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12/Mar/2020

Argentina, Chile e México enfrentam dificuldades

Argentina, México e Chile são emergentes que, como o restante do mundo, enfrentam um quadro global mais complexo, com o surto de coronavírus. Concorrentes do Brasil em alguns aspectos, como a busca por investimentos internacionais, esses países têm também contextos específicos, que podem tornar a situação bem mais delicada. O caso da Argentina talvez seja o mais complicado nesse grupo. O país continua a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e credores privados uma reestruturação em sua dívida, em um quadro de recessão econômica, aumento na pobreza e inflação elevada.

Março foi o prazo escolhido pelo governo do presidente Alberto Fernández para tentar um acordo. O governo argentino pode apresentar sua proposta nesta semana, mas pode haver atrasos. O governo quer evitar um calote, mas também está confiante de que pode chegar a um acordo em seus próprios termos. Num contexto de economia internacional pior por causa do surto de coronavírus, crescimento menor e queda nos preços do petróleo, uma estratégia agressiva da Argentina na renegociação da dívida pode ficar ainda menos atraente para os detentores de bônus.

As taxas de juros baixas em nível mundial são, em geral, uma boa notícia para renegociar a dívida argentina, mas o cenário de incerteza, de pânico e de queda das commodities complicará mais a renegociação. Tudo dependerá da habilidade do governo argentino em convencer os credores de que terá uma trajetória de crescimento e recuo no déficit fiscal, sendo capaz de cumprir seus objetivos macroeconômicos. O coronavírus já chegou à Argentina e o país registrou, no dia 7 de março, a primeira morte pela doença na América Latina. O coronavírus deve ter um impacto na economia real.

No México, que também já registrou casos de coronavírus, a disseminação da doença e os temores sobre seus impactos na economia ocorrem em um contexto de desconfiança de investidores sobre a administração do presidente Andrés Manuel López Obrador. Na segunda-feira (09/03), o peso foi bastante penalizado, em um quadro de aversão ao risco nos mercados globais, e atingiu mínima histórica. A expectativa é de que o Banco do México (Banxico) mantenha os juros, em vez de cortá-los, no dia 26 de março. O Banxico anunciou, no dia 9 de março, a ampliação dos volumes ofertados em leilões cambiais, de US$ 20 bilhões para US$ 30 bilhões, a fim de atenuar a recente desvalorização da divisa.

A Western Union afirma que o escopo para recuos da moeda diminuiu, diante da mudança nas expectativas para o Banxico neste mês. A forte baixa no petróleo pressiona a estatal Pemex. Agora, a Pemex enfrenta o risco real de mais rebaixamentos de rating, diante da severidade das quedas no preço do petróleo. O movimento da commodity prejudica o setor industrial e as contas externas mexicanas, com queda nas receitas do setor público e também nos investimentos na área petrolífera. Por outro lado, o governo mexicano havia feito hedge para as exportações de petróleo neste ano, a um preço médio de US$ 49,00 por barril, acima portanto do patamar atual dos mercados.

No caso do Chile, a política continua a enfrentar turbulências. O país vive uma onda de protestos há meses, contra o governo do presidente Sebastián Piñera. Em meio às manifestações, Piñera concordou com um plebiscito para que a população decida se haverá ou não uma Assembleia Constituinte. A votação deve ocorrer em 26 de abril, com as pesquisas em geral prevendo que haverá a decisão de que se elabore uma nova Carta. Na semana passada, o país registrou seu primeiro caso de coronavírus. Além do risco de impacto da doença na atividade econômica, o Chile, maior produtor global de cobre, sofre com os preços mais baixos das commodities. O Banco Central chileno admitiu que o quadro externo é delicado, com alteração nas cadeias de valor, alta incerteza e deterioração da demanda. O BC monitora a situação. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.