ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

17/Mar/2020

Coronavírus: leia a síntese das principais matérias

AGRISHOW: FEIRA SERÁ REALIZADA EM NOVA DATA

A organização da Agrishow afirmou que a feira segue confirmada, mas admite que está reavaliando a data de realização do evento. A direção da Agrishow 2020 está acompanhando os desdobramentos da pandemia do coronavirus no Brasil e informa que seguirá as orientações do Ministério da Saúde e Governo do Estado de São Paulo. Tão logo haja uma decisão, ela será anunciada publicamente. A feira está marcada para 27 de abril a 1º de maio em Ribeirão Preto (SP). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

FMI: EMPRÉSTIMOS PARA COMBATER CORONAVÍRUS

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou, nesta segunda-feira (16/03), que pode mobilizar toda sua capacidade de empréstimo, de US$ 1 trilhão, para facilitar o combate ao coronavírus. Em meio ao surto, o Fundo já recebeu 20 propostas de linhas de créditos, além das 40 já existentes. Como primeira linha de defesa, o FMI pode implantar sua gama de ferramentas de resposta a emergências, flexíveis e de rápido desembolso, para ajudar os países com necessidades urgentes na balança de pagamentos. Esses instrumentos podem fornecer cerca de US$ 50 bilhões para economias emergentes e em desenvolvimento. Para os países de baixa renda, também poderão ser disponibilizados US$ 10 bilhões por meio de programas de facilitação de concessões, que têm taxas de juros zeradas.

Além disso, o Fundo de Contenção de Catástrofe pode auxiliar os países mais pobres com imediato alívio de dívida, que pode liberar recursos vitais para os sistemas de saúde, contenção e mitigação da doença. O Reino Unido se comprometeu a destinar US$ 195 milhões ao fundo. O objetivo, com ajuda de outros doadores, é chegar a US$ 1 bilhão. A comunidade internacional deve trabalhar junta para conter os efeitos econômicos da pandemia. Na área fiscal, deve haver um esforço coordenado e sincronizado de estímulos. No campo da política monetária, a recomendação é para que os bancos centrais de economias desenvolvidas continuem a impulsionar a demanda e a confiança ao relaxar condições financeiras e garantir fluxo de crédito na economia real.

No domingo (15/03), vários Bancos Centrais tomaram ações coordenadas de relaxamento monetário e abertura de linhas de swap. Mais para a frente, pode haver a necessidade de linhas de swap para emergentes. Em relação à regulação, as autoridades reguladoras devem assegurar o equilíbrio entre estabilidade financeira, solidez do sistema bancário e sustentabilidade da atividade econômica. Essa crise vai testar se as mudanças feitas após a crise financeira serviram a seu propósito. A recomendação é de flexibilização de normas para os bancos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

REINO UNIDO ADOTA ESTRATÉGIAS DIFERENCIADAS DE COMBATE

Uma das maiores economias do mundo, aberta ao comércio internacional, geradora de pesquisa científica e agora com grande obsessão por buscar um posto diferenciado no mundo com a sua separação da União Europeia, o Reino Unido tem sido um dos países do continente apontados por adotar ações diferenciadas em relação ao resto da Europa para combater o coronavírus. As aulas continuam em vigor no país, as viagens não foram proibidas e o governo afirmou que vai avaliar, apenas agora, se haverá necessidade de proibir realização de grandes eventos no país. A estratégia do primeiro-ministro Boris Johnson e de sua equipe seria a de, com menos restrições de mobilidade, criar uma "imunidade de rebanho" ao Covid-19. A aposta é a de que se um grande número de pessoas de baixo risco pegar o vírus, será mais difícil que ele se espalhe mais tarde. Boris Johnson informou que está confiante de que adotou a abordagem correta. É uma abordagem muito diferente de quase todos os aliados do Reino Unido, com outras democracias ocidentais adotando medidas mais rigorosas imediatamente.

O país considera que muitas das medidas adotadas pelos vizinhos acabam sendo inúteis. A Espanha anunciou o isolamento do país, na mesma linha que fez anteriormente a Itália, o país europeu mais afetado pelo coronavírus. Conhecido pelo livre trânsito de pessoas e mercadorias, o bloco comum viu uma série de outras medidas na mesma linha nos últimos dias, ainda que não tão radicais: a Áustria fechou sua fronteira com a Itália, e a Alemanha e a França bloquearam grandes partes de suas economias, além de também terem fortalecido suas fronteiras. O Reino Unido está dividido em duas ilhas, uma das quais abriga a Irlanda do Norte, que divide o território com a República da Irlanda, e não aderiu ao tratado de Shengen. Mesmo assim, a abordagem tomada pelo governo britânico até o momento se diferencia em muito da maioria dos outros países para combater o Covid-19, inclusive os Estados Unidos, um aliado tradicional britânico.

