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07/Abr/2020

Agronegócio: setores mais impactados atualmente

O Ministério da Agricultura está monitorando a produção agrícola nacional e as necessidades de cada cultura durante a pandemia do coronavírus, segundo a ministra Tereza Cristina. A ministra também comentou sobre dificuldades enfrentadas no setor de floricultura, produção de ovos de codorna e cafeicultura. “Cada setor necessita de uma atenção diferenciada. Estamos olhando todos e atendendo na medida do possível”, acrescentou Tereza Cristina.

CARNES

O impacto da crise generalizada causada pela pandemia do coronavírus também é sentido pela indústria da carne. Na última semana, as vendas no atacado e no varejo da carne de boi registraram queda, principalmente nos chamados “cortes nobres”. Por causa da redução no consumo de carne, 3 plantas frigoríficas de Mato Grosso do Sul entraram em férias coletivas na semana passada. No total, já são 11 plantas frigoríficas paralisadas em todo o País. No período de 30 de março a 3 de abril, houve desvalorização do preço da arroba do boi ao produtor em 1,3%. O cenário reflete o fechamento de locais como restaurantes, bares e hotéis, dado que o consumo atual tem dependido, majoritariamente, do que é comprado pelo cliente doméstico.

O alto preço do milho e do farelo de soja tem preocupado produtores pecuaristas, avicultores e suinocultores. Em 2020, o milho já acumula valorização de 18,3% no mercado interno brasileiro. Se a tendência de alta dos insumos para alimentação animal for mantida, os produtores de carnes podem sofrer com margens negativas e perda de competitividade. Para os segmentos de avicultura de corte e suinocultura, os produtos congelados continuam com alta demanda e percebe-se uma pequena recuperação do mercado de resfriados, mas que ainda não foi suficiente para elevar o preço do frango vivo pago ao produtor independente.

O produtor independente e os pequenos frigoríficos de aves ainda sentem o reflexo da queda de consumo no food service, que resultou na desvalorização do frango vivo acumulada em 10% nos últimos sete dias. Os produtores independentes de suínos estão buscando novas formas de organização coletiva para comercializar a produção, já que as integradoras diminuíram as compras de animais desses produtores em 70%, dando preferência aos produtores integrados. O preço pago pelo suíno vivo a esses produtores caiu em todas as regiões nos últimos sete duas, variando de -5,2% em Mato Grosso a -15,4% em Minas Gerais.

SUCROENERGÉTICO

No momento, o setor que mais preocupa o Ministério da Agricultura é o sucroenergético, porque é um período muito difícil para o setor, com início da colheita da cana. Em uma videoconferência no final de semana, a ministra foi questionada pelo diretor-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi, sobre possíveis medidas do governo para o setor. “Estamos monitorando o setor sucroalcooleiro e se necessário adotaremos medidas urgentes para resguardar empregos e economia do setor”, respondeu Tereza Cristina.

HORTÍCOLAS E FRUTAS

Com as centrais de abastecimento em pleno funcionamento, alguns Estados e municípios retomaram as feiras livres. Após duas semanas com forte alteração na demanda e alta volatilidade no preço das frutas e hortaliças, o cenário aponta para uma estabilização com movimentos sazonais decorrentes de safra e entressafra de produção. Na exportação de frutas, produtores enfrentam dificuldade no despacho aduaneiro em razão da necessidade de envio de documentos originais por via aérea.

FLORICULTURA

Outra área que tem sentido o impacto é o mercado de flores e plantas ornamentais, que teve redução drástica. Para as flores, a proibição de eventos e o fechamento de floriculturas foram são as principais causas. Alguns segmentos sentem redução de até 90% do faturamento semanal.

LÁCTEOS

Grandes indústrias mantêm a captação de leite e dão preferência para a produção de leite UHT (longa vida) e leite em pó, já que houve redução do consumo de outros processados como queijos. A publicação do Ofício Circular nº 28/2020 do Ministério da Agricultura permitiu a comercialização de leite de pequenos laticínios com inspeção municipal e estadual para indústrias com inspeção federal, criando uma alternativa para pequenos produtores escoarem a produção.

GRÃOS

A produção e comercialização de soja e milho seguem dentro da normalidade, após preocupações com as condições logísticas. No setor de grãos, as medidas de socorro financeiro para os produtores do Rio Grande do Sul estão sendo finalizadas e devem ser anunciadas em breve. A resposta será dada nos próximos dias. A medida aguarda o último aval do Ministério da Economia. Os produtores gaúchos aguardam ajuda federal em virtude da quebra da atual safra de soja por adversidades climáticas.

DERIVADOS DE TRIGO

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) pediu ao governo federal a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre o trigo importado de fora do Mercosul até o fim deste ano. Essa é uma sugestão para baratear o custo do trigo importado e, assim, evitar o repasse integral da alta da matéria-prima para o preço dos derivados, segundo a Abitrigo. O preço do trigo subiu mais de 30% desde o início deste ano com a desvalorização do Real ante o dólar. O pedido foi encaminhado ao Ministério da Agricultura, ao Ministério da Economia e à Câmara de Comércio Exterior (Camex) e está em análise pelas três pastas.

Segundo a Abitrigo, a medida é necessária neste momento em virtude do atual patamar do dólar e da falta de disponibilidade de cereal argentino. Atualmente, o Brasil importa 60% - entre 5 milhões a 6 milhões de toneladas - do trigo necessário para moagem nacional. Deste volume, 85% provém da Argentina - sobre o qual não incide a TEC, de 10%. No ano passado, o Ministério da Agricultura liberou à indústria moageira uma cota anual de 750 mil toneladas de importação do cereal de países de fora do Mercosul com isenção da taxa. Segundo a Abitrigo, a cota não é suficiente para o atual momento.

Serão necessários mais 2 milhões de toneladas do cereal até o fim deste ano. Em decorrência da entressafra nacional, a importação deve se acentuar nos meses de abril, maio e junho - período em que o consumo de pães, massas e bolos tende a aumentar. A cota entrou em vigor em novembro de 2019 e vale para importações feitas até 31 de maio. Outro pedido enviado pela indústria ao governo federal é o da flexibilização quanto às regras fitossanitárias para importação do cereal da Rússia - maior exportador mundial de trigo. A entidade disse que considera que a medida poderia ampliar a gama de fornecedores aptos a comercializar para o Brasil.

Fontes: CNA e Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.