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20/Mar/2020

Terra Santa: reduzir dívida para impulsionar lucro

Após ter registrado prejuízo líquido de R$ 134,719 milhões em 2019, decorrente, entre outros fatores, do aumento dos custos de produção das culturas do algodão e do milho, a Terra Santa vai se concentrar na redução de dívidas mirando melhores condições de financiamento de suas operações, ampliação da área plantada e incremento do lucro. Com a desalavancagem será possível conseguir crédito com juros menores, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior, expansão da área plantada e maior geração de caixa. A Terra Santa conseguiu em 2019 reduzir sua dívida líquida ajustada para R$ 1,154 bilhão, ante R$ 1,203 bilhão em 2018.

Ainda assim, o valor é expressivo comparado ao Ebitda ajustado da empresa no mesmo ano, de R$ 115,918 milhões. Pelos números atuais, a dívida equivale a 9,9 vezes o Ebitda ajustado. Se comparada ao Ebitda ajustado da safra 2018/2019, de R$ 146,430 milhões, a relação entre a dívida e o Ebitda ajustado é de 7,8 vezes. O objetivo da empresa é chegar a um nível de alavancagem que corresponda a 2 e 3 vezes o Ebitda ajustado da companhia. Isso deve levar mais de dois anos. Se houver oportunidade de vender parte de uma propriedade, por exemplo, a redução da dívida poderia ocorrer mais rapidamente. Hoje, a prioridade é reduzir o endividamento e aumentar a geração de caixa.

A maior parcela do endividamento da Terra Santa hoje é com clientes que antecipam insumos agrícolas (sementes, defensivos, fertilizantes) para a safra, como tradings. Com eles, a dívida em 31 de dezembro era de R$ 195,6 milhões, ante R$ 146,7 milhões ao fim de 2018. Em seguida aparecem fabricantes de insumos, com quem a empresa tem atualmente dívida de R$ 154,6 milhões, inferior aos R$ 175,6 milhões de um ano atrás. Com a gradual redução do endividamento, o acesso a novas linhas de crédito que permitam comprar os insumos à vista deve ser facilitado. A empresa afirma que havendo crédito, será possível pagar os insumos à vista e vender soja ou algodão sem precisar de antecipação dos insumos.

Isso vai trazer um ganho no Ebitda, porque a empresa deixará de pagar juros (referentes à compra prévia dos produtos necessários para o plantio). Alguns clientes e empresas cobram hoje juros de cerca de 10% ao ano. Haverá mais flexibilidade para escolher de quem a empresa deseja comprar e acessar clientes que antes não seria possível. Algumas empresas de insumos têm taxa menor, de 5% ao ano. O alto nível de endividamento da companhia remonta à sua origem. Primeiramente, com a condição de insolvência da empresa Maeda Agroindustrial, que se fundiu com a Brasil Ecodiesel em 2010. Depois, pelos projetos de longa duração da companhia, já sob o nome Vanguarda Agro.

A empresa já nasceu como uma empresa muito alavancada e com ritmo de crescimento acelerado em áreas que não geravam caixa. Quando a gestora Gávea Investimentos entrou na empresa (em 2012, adquiriu percentual do capital social), teve início uma rota de desinvestimentos e houve a saída de projetos da Bahia e de alguns em Mato Grosso. Em 2017, a Terra Santa decidiu interromper os desinvestimentos, por considerar que a medida já não era mais necessária. Agora, o plano é de crescimento, com a criação de uma gerência de novos negócios. A ideia é ampliar de 15% a 20% a área plantada em terras vizinhas. Na safra 2020/2021, que começa em julho, a expansão de área ainda deve ser modesta.

Um aumento mais substancial, da ordem de 20%, deve acontecer na temporada 2021/2022. A ideia é avançar sobre terras com alta produtividade que permitam o plantio de soja, milho e algodão, considerando que a pluma é hoje a maior fonte de faturamento da companhia, de acordo com o executivo. Não está descartada a possibilidade de vender alguma porção de terra, ainda que este não seja o foco de atuação no próximo ano. As fazendas da empresa estão apenas em Mato Grosso, em terras com nível de argila muito alto, ótimas para algodão, que gera muito caixa. Não está no plano vender em 2020, mas pode ocorrer em caso de boas oportunidades. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.