A estratégia de Johnson, no entanto, está longe de ser uma unanimidade. Para o médico William Hanage, que é professor de evolução e epidemiologia de doenças infecciosas de Harvard, em um artigo no The Guardian, o plano de `imunidade de rebanho' da Grã-Bretanha é considera ineficiente. A pergunta que é mais feita nos meios de comunicação é se o governo poderia permitir que o Covid-19 infecte lentamente pessoas de baixo risco para que elas criem imunidade suficiente para proteger eventualmente grupos de maior risco. Até o momento, a estratégia apenas foi abordada pela administração como uma opção que o governo está explorando, como explicou o principal consultor científico do Reino Unido, Patrick Vallance. Segundo ele, o governo não quer que todos acabem recebendo em um curto período de tempo, para inundar e sobrecarregar os serviços de saúde. O objetivo é tentar reduzir o pico, ampliá-lo, não suprimí-lo completamente.

O ministro da Saúde do Reino Unido negou, no entanto, que a "imunidade ao rebanho" faça parte do plano do governo de combater o coronavírus, depois de enfrentar críticas crescentes de especialistas sobre a abordagem. Ele se pronunciou depois que Vallance afirmou que cerca de 60% do país teria que pegar o Covid-19 para impedir que o vírus seja tão destrutivo durante surtos futuros, que podem voltar 'ano após ano'. A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou a abordagem do Reino Unido à pandemia, dizendo que as autoridades precisam tomar mais medidas e questionou a teoria da "imunidade ao rebanho", afirmando que não há conhecimento suficiente sobre o vírus para determinar se ele seria eficaz. O Reino Unido também pretende liderar uma campanha intergovernamental para derrotar o coronavírus. O primeiro-ministro britânico incentivará os colegas do G7 a apoiarem a resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além disso, quer estimular os demais líderes a fornecerem financiamento e conhecimento para acelerar pesquisas de desenvolvimento de uma vacina contra o vírus e impulsionar o apoio para mitigar os impactos econômicos da crise. Nos últimos dias, o primeiro ministro conversou por telefone com vários líderes mundiais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; a chanceler alemã, Angela Merkel; o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe; o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman. O governo britânico enfatizou que, nas últimas semanas, o Reino Unido disponibilizou até 150 milhões de libras ao Fundo de Contenção e Alívio de Catástrofes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para apoiar as economias dos países em desenvolvimento afetados pelo vírus, 50 milhões de libras para o Center for Epidemic Preparedness Innovations, que lidera pesquisa e desenvolvimento globais de uma vacina, 25 milhões de libras para pesquisas adicionais sobre o vírus, incluindo o desenvolvimento de um teste rápido, e 10 milhões de libras para a OMS.

Também foram alteradas medidas internas com foco nos britânicos. Uma das mudanças é que as coletivas de imprensa diárias sobre a pandemia de coronavírus serão feitas com Johnson e ministros de alto escalão, apoiada por especialistas das duas áreas do governo que mais acompanham a disseminação do coronavírus internamente: o Chief Medical Office e o Chief Scientific Adviser. O objetivo é manter o público informado sobre o que está sendo feito para combater a disseminação do coronavírus. A preparação para a disseminação do surto de coronavírus é uma prioridade nacional e o governo convidou a indústria de transformação e todos aqueles com experiência relevante que possam ajudar o país a enfrentar essa crise. É preciso intensificar a produção de equipamentos vitais para ajudar os mais vulneráveis. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

EUA: CORONAVÍRUS É RISCO PARA O SETOR DE CARNES

A Tyson Foods, maior companhia de carne dos Estados Unidos em vendas, acrescentou em documento a reguladores, pandemias como o coronavírus (Covid-19) à lista de potenciais ameaças às operações e aos lucros da empresa por uma série de razões: o coronavírus poderia reduzir o consumo de carne se consumidores ficarem em casa e deixarem de ir a restaurantes ou eventos públicos; o surto pode atrapalhar o transporte transfronteiriço e entregas domésticas, com portos potencialmente fechados ou funcionários indisponíveis. As operações da própria Tyson também podem sofrer com uma pandemia, dos produtores que criam galinhas da empresa até trabalhadores em suas unidades de processamento, seja por doença ou por restrições governamentais.

