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18/Mar/2020

Coronavírus: leia a síntese das principais matérias

PERSPECTIVA DE RETRAÇÃO NA DEMANDA GLOBAL

A previsão de um enfraquecimento na demanda em 2020 em decorrência da pandemia de coronavírus vem afetando os mercados de algumas commodities soft. No caso do açúcar, as cotações seguem pressionadas pela perspectiva de menor consumo, mas também pela queda nos preços do petróleo, que tende a influenciar na competitividade do etanol, podendo refletir no mix sucroenergético brasileiro. As estimativas para o consumo global de açúcar vêm caindo cerca de 5% este ano nos países atingidos pelo surto, como China, Coreia do Sul, Itália e Alemanha. No setor cafeeiro, há ceticismo sobre se o aumento do consumo do grão em casa, medida adotada para prevenir o avanço da doença, poderia compensar a diminuição do consumo no dia a dia externo. No mercado de cacau, a queda mais acentuada também reflete o clima mais favorável na Costa do Marfim, maior produtor do mundo. A melhora no tempo após a seca no início do ano aumenta as expectativas de produção para a próxima safra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

BRASIL: PLANO ANUNCIADO PELO GOVERNO É INSUFICIENTE

O programa de combate aos efeitos do coronavírus sobre a economia anunciado na segunda-feira (16/03), pelo governo federal mostra cuidado da equipe econômica com o lado fiscal, mas ainda é insuficiente para conter os danos da pandemia. A medida é austera, mas o governo tem noção de que essas ações em si não são suficientes. A principal deficiência do pacote emergencial anunciado pelo Ministério da Economia é a liberação de R$ 5 bilhões de crédito para micro e pequenas empresas, valor considerado muito baixo. No entanto, o governo não tem muito espaço para ampliar os gastos, já que a área de saúde já vai exigir um aporte maior de recursos neste ano. Num cenário futuro de recomposição das carteiras internacionais, a manutenção do teto de gastos e da meta de resultado primário será importante.

O ideal é que o governo não altere a meta de resultado primário neste ano, pois o objetivo (de déficit de R$ 124 bilhões) já é consideravelmente mais negativo do que o resultado efetivo de 2019, quando o déficit primário foi de R$ 95,1 bilhões. A meta já tem uma distensão grande, se a meta for cumprida já será um gasto grande. Neste momento, não é possível nenhum rompante fiscal. O mais indicado seria uma ação mais coordenada entre o Ministério da Economia e o Banco Central (BC), que deveria atuar simultaneamente com um corte de juros importante, superior a 0,5% na reunião desta quarta-feira (18/03), e com uma intervenção forte no mercado de câmbio, vendendo reservas para apreciar o Real.

A linha de atuação do Banco Central na área do câmbio tem sido preocupante, com o dólar já tendo avançado 25,8% ante o real em 2020 e sendo negociado acima de R$ 5,00. Essa desvalorização do Real vai pressionar as empresas no País e dificultar a recuperação. Há uma especulação local muito grave em cima do Real e o Banco Central só está dando saída para especulador, isso cada vez avança mais e há consequências nítidas em termos de impactos de custos. Uma parcela significativa do empresariado está tendo achatamento de margem e isso vai ficar pior, o País está partindo para um ciclo de isolamento. Empresas, serviços e as pessoas irão sofrer. Isso, adicionado a um custo dolarizado de R$ 5,10 ou R$ 5,15, torna tudo mais difícil.

BRASIL: NÃO HÁ RISCO DE DESABASTECIMENTO DE ALIMENTOS

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) informou, nesta terça-feira (17/03), que a logística de abastecimento segue dentro da normalidade, assim como os estoques, e não há nenhum risco imediato de falta de alimentos no País. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os supermercados estão preparados, inclusive, para aumentar o abastecimento, caso seja necessário, como já ocorre em datas sazonais. A associação da indústria acrescentou ter criado um comitê de crise em parceria com a Abras e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) para acompanhar diariamente a situação do abastecimento de alimentos no País. O monitoramento está sendo feito diariamente por videoconferência entre representantes das associações, para atualizações sobre a situação nos pontos de vendas de alimentos (mercados, supermercados e hipermercados), com o objetivo de minimizar os impactos, dar mais agilidade na identificação de possíveis problemas e no encaminhamento de soluções.

