos setores de alimentos e energia, por causa da pandemia de Covid-19. O enfraquecimento da demanda também pressionou os preços dos óleos de soja e canola. As cotações do óleo de soja também foram afetadas por esmagamentos acima do previsto nos Estados Unidos.
No caso do óleo de girassol, as cotações internacionais se girassol se recuperaram em abril, sustentadas pela firme demanda de importação em meio a preocupações com o aperto da oferta de exportação. O subíndice de preços das Carnes apresentou média de 168,8 pontos em abril, o que indica queda de 4,7 pontos (2,7%) em relação a março, marcando o quarto declínio mensal consecutivo. No mês de abril, as cotações internacionais para todos os tipos de carne caíram, uma vez que a recuperação parcial da demanda de importação, principalmente na China, foi insuficiente para compensar a queda nas importações de outros países, causada pela dificuldade econômica relacionada à Covid-19 e por gargalos logísticos, e a queda acentuada na demanda do setor de serviços de alimentação devido às restrições de circulação de pessoas.
Não obstante os níveis reduzidos de processamento de carne, à medida que a escassez de mão-de-obra aumentava, as vendas decadentes de restaurantes levaram ao aumento do estoque e nas disponibilidades de exportação, o que também pesou sobre as cotações das carnes. O subíndice de preços de Laticínios, por sua vez, registrou média de 196,2 pontos em abril, queda de 7,3 pontos (3,6%) em relação ao registrado em março. É a segunda baixa mensal consecutiva. Nesse nível, o subíndice está 18,8 pontos (8,8%) abaixo do mês correspondente do ano passado. Em abril, as cotações internacionais de manteiga, leite em pó desnatado e leite em pó integral caíram mais de 10%, pressionados pelo aumento das disponibilidades de exportação e alta dos estoques em meio ao enfraquecimento na demanda de importação. Com a produção de leite no Hemisfério Norte normalmente subindo nessa época do ano, a queda nas vendas de restaurantes e a menor demanda pelos fabricantes de alimentos também pesaram nos preços.
Em contrapartida, de acordo com a organização, as cotações do queijo se recuperaram moderadamente em virtude da oferta limitada na Oceania, onde a produção está caindo sazonalmente. O subíndice de preços do Açúcar ficou, em média, em 144 pontos em abril, queda de 24,7 pontos (14,6%) em relação a março, marcando a segunda queda mensal consecutiva. Essa queda mais recente ocorreu principalmente por causa do colapso dos preços internacionais do petróleo. A queda nos preços do diesel pode resultar em maior volume de cana destinado pelas usinas à produção de açúcar em detrimento da produção de etanol, aumentando assim a oferta disponível de açúcar para exportação. Além disso, uma contração na demanda de açúcar decorrente das medidas de confinamento impostas em vários países para conter a Covid-19 gerou uma pressão descendente adicional sobre os preços mundiais do açúcar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.