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30/Abr/2020

Recuperação Judicial pode afetar oferta de crédito

Os presidentes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, e da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, divergiram sobre o efeito na oferta de crédito da recuperação judicial por parte de produtores rurais. Para Nassar, preocupa a indústria eventual decisão do agricultor de recorrer à recuperação judicial. É um motivo de preocupação muito grande, não só de produtores, mas também de revendas e cerealistas, segundo ele. Já Pereira rebateu dizendo que, para o produtor, se trata de uma ferramenta quando não consegue outro sistema de alongamento da sua dívida. Antes mesmo da Covid-19, entre janeiro e fevereiro, havia, segundo a Abiove, 10 pedidos de recuperação judicial.

Aliada a incertezas sobre como será a saída do isolamento social para conter o coronavírus e a negociação comercial entre Estados Unidos e China, essa situação pode ter efeito na compra antecipada da produção, conforme a entidade. Haveria uma tendência de as empresas serem mais conservadoras no financiamento da safra por meio de compra antecipada. Se começarmos a ter, por causa da Covid-19, problemas de default, de empresas e produtores pedindo recuperação judicial, se isso crescer além do normal, vai inibir bastante as empresas, disse Nassar. Já Pereira destacou que a recuperação judicial é um instrumento utilizado também pela indústria. O comprador já usa isso há bastante tempo, e tem casos absurdos de recuperação judicial que estão deixando produtores à deriva, segundo ele.

Segundo a Aprosoja, o setor como um todo precisa ter segurança para dar tranquilidade ao negócio, uma vez que o risco da produção, especialmente climático, fica concentrado no produtor. Pereira defendeu que os riscos sejam divididos na cadeia ou que se busque a mitigação deles. O crédito é uma ferramenta que tem que ser discutida com conhecimento de todas as causas, não somente para quem está oferecendo crédito ou quem está sendo tomador, segundo ele. Ainda sobre crédito, Pereira destacou que os juros estão elevados para financiamento da produção agrícola, mas pondera que a Lei do Agronegócio traz alternativas. O CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) vai trazer uma forma menos burocrática de investimentos. As empresas podem fazer uma CPR (Cédula de Produto Rural) e, caso o produtor não tenha como pagar, vai poder dar sua terra para vender. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.