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17/Mar/2020

Juros: Brasil deve seguir cortes de taxas dos EUA

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou, no domingo (15/03), um novo corte de juros e participação em uma ação coordenada com outros bancos centrais para aumentar a liquidez do mercado, diante do risco de uma retração global por conta da pandemia do coronavírus. As taxas passaram de um intervalo entre 1% e 1,25% ao ano para zero a 0,25%. Foi a segunda redução no mês aprovada em reunião extraordinária. O Fed afirmou que a crise vai pesar na atividade econômica no curto prazo e representar riscos para as perspectivas econômicas. Além do corte de juros, o Fed anunciou a compra de até US$ 700 bilhões em títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas e a redução a zero da taxa do compulsório bancário. No caso do compulsório, que vai valer a partir do dia 26 de março, a medida abre uma porta para o aumento de empréstimos a empresas e famílias em dificuldades financeiras.

O presidente norte-americano, Donald Trump, ficou bastante satisfeito com corte de juros pelo Fed. Segundo ele, os mercados devem ficar entusiasmados com a medida. O Fed afirmou que o coronavírus representa um desafio econômico significativo e admitiu que haverá fraca atividade produtiva por um período de tempo. Em outra frente, o Fed se associou ao Banco Central Europeu (BCE), do Canadá, do Japão, da Suíça e da Inglaterra para a troca de linhas de crédito, com o objetivo de manter as operações de financiamento em dólar. A iniciativa foi vista como uma resposta a críticas à falta de uma ação articulada dos principais bancos centrais do mundo para tentar atenuar o impacto do coronavírus, como foi feito na crise financeira de 2008. Vai ser importante para segurar a liquidez, mas não tem garantia de que os mercados acionários reajam de forma satisfatória neste momento. Também foram cobradas medidas fiscais para complementar o apoio à economia dos Estados Unidos. Para a Moody’s, o PIB norte-americano deve recuar no segundo trimestre e acumular alta de 1,3% no ano.

A decisão do Fed deve aumentar, no Brasil, a pressão para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mantenha o ciclo de redução da taxa básica, a Selic. A decisão do órgão vai sair nesta quarta-feira (18/04). Um fator complicador é a desvalorização forte do Real. O Banco Central vai precisar decidir se quer controlar o câmbio ou cortar juros. Não há como fazer as duas coisas ao mesmo tempo, a não ser com a queima de reservas internacionais, uma saída nada prudente neste momento. O mercado tem a expectativa de corte na Selic, hoje em 4,25% ao ano (seu menor patamar histórico). O corte pode ser entre 0,25% e 0,5% ao ano. Entretanto, ainda há algum ceticismo sobre a disposição do Banco Central ou sobre a efetividade da mexida nos juros. Quando cortou a Selic de 4,5% para 4,25% ao ano, no início de fevereiro, o Copom chegou a indicar que o ciclo de afrouxamento monetário, iniciado ainda em julho de 2019, poderia ser encerrado.

Mas, na leitura do mercado, essa postura mudou logo depois de o Fed anunciar o primeiro corte de juros. O Banco Central deve, no mínimo, acompanhar o sentido da mudança nos juros no mundo. Muitos acreditam que o corte deveria ser de 0,5% ao ano, pois o Brasil tem espaço fiscal limitadíssimo para estimular o PIB. Outros, tem a percepção de que o mais adequado seria um corte de 0,75% ao ano, em um movimento que deixaria o Brasil mais em linha com outros bancos centrais. O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. Para 2020, a meta é de 4% (com tolerância entre 2,5% e 5,5%). Com a inflação sob controle, o maior receio é com relação à perspectiva para o PIB. A estimativa é de avanço de até 1,5%. O próprio Ministério da Economia alterou sua previsão, de 2,4% para 2,1%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.