29/Abr/2020
De acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (28/04) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil deve exportar um total de US$ 180 bilhões este ano. Se confirmar esse resultado, o País apresentaria queda de até 20%, resultado dos impactos da pandemia de Covid-19 sobre a balança comercial brasileira no período entre 2020 e 2021. As projeções apontam retração da atividade de comércio exterior do País, já este ano, em resposta ao agravamento da crise financeira global. Para as importações, a previsão é de retração de 20%, recuando ao patamar de US$ 140 bilhões. Os fatores apontados como causadores da retração envolvem principalmente o mercado de commodities. Em especial, o setor de petróleo, que deverá impactar na balança comercial brasileira de forma expressiva nas vendas externas.
A pandemia de Covid-19 trouxe a maior crise a atingir a economia mundial desde a Grande Depressão de 1930. As características da doença fizeram com que a única forma efetiva de conseguir alguma redução da velocidade de disseminação fosse o distanciamento social e, eventualmente, quarentenas e lockdowns. Isso trouxe, como consequência, redução da oferta de mão de obra, rupturas de cadeias globais de valor e uma crise sem precedentes no comércio e na logística internacionais. Em seguida, os mercados financeiros e de commodities foram duramente atingidos, alterando profundamente os fundamentos da economia mundial. Como resultado, já se observa uma queda abrupta da produção, do emprego e da renda em quase todos os países. Isso tudo aponta para uma redução sem precedentes no comércio mundial.
O levantamento se baseou em três cenários projetados a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC prevê dois cenários: um pessimista, com redução em cerca de 30% nas exportações e importações mundiais para o período analisado, e outro otimista moderado, com redução de 19%. O FMI aponta queda de 20% nos fluxos de importações e exportações no cenário global até 2021. Isso poderá ter efeitos muito negativos sobre as exportações brasileiras de bens manufaturados e, por tabela, na própria capacidade de recuperação da indústria do país. A tendência poderá continuar a provocar impactos na atividade de comércio exterior, com possíveis comprometimentos para o cenário de retomada do crescimento da atividade comercial no cenário global. Apesar das dificuldades, o país deverá preservar um superávit em 2020. Mas, o cenário de eventual recuperação deverá ficar para 2021.