BRASIL: SUPERMERCADOS DEVEM AMPLIAR VENDAS EM 15%

Enquanto a maioria dos setores produtivos tem sofrido um choque em suas atividades por conta da pandemia de coronavírus, o segmento de supermercados deve sair mais forte da crise. A perspectiva é de crescimento na ordem de 10% a 15% das vendas nas próximas semanas de acordo com levantamento do Boston Consulting Group (BCG) feito com base em resultados apurados em países já afetados pelo surto, como China, Hong Kong, Cingapura, Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

Os supermercadistas podem esperar aumento nas vendas porque os consumidores têm procurado estocar produtos essenciais, com grande procura de itens de higiene, limpeza e alimentos embalados. As pessoas também têm cortado refeições fora de casa e passado mais tempo em seus lares. O grande indutor das vendas serão os canais online. O comércio eletrônico das redes de supermercados deve crescer 40% a 100%, com entrega em casa ou retirada nas lojas, como já foi visto em grupos empresariais de Ásia e Europa. No Brasil, essas opções ainda são pouco difundidas.

A previsão é de três fases para a crise: o momento atual, de estoque de produtos pelos consumidores (duração de 2 a 3 semanas); o período de adaptação, com venda de produtos ainda alta por conta da necessidade de alimentação dentro de casa (4 a 12 semanas) e a normalização, quando a população terá retomado suas atividades, mas uma parte dos consumidores terá incorporado o hábito de fazer supermercado online.

BRASIL: VENDAS NO VAREJO RECUAM COM MEDIDAS RESTRITIVAS

O comércio varejista brasileiro já sentiu o baque nas vendas por conta das medidas seguidas pela população para prevenir a propagação da epidemia do coronavírus, que incluem a menor circulação de pessoas em ambientes públicos, como shopping centers, por exemplo. Entre os dias 14 e 15 de março, as consultas para vendas à vista e a prazo nas lojas, excluindo os supermercados, caíram dois dígitos em relação a igual período do ano passado e também na comparação com o fim de semana anterior. Levantamento feito pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base na amostra nacional fornecida pela Boa Vista Serviços, aponta recuo de 16,7% nas consultas para negócios à vista e a prazo em relação ao mesmo fim de semana do ano passado.

Em relação ao fim de semana anterior, a queda foi de 16,3%. É uma retração forte. Daqui para frente, os efeitos no varejo dependerão das medidas que serão tomadas. Antes do fim de semana e da adoção de medidas emergenciais de prevenção, as vendas no varejo neste mês cresciam 5,3% só na cidade de São Paulo na comparação com março do ano passado. Considerando o mesmo número de dias, o desempenho era estável nessa base de comparação. Hoje, o ambiente é de muita incerteza e, por isso, não é possível reavaliar as projeções feitas para o desempenho do varejo neste ano. A expectativa inicial era de que o comércio varejista fechasse este ano com um avanço entre 2% e 3% sobre 2019.

A previsão é de que, passado o pico da epidemia, essa perda de vendas seja revertida e até possa ser compensada, porque o consumidor deve voltar às compras que foram adiadas em razão da crise de saúde pública. As empresas prestadoras de serviços, como bares e restaurantes, por exemplo, devem ser mais castigadas do que as lojas, porque a demanda perdida não será compensada mais para a frente. Um ponto de preocupação são as lojas que estão muito endividadas e com dificuldade de capital de giro. Nesse caso, a queda na demanda poderá ser fatal.

BRASIL SOFRE COM A DEPENDÊNCIA DE COMMODITIES

O desempenho negativo do índice MSCI do Brasil desde o início do ano, de -39,1%, um dos piores do mundo e que arrastou a América Latina para uma queda de 35% até o dia 13 de março, é resultado da combinação de uma série de fatores, todos domésticos. Comum a todos os mercados está a pandemia de coronavírus, que trouxe pânico aos investidores do mundo. O Brasil foi punido por várias razões. O primeiro é a falta de espaço fiscal. Além de ações na área de política monetária, os governos de vários países têm apelado para medidas fiscais como uma forma de tentar minimizar a paralisação de suas economias por causa do surto. O Brasil, no entanto, não conta com esse espaço fiscal porque impôs a si mesmo um teto para o crescimento dos gastos como uma forma de colocar a economia doméstica nos trilhos.