A Pilgrim's Pride Corp., processadora norte-americana de carne de frango controlada pela brasileira JBS, também lista pandemias como um fator de risco, assim como bioterrorismo e desastres naturais. A Sanderson Farms Inc., outra processadora de carne de frango norte-americana, alertou em fevereiro para o potencial impacto do coronavírus, que na época estava concentrado na China. Se o Covid-19 se tornar uma epidemia na América do Norte, ou até se causar temores de potencial epidemia na América do Norte, os consumidores podem limitar suas visitas a mercados ou restaurantes, o que poderia reduzir a demanda pelos produtos nos Estados Unidos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

EUA: CORTE DE JUROS PARA FAIXA DE 0% A 0,25%

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) cortou os juros da faixa de 0% a 0,25% em uma reunião extraordinária no domingo (15/03). As consequências econômicas da pandemia de coronavírus foram apontadas como justificativa para a decisão. Os efeitos do coronavírus irão pesar na atividade econômica no curto prazo e representar riscos para as perspectivas econômicas. O surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos. As condições financeiras globais também foram significativamente afetadas. Os dados econômicos disponíveis mostram que a economia dos Estados Unidos entrou neste período desafiador em uma base sólida.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) afirmou que continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas, incluindo as relacionadas à saúde pública, desenvolvimentos globais e pressões inflacionárias. A instituição se comprometeu ainda a usar suas ferramentas e atuar conforme apropriado para apoiar a economia. Ao determinar o momento e o tamanho dos ajustes futuros na orientação da política monetária, o Comitê avaliará as condições econômicas realizadas e esperadas em relação ao seu objetivo máximo de emprego e ao seu objetivo simétrico de 2% da inflação. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

BRASIL: PANDEMIA AMEAÇA EMPREGOS NA INDÚSTRIA

A pandemia de coronavírus criou incertezas sobre a continuidade no movimento de geração de vagas formais de trabalho na indústria neste início de ano. Em 2019, o avanço no emprego mais qualificado foi puxado pelo setor de alta intensidade tecnológica, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A virada de ano mais robusta para o emprego nos ramos industriais mais tecnológicos sinalizava uma “preparação de terreno” para desempenho mais forte da produção este ano. Mas, a pandemia do novo coronavírus, que tem alimentado forte volatilidade no mercado financeiro, valorização do dólar e interrupções nas cadeias globais de valor, pode afetar essa previsão. Essa sinalização que parecia ser uma preparação de terreno para um desempenho mais robusto em 2020 fica agora com um ponto de interrogação com os efeitos do coronavírus. Ninguém sabe exatamente os efeitos reais.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pandemia de coronavírus vai travar uma recuperação na geração de vagas com registro em carteira na indústria, mas ainda não deve haver ondas de demissões. Embora tenha registrado estagnação na produção no ano de 2019, a indústria de transformação brasileira apostou na contratação de novos trabalhadores, movimento que ganhou força no último trimestre do ano. A criação de vagas formais no setor ajudou na recuperação ainda incipiente da qualidade do emprego no País. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número geral de trabalhadores da indústria de transformação cresceu 1,4%, em média, em 2019, após ter avançado 0,9% em 2018. No quarto trimestre de 2019, foram criados 311 mil postos de trabalho na indústria de transformação, o que representou um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, a terceira taxa positiva consecutiva, o que não ocorria desde 2017.

Se considerada só a geração de vagas com carteira assinada, houve um aumento de 2,6% no emprego formal na indústria de transformação no quarto trimestre de 2019, ante o quarto trimestre de 2018. Em números absolutos, isso significou 168 mil vagas a mais com carteira no período, o primeiro avanço após três trimestres de estabilidade ao longo do ano. Essa melhora foi puxada, justamente, pelos ramos industriais de maior intensidade tecnológica. A indústria de alta tecnologia aumentou em 9% o total de ocupados com carteira no quarto trimestre de 2019, em relação a igual período de 2018. A recuperação do emprego industrial nos ramos de maior intensidade tecnológica poderá ser abortada porque esses são os segmentos da indústria mais afetados pela crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus. A primeira forma de contágio se reflete no comércio exterior, especialmente por causa da importação de componentes da China, de onde o novo coronavírus se espalhou pelo resto do mundo.

