27/Mar/2020
Na visão de alguns economistas, o governo está completamente desorganizado no enfrentamento da crise desencadeada pela pandemia de coronavírus e, se não mudar a postura, pode provocar uma recessão no País muito mais profunda do que o "vírus justificaria" e com uma retomada mais lenta do que em outros países. Há uma chance razoável de que haja um problema social muito grande, com aumento da pobreza e da desigualdade social. A percepção é de que há falta de comando no governo federal, o atraso em anunciar medidas para dar suporte à economia, além da confusão dentro do governo e com os Estados sobre a forma de enfrentar a crise deve custar ao PIB do Brasil. A falta de comando acaba aumentando o prêmio de risco. A desorganização do governo aumenta o risco de que as medidas fiscais não sejam permanentes.
O período é de grave crise, toda a capacidade que o governo tem para suportar os trabalhadores que estão deslocados deve ser utilizada, mas tudo tem que ser feito dentro de um Orçamento, ainda que paralelo. Os bancos públicos deveriam atuar, mas é preciso ter um bom planejamento, que não privilegie só algumas empresas, com taxas muito subsidiadas ou por um período ilimitado. Diante de "uma situação de guerra", o governo deveria criar um comitê gestor da crise, com a participação de governadores e de autoridades do Legislativo, e anunciar um pacote robusto de medidas, diferente do que está fazendo em que as ações têm sido "picadas". Existe a necessidade de a sociedade entender o tamanho, as empresas entenderem o que elas podem utilizar e os trabalhadores saberem que suporte eles terão. Há muitas notícias, mas, de concreto, são poucas medidas. O setor de serviços e mesmo a indústria não têm caixa para esperar três meses para saber o que pode ser feito. A desorganização política e a falta de urgência do governo são anteriores à crise do coronavírus, mas a dificuldade atual escancarou mais essa situação e aumentou a confusão.
O governo deveria conversar com o Congresso e acordar a aprovação de gastos temporários, mas também tentar passar medidas de médio prazo, como reformas administrativas, para dar a indicação de que o aumento da despesa hoje vai ser compensada lá na frente. Também há preocupação com informações relevantes que estão chegando por outros atores que não o governo, como a informação dada pelo empresário Abilio Diniz de que o Ministério da Economia vai injetar R$ 600 bilhões, mas este anúncio não foi feito pelo ministro Paulo Guedes, mas por um empresário que teve um telefonema com o mesmo. Isso atrapalha muito e gera dúvidas sobre de onde vem estes recursos e para que programas serão usados. Quando houver um anúncio oficial, que pode ser menor, vai causar frustração. Ou pode ser isso mesmo, mas aí alguém teve informação privilegiada. Está faltando equipe e um comandante para a crise. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.