O segundo fator é a dependência brasileira das exportações de commodities. O governo tem buscado ampliar seus mercados internacionais, e também a pauta de exportações, e abrir a economia, mas ainda é um país muito dependente das vendas de matérias-primas e tem como um dos principais clientes a China, onde o surto teve início e congelou a atividade em alguns setores. O terceiro ponto é o da saída do mercado dos investidores domésticos que começaram a migrar para a Bolsa no ano passado por conta do declínio da taxa básica de juros. A queda sistemática tornou ativos tradicionais brasileiros, como poupança e renda fixa, por exemplo, pouco atraentes, fazendo com que muitos entrassem pela primeira vez no mercado de ações. O influxo de investidores de varejo inexperientes no ano passado e que presumivelmente agora estão em pânico não pode ser descartado.

Ainda há espaço para mais uma flexibilização monetária adicional pelo Banco Central brasileiro. No entanto, o enfraquecimento do Real pode atuar como uma restrição de atuações mais fortes pela autoridade monetária doméstica. No que diz respeito à resposta internacional, a política monetária está sendo maximizada pelas instituições de vários países e regiões, então o que é necessário agora é a chegada de um grande impulso fiscal coordenado. O sentimento do mercado só começará a se recuperar quando os investidores puderem enxergar além do pico da pandemia de coronavírus e aguardar uma recuperação da atividade econômica, impulsionada por um forte estímulo fiscal e monetário. Realisticamente, isso leva semanas, se não meses.

BRASIL: INDÚSTRIAS PODEM SUSPENDER PRODUÇÃO

O rápido aumento de casos do novo coronavírus no Brasil está levando os representantes da indústria e dos trabalhadores a iniciarem medidas para suspender a produção em caso de necessidade. A Volkswagen protocolou, na segunda-feira (16/03), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a intenção de dar férias coletivas por 10 dias na unidade local a partir do dia 30 de março. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) informa que vai convocar dirigentes dos 83 sindicatos representantes dos trabalhadores do setor para discutir um plano de contingência para o período mais difícil. O setor emprega 310 mil trabalhadores, dos quais 60% são nas linhas de produção. Haverá negociação de banco de horas para quem ficar parado e parcelamento de salários, caso as indústrias passem por dificuldade.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, onde estão, por exemplo, a Embraer, e Caoa Chery e uma das fábricas da General Motors iniciou o envio de cartas às empresas propondo a adoção de licença remunerada, em caráter emergencial. Há um temor muito grande entre a categoria e o setor está sendo cobrado. A produção poderá ser recuperada futuramente, mas as vidas não. Representantes da GM debateram o assunto nesta terça-feira (17/03). Na segunda-feira (16/03), o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, cidade que também abriga uma fábrica da GM, esteve com a direção da empresa e ocorreram conversas sobre a adoção de medidas como férias coletivas, licença remunerada e lay-off (suspensão temporária de contratos) caso a situação provocada pelo Covid-19 exija esse tipo de medida. Por enquanto, a produção está normal, inclusive talvez parte dos funcionários tenha de trabalhar no sábado para dar conta da demanda pelo novo Tracker.

Muitas empresas já estão adotando ou ampliando o trabalho remoto na área administrativa. A Vale anunciou que adotou o home office para 1,8 mil funcionários da sua sede no Rio de Janeiro. A Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul de eletrodomésticos, adotou o trabalho em casa para cerca de mil funcionários que trabalham nos escritórios em São Paulo. Entre as montadoras, GM, Ford, Pirelli, FCA Fiat Chrysler, Mercedes-Benz, Renault e Toyota também optaram pelo trabalho remoto. Honda e Nissan adotaram home office em casos específicos. A Whirlpool para América Latina deu autonomia para gestores administrarem o home office e frisa que há uma campanha de conscientização dos funcionários. A epidemia terá impacto na demanda por eletrodomésticos. No entanto, até agora, as três fábricas funcionam normalmente. A prioridade é a saúde dos funcionários e é difícil prever quais medidas serão adotadas para ajustar a oferta à menor demanda.

BRASIL PODE DECRETAR CALAMIDADE E SUSPENDER META FISCAL

A equipe econômica decidiu incluir no rol de medidas, que podem ser adotadas para enfrentar os efeitos do coronavírus, a possibilidade de o governo decretar estado de calamidade pública. Nesse caso, a área econômica teria maior liberdade para administrar os recursos para o combate da crise. É que o artigo 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), marco legal das contas públicas para União, Estados e municípios, permite a suspensão das metas fiscais na ocorrência de calamidade pública. No caso da União, a calamidade precisa ser reconhecida pelo Congresso Nacional.

