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20/Mar/2020

Crise diplomática: setores pedem desculpas à China

Após a crise criada pela série de críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à China, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou uma nota para citar a parceria entre os países e repudiar indiretamente a atitude do parlamentar. A China é a maior parceira comercial do agronegócio brasileiro. A nota afirma que a Frente Parlamentar da Agropecuária, composta por quase 300 parlamentares do Congresso Nacional, deseja manter no mais alto nível as relações bilaterais entre Brasil e China, lembrando que declarações isoladas não representam o sentimento da nação ou de qualquer setor. No dia 18 de março, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, exigiu retratação de Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados republicou, no Twitter, mensagem em que um seguidor culpa o Partido Comunista Chinês pela pandemia de coronavírus.

O deputado seguiu e comparou a situação ao desastre nuclear de Chernobyl (na antiga União Soviética). Afirmou que o governo de Xi Jinping, chamado por ele de "ditadura", escondeu a epidemia. Wanming disse que o deputado feriu a relação amistosa com o Brasil e precisa assumir todas as suas consequências. O presidente da bancada ruralista, Alceu Moreira (MDB-RS), lembrou ainda que a China é parceira de longos anos do Brasil. Com quem o País tem excelente relação comercial e de amizade. A Frente Parlamentar Brasil-China e o PSL também repudiaram a declaração de Eduardo Bolsonaro. O episódio abriu uma crise diplomática entre os países, com a inédita reação de diplomatas chineses. A frente parlamentar afirmou que Eduardo Bolsonaro agiu irresponsavelmente ao tentar imputar à China a culpa pelo surgimento do novo coronavírus. Ainda, que não cabe a um parlamentar alimentar teorias conspiratórias e, por conseguinte, colocar em risco mais de 45 anos de amizade e parceria entre duas grandes nações que sempre se respeitaram.

A China não apenas vem combatendo bravamente a propagação do vírus no seu território, como tem colaborado, com vários países, inclusive o Brasil, com o envio de materiais, informações e pesquisas. Foi cobrado que o governo brasileiro apure ameaças ao embaixador da China em Brasília, Yang Wanming. O diplomata relatou ter sofrido ameaças nas redes sociais. Tal imprudência, além de ser um atentado às relações diplomáticas, ainda contribuíram para que o embaixador da China no Brasil se tornasse alvos de ameaças em relação à sua segurança pessoal. Os deputados da frente exigem que o governo apure tais manifestações e assegure a integridade física do embaixador e da sua família. É inaceitável que uma relação de parceria e amizade sofra um revés dessa magnitude por conta de uma atitude inconsequente e irresponsável de um parlamentar (filho do presidente da República). O PSL ressaltou que a China tem colaborado com o Brasil e pediu desculpas ao Partido Comunista Chinês, ao governo e ao povo.

A Lide China (grupo de líderes empresariais criada em 2013 para fomentar parcerias sino-brasileiras) repudiou as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro. Em carta às principais autoridades chineses no Brasil (consulados e Embaixada), a entidade afirmou que a declaração foi xenófoba, infundada e criminosa. A Lide afirmou que, em virtude do impacto do coronavírus no mundo, o que é necessário agora é de união e, principalmente, solidariedade ao povo chinês, que está mostrando ao mundo de forma exemplar seu esforço para vencer a doença. Em seu papel de plataforma de negócios sino-brasileira, a Lide afirmou que não admite o ataque incabível que denigre a honra e a imagem da China. A carta foi enviada aos cônsules de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, além da Embaixada em Brasília. A Lide China tem atuação focada nos principais líderes e autoridades governamentais com influência direta no Produto Interno Brasileiro (PIB) do Brasil e da China para o desenvolvimento de parcerias e fortalecimento do elo entre os dois países.

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, publicou em sua conta no Twitter uma nota assinada por ele na qual aponta que a posição do deputado Eduardo Bolsonaro não reflete a do governo. Mas, para o chanceler brasileiro, a reação de Yang foi desproporcional e feriu a boa prática diplomática, de forma que o governo brasileiro espera agora uma retratação por parte do embaixador da China. Apesar de ter ressalvado que o deputado não ofendeu o chefe de Estado chinês, Araújo disse também que as críticas do filho do presidente Jair Bolsonaro à China não refletem a posição do governo brasileiro. O episódio fez com que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pedisse desculpas ao embaixador e à China pelas palavras irrefletidas do deputado Eduardo Bolsonaro. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, informou que irá avaliar qual era a situação criada a partir da postagem do deputado Eduardo Bolsonaro com críticas à China. Questionada se ela iria tomar alguma atitude em relação ao caso que foi criado, ela ressaltou que seu papel é de ministra da Agricultura. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.