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15/Abr/2020

FMI: PIB mundial deve sofrer forte recuo em 2020

O Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu documento Perspectiva Econômica Mundial, avalia que o coronavírus levará a economia global à pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 1930 o que provocará uma retração de 3,0% neste ano, uma estimativa bem diferente da alta de 3,3% realizada em janeiro. Para 2021, o PIB mundial deve apresentar uma recuperação e subirá 5,8%, acima dos 3,4% projetados anteriormente. A recuperação da economia global deverá ocorrer a partir do segundo semestre, com o enfraquecimento da pandemia, o que permitirá gradual revogação de medidas para contê-la, como flexibilização do isolamento social em países. Contudo, há muitas incertezas sobre a dinâmica da retomada, como as relativas a descobertas de vacinas e remédios para combater a enfermidade, a magnitude da ruptura das cadeias internacionais de produção, queda de produtividade, aperto das condições financeiras mundiais e mudanças de padrões de consumo. A retração da economia de países por causa da Covid-19 deve ocorrer com mais vigor no segundo trimestre, com exceção da China, que foi registrada entre janeiro e março.

A atual crise não tem paralelo com outras por várias razões, entre elas o fato de que países precisaram fechar suas economias com o isolamento social, o que provocou imediata retração do nível de atividade com impactos bem maiores do que os registrados na recessão de 2008. Em segundo lugar, como em guerra ou crise política, há uma grave e continua dúvida sobre a duração e intensidade do choque. As economias avançadas deverão registrar uma retração de 6,1% neste ano, que deve apresentar uma retomada de 4,5% em 2021. Os países emergentes deverão exibir um melhor desempenho no período, pois devem ter uma queda de 1% em 2020, mas se fosse excluída a China, a retração seria de 2,2%. Para 2021, este grupo de nações deve registrar um avanço de 6,6%. Os Estados Unidos deverão ter uma queda do PIB de 5,9% em 2020, ao invés de uma alta de 2,0% prevista no início do ano, enquanto que para 2021 ocorrerá uma elevação de 4,7%, bem acima da projeção anterior de 1,7%.

A zona do euro deve ter uma retração ainda maior neste ano, de 7,5%, número bem diferente da estimativa de alta de 1,3% divulgada em janeiro. Para 2021, também deve ocorrer uma elevação de 4,7%, número bem superior à previsão de 1,4%. A Alemanha deve ter uma contração da economia de 7,0% em 2020, mas o PIB avançará 5,2% no próximo ano. No Japão, o PIB deve cair 5,2% em 2020, ante uma projeção anterior de alta de 0,7%. Em 2021, o país deve registrar uma elevação de 3,0%, bem acima da estimativa de avanço de 0,5%. A China será um dos poucos países que deverá crescer neste ano, pois deve apresentar uma expansão do PIB de 1,2%, o que representa uma redução expressiva ante a previsão anterior de incremento de 6,0%. Para 2021, a projeção é de uma alta de 9,2%, superior à estimativa de 5,8% realizada no começo de 2020. A forte retração mundial em 2020 será influenciada em boa medida por uma queda de 11,0% do comércio internacional em volumes, uma projeção diferente da alta de 2,9% realizada em janeiro.

No próximo ano, deve ocorrer uma expansão de 8,4% deste indicador de transações de mercadorias e serviços em termos internacionais, maior que o avanço de 3,7% previsto anteriormente. O FMI alerta que são maiores as chances de ocorrer uma deterioração deste quadro do que de acontecer impactos menores do que os esperados à atividade global. A pandemia pode provar ser mais persistente do que o assumido pelo seu cenário-base de recuperação da atividade global prevista para ocorrer a partir do segundo semestre deste ano. Os efeitos para a atividade econômica e mercados financeiros podem ser mais fortes e durar mais, testando os limites de bancos centrais para apoiar o sistema financeiro e elevando o peso fiscal do choque. Contudo, pode ocorrer uma antecipação da retomada da demanda agregada global caso seja descoberta uma vacina para a Covid-19 antes do estimado pela comunidade científica internacional. Mas, o FMI é reticente em adotar uma postura otimista para um quadro mais rápido de contenção da doença.

Fortes esforços para desacelerar a disseminação do vírus poderão ser mantidos além da primeira metade do ano se a pandemia for mais resistente do que o previsto. Pode ocorrer uma nova onda de contaminação da Covid-19 em termos internacionais depois que forem relaxadas as medidas de distanciamento social em vários países, com a volta do fluxo de livre circulação de pessoas. Além disso, lugares que foram bem sucedidos para reduzir a disseminação comunitária poderão ficar vulneráveis a renovadas infecções de casos importados. Outros fatores podem levar a recuperação da economia mundial a ser mais fraca do que o estimado depois que a disseminação do coronavírus for contida em termos globais. Entre os riscos estão as contínuas incertezas com a eventual volta do contágio e queda de índices de confiança de empresários e consumidores a ponto de tornar mais cautelosos os investimentos e compras das famílias. Também podem ser mais prolongados os impactos econômicos de falências de empresas, com consequências também para a geração de empregos.

As dúvidas sobre o ritmo da recuperação da economia global podem gerar episódios de vendas maciças de ativos em mercados financeiros. O aperto das condições de concessão de crédito em termos gerais pode também prolongar o ciclo de retração econômica em vários países. O FMI desenvolveu três cenários alternativos para os desdobramentos globais da pandemia. Um deles assume maior duração da doença em termos mundiais e medidas de contenção mantidas por um período 50% maior que o previsto. Um segundo cenário considera um novo surto mais moderado da doença em 2021 e um terceiro contempla as duas avaliações anteriores. Neste contexto, as consequências para a economia mundial poderão variar de um resultado para o PIB global 3% abaixo do cenário básico para 2020 a 8% a menos em relação às previsões de crescimento mundial para 2021. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.