No caso dos Estados, as assembleias Legislativas devem fazer o mesmo. No caso dos municípios, as câmaras de vereadores. A LRF também permite a suspensão da exigência de contingenciamento para o cumprimento da meta fiscal. A suspensão do cumprimento da meta e do bloqueio só vale enquanto perdurar o estado de calamidade. Por isso, permanece a discussão da revisão da meta fiscal das contas públicas, considerada mais ampla e mais transparente para mostrar o tamanho da necessidade de aumento do endividamento para enfrentar a crise. A meta fiscal deste ano para o governo federal é de um déficit de R$ 124, 1 bilhões.

O governo anunciou na segunda-feira (16/03) um pacote de R$ 147,3 bilhões. A maior parte desse montante não é dinheiro novo, mas apenas adiantamentos de desembolsos e suspensão temporária de arrecadação tributária. Até agora, as medidas trazem poucos recursos extras orçamentários. Técnicos explicaram que, no caso de calamidade, ficaria suspensa a necessidade de contingenciamento agora, mas depois haveria a necessidade de cumprimento da meta. Se a arrecadação não comportar, continua necessário mudar a meta para não descumprir no exercício fechado do ano.

BRASIL: PIB DEVE FICAR ABAIXO DE 1% EM 2020

A crise causada pela pandemia do coronavírus está fazendo os economistas refazerem as contas e projeções sobre o crescimento do País. Já há especialistas falando em expansão inferior a 1% neste ano. A MB Associados cortou de 1,7% para 1,0% a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, e vê como quase certa a queda no primeiro trimestre, com possibilidade de recessão no primeiro semestre a depender da extensão dos impactos da pandemia no período de abril a junho. A parada da atividade esperada para março e abril afetará todo o primeiro semestre. A Ativa Investimentos estima que, se o coronavírus seguir no Brasil a mesma trajetória da China e permanecer como um vetor negativo por três meses, o crescimento do PIB deve ficar, no máximo, em 1,0% em 2020. Na segunda-feira (16/03), o Banco Central (BC) divulgou o Relatório de Mercado Focus que reduziu de 1,99% para 1,68% a expansão do PIB para este ano. No dia 11 de março, o Ministério da Economia revisou as estimativas de crescimento para 2020, que passou de alta de 2,4% no PIB para nova previsão de 2,1%.

BRASIL: ESTADOS PEDEM AJUDA EMERGENCIAL AO GOVERNO FEDERAL

Os 27 secretários estaduais de Fazenda divulgaram um manifesto pedindo ajuda do governo federal aos Estados. A carta pede liberação de recursos e linhas de crédito, além da suspensão da cobrança do serviço da dívida e até mudança na meta fiscal federal para evitar que bloqueios de despesa coloquem em risco a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). A “Carta dos Secretários de Fazenda dos Estados para Saneamento da Crise Covid-19” traz sete propostas, que buscam trazer alívio ao caixa dos governos estaduais e incrementar as receitas num momento de maior demanda por serviços de saúde por parte da população.

O Comsefaz, comitê que representa os secretários de Fazenda, alerta no documento que a queda na arrecadação, devido aos impactos da desaceleração da economia, e a menor demanda por serviços em meio à crise do novo coronavírus podem ter forte impacto nas finanças estaduais. O primeiro pedido listado é uma liberação emergencial de recursos para as secretarias estaduais de saúde. Os Estados querem ainda um repasse de verba livre para reforço da capacidade financeira. O Ministério da Saúde editou portaria para liberar R$ 424,154 milhões aos Estados e Distrito Federal para ações de combate à Covid-19. Outro pedido é a suspensão do pagamento do serviço da dívida dos Estados com União, bancos públicos e outras instituições (quando o crédito tiver o aval do Tesouro Nacional, que pagaria as parcelas em seu lugar) por um prazo de 12 meses.

O prazo total do contrato seria prorrogado pelo mesmo período. Os Estados também querem aprovação imediata das medidas contidas no chamado Plano Mansueto, um socorro proposto pelo governo federal ao Congresso e que ainda não foi aprovado pelos parlamentares. Pelo projeto, Estados com dificuldades de caixa terão benefícios em troca de medidas de ajuste e poderão contratar novos financiamentos. Os secretários também solicitam a liberação de limites e condições para contratação de novas operações de crédito, no mesmo montante previsto em 2019. Neste ano, a equipe econômica restringiu o espaço para novos financiamentos. A lista também propõe a disponibilização de linhas de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aos Estados, com aplicação em custeio da saúde e investimentos em obras.