E a dependência de componentes chineses é maior nas fabricantes de produtos tecnológicos, como celulares e computadores. Os impactos negativos vêm piorando desde o início de fevereiro, conforme sondagem da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Na terceira edição da pesquisa, divulgada na semana passada, 70% das empresas entrevistadas relataram problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos da China. Na primeira edição da sondagem (5 de fevereiro), o número de empresas com problemas havia sido de 52% e, na segunda edição (20 de fevereiro), de 57%. Diante disso, de 20 mil a 30 mil funcionários de empresas do ramo devem ter a rotina de trabalho alterada no curto prazo, com redução de jornada e férias coletivas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

BRASIL: BC TEM FERRAMENTAS PARA ASSEGURAR ESTABILIDADE

Ao anunciar duas medidas para facilitar a renegociação de até R$ 3,4 trilhões em empréstimos e ainda ampliar a capacidade de crédito do sistema financeiro em até R$ 637 bilhões, o Banco Central enfatizou que não hesitará em usar todo o seu arsenal para assegurar a estabilidade financeira e o bom funcionamento dos mercados, e assim apoiar a economia brasileira. O Banco Central possui vários instrumentos que podem ser utilizados, se necessário, não só para assegurar a estabilidade financeira, mas particularmente neste momento, para apoiar a economia. Entre os instrumentos que compõem esse arsenal, estão medidas regulatórias e o recolhimento compulsório, hoje na casa dos R$ 400 bilhões.

Medidas para a liberação de compulsórios e mudanças no Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR), anunciadas no dia 20 de fevereiro, já aumentaram a liquidez do sistema financeiro nacional em R$ 135 bilhões. Os US$ 360 bilhões em reservas internacionais também são um colchão que serve para assegurar a liquidez em moeda estrangeira e o regular funcionamento do mercado de câmbio. A autoridade monetária informou que monitora de forma contínua o sistema financeiro e a atividade econômica. O Banco Central ainda realiza testes de estresse das posições de liquidez, capital, mercado e crédito.

Isso confere condições para antever e tratar com serenidade situações adversas. O sistema financeiro nacional detém atualmente uma das mais robustas situações de solidez da sua história. Todos os bancos que atuam no País cumprem atualmente os requerimentos de capital e de liquidez, sendo que o Indicador de Basileia (IB) do sistema está em 17,1%, bem acima do requerimento mínimo de 10,5%. O nível de liquidez é superior ao dobro do parâmetro mínimo exigido. Esta robustez foi confirmada no último teste de estresse realizado pelo Banco Central, que demonstrou que o sistema está preparado para enfrentar cenários severos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

BRASIL: BANCOS PODERÃO PRORROGAR DÍVIDAS

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que os seus bancos associados estão sensíveis ao atual momento, de preocupação em torno do novo coronavírus, e que estão discutindo propostas para amenizar os efeitos negativos dessa pandemia no emprego e na renda. o entendimento das instituições financeiras é de que se trata de um choque profundo, mas de natureza essencialmente transitória. Os bancos estão engajados em continuar colaborando com o País com medidas de estímulo à economia.

Dessa forma, os cinco maiores bancos do País (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa) estão abertos e comprometidos em atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de Clientes Pessoas Físicas e Micro e Pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados. A rede bancária está à disposição do público e prontos para apoiar todos os que estejam enfrentando dificuldades momentâneas em função do atual contexto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.

BRASIL: OS IMPACTOS SOCIAIS DO CORONAVÍRUS

Os impactos sociais da crise deflagrada pelo avanço do novo coronavírus no País entraram de vez no radar do governo. De um lado, o diagnóstico é de necessidade de ampliar recursos para o Bolsa Família num momento de maior fragilidade das camadas mais pobres da população. De outro, a área econômica avalia suspender pagamentos da contribuição sobre a folha de salários para evitar que empresas comecem a demitir funcionários diante da queda na demanda e no faturamento. Um novo conjunto de medidas será anunciado para mitigar os efeitos da crise sobre a economia do País. Durante o fim de semana, técnicos se reuniram em diferentes encontros para discutir soluções possíveis de serem adotadas pelo País num momento de restrição fiscal. No caso do Bolsa Família, a preocupação é com a vulnerabilidade de crianças que passarão a ficar em casa após a suspensão das aulas em diversos Estados.

Muitas crianças fazem a principal refeição na escola e podem ficar sem acesso a uma refeição completa, num cenário em que até a tentativa dos pais de fazer um "bico" para sobreviver pode ser difícil diante da menor circulação de pessoas e demanda reduzida por serviços. Algum fôlego extra no programa poderia auxiliar neste momento. A situação é dramática porque o programa já tem uma fila de 3,6 milhões de famílias em condição de pobreza ou extrema pobreza sem receber o benefício. O Ministério da Cidadania encaminhou um ofício ao Ministério da Economia no dia 13 de março pedindo ampliação dos limites de pagamento da pasta. A solicitação é de R$ 150 milhões para o mês de março para conseguir operacionalizar serviços de assistência social. O Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado avaliou que transferências adicionais para famílias pobres por meio do Bolsa Família poderiam ser feitas por meio de um crédito extraordinário, instrumento previsto para situações emergenciais. Esse tipo de crédito fica livre do alcance do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação. Outro ponto que está sendo analisado é a possibilidade de repassar mais recursos à educação e reforçar a frente social do governo.

