07/Abr/2020
Segundo a Climatempo, pressionada pelo baixo nível dos reservatórios, a Região Sul ainda deve sofrer com chuvas abaixo da média para o mês de abril. A explicação é o registro de temperaturas não muito favoráveis nas águas no sudoeste do Oceano Atlântico, dificultando a chegada das frentes frias na região. As chuvas na Região Sul devem ficar abaixo da média em abril, mas com uma tendência de recuperação. O ponto de inflexão deve ser observado a partir de maio. Diferentemente do Centro-Sul do País, cuja qualidade de chuva é influenciada pelos corredores de umidade, as precipitações na Região Sul são determinadas pelas frentes frias. Acontece que, neste momento, as análises meteorológicas indicam o registro de temperaturas mais frias nas águas do Atlântico Sudoeste. Com as águas mais frias, o gradiente de temperatura fica menor e as frentes frias têm menos energia para avançar. A frente fria vai procurar as águas mais quentes, com as chuvas indo para o meio do oceano.
Apesar do cenário ainda não ser favorável, o volume de chuvas na Região Sul em abril será superior ao verificado no primeiro trimestre de 2020, que foi caracterizado por uma forte estiagem. O cenário está em linha com a previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para as afluências (volume de água que chega nos reservatórios) na Região Sul em abril, que deve fechar o mês em 19% da média histórica. O mês de abril marca o fim do período úmido no Centro-Sul, que vai de outubro a março, e o início do período seco. Nesta época do ano, são as frentes frias que determinam a qualidade das chuvas na região, que concentra as principais bacias hidrográficas do setor elétrico brasileiro. Do verão para o outono, as médias de chuvas diminuem drasticamente nesta Região, mas a expectativa é de que um abril com as bacias mais importantes com chuvas dentro média ou até acima da média na Região Sudeste. Essa condição favorável de chuvas em relação à média histórica deve ser observada, por exemplo, nas bacias do Rio Grande e do Rio Paranaíba e na região do Vale do Rio Doce.
Por sua vez, ainda não há nenhuma previsão de melhora significativa na bacia do Rio Paranapanema, que, assim como a Região Sul, vem sofrendo com a forte estiagem. Não por acaso, a bacia fica na divisa entre São Paulo e o Paraná, com as usinas operando entre 27% e 48% da capacidade de armazenamento. A previsão para as Regiões Norte e Nordeste ainda é de chuvas consistentes. A Região Nordeste teve um verão muito positivo em termos de precipitações, por conta da formação do chamado vórtice ciclônico de altos níveis (VCAN), fenômeno no qual os ventos nos níveis mais elevados da atmosfera giram no sentido horário e pressionam o ar seco para baixo. Esse sistema desfavorece as chuvas próximas ao seu centro e favorece nas suas bordas. Houve a formação de muitos destes sistemas em cima do Rio São Francisco no verão. De fato, os dados do ONS mostram que o cenário hidrológico foi extremamente positivo nos meses de fevereiro e março deste ano, com afluências de 97% e 102% da média histórica, respectivamente. Para a abril, a previsão é de 107%.
Em abril, ainda haverá a configuração de ventos de altos níveis ajudando, embora não sejam os VCAN. Em termos de afluência, vai ser muito positivo porque a Bacia do São Francisco funciona como uma esponja. Se o período de chuvas é bom, como foi, ela demora cair em termos de afluência. Se por um lado favorece as precipitações, a formação dos ventos em altos níveis afeta negativamente a produção de energia das usinas eólicas na Região Nordeste. Isso porque esses sistemas acabam perturbando a qualidade dos ventos nos níveis mais baixos. Os ventos não são constantes e são desorganizados, para várias direções, o que não favorece a produção de energia eólica. Na Região Norte, que está em pleno período úmido, a tendência é de chuvas consistentes em abril, mas com uma perspectiva de redução a partir de maio. Isso porque as precipitações começam a migrar para o norte da região, pegando as bacias onde estão Belo Monte (PA) e Tucuruí (PA). Vai começando a secar o Madeira e Teles Pires.
Apesar da migração das precipitações, a projeção é de chuvas abaixo da média, em maio, para as áreas das hidrelétricas Belo Monte e Tucuruí. Diferentemente do que ocorreu com o verão, as informações climatológicas apontam que o outono de 2020 deve registrar temperaturas mais baixas, em linha com o padrão verificado para esta época do ano. O verão deste ano foi mais frio do que dos últimos anos por conta dos corredores de umidade. Na Região Sul, que não foi contemplado por esses corredores, a temperatura foi mais alta. As temperaturas mais amenas no período se refletiram em um menor consumo de energia elétrica na comparação com 2019. A partir deste mês, as previsões já indicam um clima muito mais frio, inclusive na Região Sul. Está prevista a chegada ainda este mês de frente fria que irá provocar geada na Serra Gaúcha e irá derrubar a temperatura em Porto Alegre (RS) para 10° Celsius. Em maio, está prevista a primeira onda de frio forte no País. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.