Por fim, os secretários também pedem que o governo federal altere sua meta fiscal, que permite déficit de até R$ 124,1 bilhões, para evitar o risco às atividades do SUS, o que sobrecarregaria ainda mais os Estados. Após a divulgação da carta, os secretários devem buscar o Ministério da Economia para tentar obter o aval do ministro Paulo Guedes às medidas. Nos últimos dias, a queda do preço do petróleo virou preocupação entre os governos regionais, pois afeta a arrecadação dos Estados com royalties e com ICMS sobre combustíveis. No governo federal, por sua vez, a preocupação tem sido adotar medidas para socorrer o setor produtivo sem mexer no caixa dos Estados. O Ministério da Economia anunciou a suspensão temporária na cobrança da parcela da União no Simples Nacional e também do FGTS pago pelas empresas. Nenhuma dessas medidas afetará o fluxo de receitas para os governos estaduais.

BRASIL: BC FACILITA RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, na segunda-feira (16/03), duas medidas para facilitar a renegociação de até R$ 3,4 trilhões em empréstimos por famílias e empresas e ainda ampliar a capacidade de crédito do sistema financeiro em até R$ 637 bilhões. Segundo o Banco Central, as medidas têm o objetivo de apoiar a economia brasileira durante o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O foco principal do que foi anunciado são as empresas do setor de serviços. A preocupação com esse setor é elevadíssima. A gravidade do impacto para o segmento é grande, um empregador no País, principalmente para as micro, pequenas e médias empresas que sofrem com problemas de falta de caixa para pagar funcionários e fornecedores. A medida tem potencial para dar “fôlego” para os próximos seis meses. O governo quer evitar demissões dos trabalhadores.

O Banco Central informou que tem um amplo arsenal de instrumentos e vai adotar todas as medidas necessárias para apoiar as empresas e as famílias contra os efeitos adversos do Covid-19 na economia. A primeira medida aprovada pelo CMN facilita a renegociação de crédito por famílias em empresas que têm boa capacidade financeira e mantém regularidade e adimplência em operações com os bancos. A medida ajudará o fluxo de caixa desses tomadores durante os efeitos temporários da pandemia. Na prática, a medida dispensa os bancos de provisionamento (recursos que têm de ser mantidos em caixa para o caso de eventuais perdas) no caso de repactuação de operações de crédito pelos próximos seis meses. Estima-se que aproximadamente R$ 3,2 trilhões de créditos sejam qualificáveis a se beneficiar dessa medida, cuja renegociação dependerá, naturalmente, do interesse e da conveniência das partes envolvidas. A segunda medida aumenta a capacidade de os bancos utilizarem seu capital para ampliarem a concessão de empréstimos e renegociarem créditos.

O CMN ampliou a diferença entre o capital efetivo e o capital mínimo requerido, dando mais espaço para que as instituições possam aumentar o ritmo de concessões de crédito nos próximos meses. A ação do Banco Central reduz os “colchões” de recursos exigidos pelos bancos por um ano, ampliando a folga de capital no sistema financeiro em R$ 56 bilhões, o que permite, aumentar a capacidade de concessão de crédito em torno de R$ 637 bilhões. A Febraban, que reúne bancos, informou que seus associados estão sensíveis à crise do coronavírus, e que estão discutindo propostas para amenizar os efeitos negativos dessa pandemia. Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa estão comprometidos em atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de pessoas físicas e micro e pequenas empresas.

CHINA: ATIVIDADE ECONÔMICA DÁ SINAIS DE RECUPERAÇÃO

A atividade econômica da China começou a se recuperar em março, uma vez que o surto do coronavírus está praticamente sob controle no país. As autoridades do órgão de planejamento econômico do país afirmaram, nesta terça-feira (17/03), que há melhora na confiança empresarial e aumento no consumo de energia elétrica. Segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), mais de 90% das empresas na maior parte do país retomaram as operações, com exceção de Hubei e algumas outras províncias.