O Ministério da Saúde já deve receber R$ 5,1 bilhões por meio de um crédito extraordinário. O impacto da crise sobre os trabalhadores também preocupa a equipe econômica, que estuda formas de minimizar o risco de demissões no período. Está em discussão a possibilidade de adiar o prazo para pagamento da contribuição das empresas sobre a folha de salários. Não seria uma desoneração tributária, mas sim um "diferimento": a obrigação continua existindo, mas as empresas terão mais tempo para pagar à União. No dia 13 de março, o Ministério da Economia mencionou a possibilidade de suspender temporariamente o pagamento de alguns tributos para aliviar empresas, mas não foram dados detalhes. A suspensão da contribuição sobre a folha foi discutida em diferentes reuniões na semana passada. São observados exemplos de outros países, como a Itália, que se tornou um epicentro da doença e adotou medida semelhante nas últimas semanas.

Ainda não há definição se a medida valeria para todos os setores ou apenas os mais atingidos. Por ser uma contribuição, uma mudança no calendário do tributo sobre a folha de salários não afetaria o fluxo de receitas para Estados e municípios, que necessitam de recursos para adotar ações de combate ao coronavírus. Além disso, os técnicos observam que a folha de pagamento é um custo praticamente "fixo" da empresa, ao contrário de outros impostos que incidem sobre o faturamento, por isso, a contribuição se torna onerosa em um momento de queda de receitas. Outro ponto que torna a contribuição sobre a folha uma forte candidata a ser alvo de uma medida do governo é que a cobrança ocorre muito próxima do fato gerador, dando pouco tempo para a empresa quitar a fatura, o que pode pesar no caixa num momento como o atual.

Além disso, caso a companhia decidisse demitir funcionários, os gastos do governo com seguro-desemprego poderiam subir. Outra opção é adiar o prazo de pagamento de tributos em acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A avaliação é de que, como o ano está no começo, daria para autorizar um adiamento dos pagamentos agora com tempo suficiente para cobrar a dívida pendente ainda este ano. Não é possível passar de um ano para o outro, mas como o período atual é de início de ano, e o agudo da crise tende a durar alguns meses, caberia. O impacto da crise sobre os trabalhadores informais também preocupa a equipe econômica. Eles não têm acesso ao seguro-desemprego, caso fiquem sem renda. Além disso, apenas quem é contribuinte do INSS ou pagou ao menos uma contribuição nos últimos 12 meses (podendo chegar a 36 meses a depender do período do vínculo) poderá pedir auxílio-doença caso seja contaminado pelo Covid-19. Os técnicos ainda discutem saídas para esse segmento da população.

PLANO ANTI-CORONAVÍRUS

Veja medidas que a equipe econômica já tomou e o que está em estudo para amenizar os efeitos da pandemia na economia brasileira:

O que já foi anunciado:

* Antecipação da primeira parcela do 13º dos segurados do INSS para abril (injeção de R$ 23 bilhões na economia)

* Redução do limite de taxa de juros e aumento de prazo para empréstimos consignados em folha de pagamento dos beneficiários do INSS.

* Uma proposta será enviada ao Congresso para ampliar a margem do salário que pode ser comprometida com a parcela do financiamento. Hoje essa margem é de 30% em caso de empréstimo e 5% para cartão de crédito.

* Suspensão por 120 dias da prova de vida dos beneficiários do INSS para evitar ida às agências.

* Incremento das linhas de crédito dos bancos públicos, principalmente capital de giro. Há recursos disponíveis também para a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e médios.

* Crédito extra de R$ 5 bilhões para a saúde. Outros R$ 5 bilhões podem ser liberados nas próximas semanas.

* Isenção de imposto de importação sobre produtos médicos hospitalares.

Em estudo:

* Liberação de uma nova rodada de saques do FGTS.

* Regulamentação do consignado com garantia do FGTS.

* Adiamento de pagamento da contribuição sobre a folha de pagamento.

* Suspensão temporária do pagamento de dívidas de Estados e municípios com a União.

* Auxílio para a área da educação também está sendo estudado para evitar alastramento da pandemia nas escolas públicas.

* Medidas voltadas para micro, pequenas e médias empresas.

* Acionamento de "arma secreta" do ministro Paulo Guedes para ajuda à população mais pobre, no momento que avançarem os projetos mais importantes.

* Nova rodada de liberação de depósitos compulsórios.

Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.