Considerando-se o avanço na demanda por energia elétrica de setores industriais específicos em relação ao mesmo período do ano passado, as atividades no segmento de metais não ferrosos foram plenamente retomadas. Nos setores farmacêutico e siderúrgico, a recuperação foi de mais de 90% e 80%, respectivamente. Pela primeira vez na história, a atividade empresarial na China ficou amplamente negativa no primeiro bimestre, à medida que as vendas de moradias, operações do setor de construção, as vendas no varejo e a produção manufatureira despencaram, impulsionando o desemprego a níveis recordes, em razão dos efeitos do coronavírus, que forçaram o governo a anunciar isolamentos de cidades e quarentenas.

Apesar dos sinais de recuperação deste mês, economistas ainda preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) da China mostrará forte contração no primeiro trimestre, dificultando os esforços do governo de cumprir suas metas de longo prazo. O governo chinês planeja ampliar iniciativas de combate ao impacto do coronavírus, que agora está se alastrando rapidamente fora da China. O objetivo de longo prazo do governo chinês é construir uma sociedade moderadamente próspera. A meta envolve a eliminação da pobreza e dobrar o PIB neste ano em relação aos níveis de uma década atrás. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

OMS ALERTA PARA AVANÇO DO CORONAVÍRUS NO SUDESTE ASIÁTICO

A Organização Mundial do Saúde (OMS) exortou os países do Sudeste Asiático a tomarem medidas agressivas para conter o avanço do coronavírus. Foram registrados 480 casos da doença, com 8 mortes. A situação está evoluindo muito rapidamente e é preciso imediatamente ampliar os esforços para impedir que o vírus infecte mais pessoas. A OMS alerta para o início do processo de transmissão comunitária em alguns países. Na Tailândia, há 177 registros da doença, enquanto Indonésia têm 134 infectados. Índia (125 casos), Sri Lanka (19), Ilhas Maldivas (13), Bangladesh (5), Nepal (1) e Butão (1) completam a lista dos países da região que tiveram doença.

DURAÇÃO MÉDIA DE TRANSMISSÃO DO COVID-19 É DE 20 DIAS

Um estudo publicado pela Lancet apontou que a duração média de transmissão do novo coronavírus é de 20 dias, sendo de 37 dias o maior período registrado. O estudo revelou fatores de risco e um curso clínico detalhado do novo coronavírus, incluindo sua propagação viral, com base nos dados de 191 pacientes confirmados em dois hospitais de Wuhan, capital da província central chinesa de Hubei e epicentro do surto. Dos 137 pacientes que receberam alta, a duração média de transmissão viral foi de 20 dias e o período mais longo de 37 dias, enquanto o vírus pôde ser detectado mesmo depois da morte dos não sobreviventes, de acordo com Cao Bin, especialista chinês em respiração que liderou o estudo. Foram mostrados também os fatores de risco da doença, observando que 48% dos pacientes observados manifestaram comorbidade, sendo a hipertensão a mais comum. Os mais idosos apresentaram um maior risco de morte pela doença. Isso pode ajudar os médicos a identificar pacientes com uma possível má prognose em estágio inicial. Devido ao tamanho limitado das amostras, ao design do ensaio e a outras condições, o estudo teve algumas limitações.

CHINA: VENDAS NO VAREJO CAEM NO 1º BIMESTRE DE 2020

As vendas no varejo de bens de consumo da China, um importante indicador do crescimento do consumo, caíram 20,5% em termos anuais nos primeiros dois meses deste ano devido ao impacto do surto do novo coronavírus, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas (DNE). As vendas destes itens totalizaram 5,2 trilhões de yuans (US$ 744 bilhões) em janeiro e fevereiro. Enquanto isso, as vendas no varejo, excluindo automóveis, caíram 18,9%. As vendas no varejo nas áreas rurais recuaram 19% ano a ano entre janeiro e fevereiro, enquanto nas áreas urbanas diminuíram 20,7%. O declínio ocorreu quando os esforços para conter a disseminação do novo coronavírus (COVID-19) mantiveram a maioria das pessoas em toda a China dentro de casa, assim como lojas e restaurantes fechados nos últimos dois meses. As receitas do setor de catering, uma das indústrias mais atingidas, caíram 43,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as vendas online mantiveram-se relativamente estáveis, caindo 3% em termos anuais, uma vez que os consumidores recorreram aos serviços via internet enquanto estavam em casa.

Fontes: Agência Estado e Reuters.