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12/Mar/2020

Inflação: menor resultado de fevereiro desde 2000

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de 0,25% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro foi o mais baixo resultado para o mês desde o ano 2000, quando subiu 0,13%. Em fevereiro de 2019, o IPCA ficou em 0,43%. Como resultado, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses desacelerou de 4,19% em janeiro para 4,01% em fevereiro, praticamente no centro da meta de 4% perseguida pelo Banco Central este ano. Passado o choque de preços, as carnes ficaram mais baratas em fevereiro, depois de já terem recuado em janeiro. Os preços das carnes recuaram 3,53% em fevereiro, após uma queda de 4,03% em janeiro. O item deu a maior contribuição negativa para a inflação do último mês: -0,09%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma taxa de 0,39% em janeiro para 0,11% em fevereiro, uma contribuição de 0,02%. Nos dois primeiros meses do ano, as carnes ficaram 7,42% mais baratas. O Rio de Janeiro foi a região que teve maior queda nos preços.

O custo da alimentação no domicílio cresceu 0,06% em fevereiro, após um avanço de 0,20% em janeiro. Apesar da trégua das carnes, as famílias pagaram mais pelo tomate (18,86%) e pela cenoura (19,83%). Nos dois primeiros meses do ano, o preço do tomate já subiu 35,17%, enquanto a cenoura aumentou 36,51%. Com essas altas no tomate e cenoura, principalmente, acabou compensando a queda das carnes. As hortaliças também. A alimentação fora do domicílio subiu 0,22% em fevereiro, ante um aumento de 0,82% em janeiro. A refeição ficou 0,35% mais cara em fevereiro, enquanto o lanche aumentou 0,02%. Os reajustes das mensalidades escolares pesaram no orçamento das famílias em fevereiro. Os custos com Educação subiram 3,70% em fevereiro, um impacto de 0,23%, praticamente responsáveis por toda a taxa de 0,25% do IPCA no mês. Os cursos regulares ficaram 4,42% mais caros, item responsável pela maior contribuição individual para o IPCA de fevereiro, 0,20%.

Os cursos diversos aumentaram 2,67%, com impacto de 0,02%. O reajuste das mensalidades escolares está em linha com o comportamento sazonal e mantém patamar de alta semelhante para meses de fevereiro desde 2018. No mês de fevereiro do ano passado, os gastos com Educação tinham aumentado 3,53%. Em fevereiro de 2018, a alta foi de 3,89%. As famílias gastaram 0,23% a menos com Transportes em fevereiro, um impacto de -0,05% no IPCA. A gasolina ficou 0,72% mais barata, uma contribuição negativa de 0,04% para a inflação do mês. O etanol subiu 0,96%. As passagens aéreas tiveram redução de 6,85%, um impacto também de -0,04%. Houve reajustes em diversas modalidades de transporte público, como os ônibus urbanos (0,36%), os ônibus intermunicipais (1,95%), os trens (0,87%) e o metrô (0,55%). A queda no custo da conta de luz reduziu os gastos das famílias com Habitação em fevereiro. O grupo teve um recuo de 0,39%, um impacto negativo de 0,06% sobre a inflação, após uma alta de 0,55% em janeiro.

O item energia elétrica encolheu 1,71%, com contribuição de -0,08% para o IPCA de fevereiro, em função da entrada em vigor da bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. À exceção de Vitória (2,32%) e Fortaleza (0,25%), todas as demais áreas pesquisadas apresentaram redução nas tarifas de energia elétrica. Por outro lado, o gás encanado subiu 0,18%, decorrente de reajustes no Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo. A taxa de água e esgoto aumentou 0,03%, puxada pelo reajuste nas tarifas em Campo Grande (MS). Quatro dos nove grupos de despesas que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registraram deflação em fevereiro. As famílias gastaram menos no mês com Vestuário (-0,73%), Habitação (-0,39%), Transportes (-0,23%) e Artigos de Residência (-0,08%). O grupo Vestuário foi influenciado pelas variações negativas nos itens roupas femininas (-1,23%), roupas masculinas (-1,05%), calçados e acessórios (-0,46%) e, também, nas roupas infantis (-0,34%).

Por outro lado, joias e bijuterias (1,32%) subiram pelo oitavo mês consecutivo, devido ao aumento na cotação do ouro. A maior pressão foi grupo Educação, com alta de 3,70%. Também houve pressão de elevações em Saúde e cuidados pessoais (alta de 0,73% e impacto de 0,10% na inflação), Alimentação e bebidas (0,11%), Despesas pessoais (0,31%) e Comunicação (0,21%). Em Saúde e cuidados pessoais, os itens de higiene pessoal subiram 2,12%, com impacto de 0,08% para o IPCA de fevereiro, após a queda de 2,07% no mês anterior. Os preços dos produtos farmacêuticos caíram 0,38%, contribuição de -0,01%. No grupo Comunicação, houve pressão dos reajustes nos preços dos serviços postais, que levaram o item correio a uma alta de 17,30%, com impacto de 0,01% no IPCA do mês. Em meio a um cenário de demanda ainda retraída, a inflação oficial no País não mostrou em fevereiro quaisquer sinais de pressão do câmbio nem do coronavírus.

O IPCA não tem efeito do câmbio, pois este efeito não se dá de forma automática na inflação. Ainda mais sob o ponto de vista que não tem demanda aquecida, o ritmo de recuperação ainda é lento, então a capacidade de repasse de custos para o consumidor ainda é limitada. Não é transmissão automática, nem instantânea. Pode ser que apareça, ou não. Se não tiver como repassar, se for perder consumidores, pode ser que não repasse. Também não houve influência do surto de coronavírus sobre preços, nem sobre a alta nos itens de higiene pessoal nem sobre a queda nas tarifas aéreas. A passagem aérea ainda não traz efeito de coronavírus. A metodologia é fazer a coleta dois meses antes. Então esse preço (de fevereiro) é um preço que foi pesquisado em dezembro para uma viagem que seria feita em fevereiro. A inflação de serviços acelerou de uma alta de 0,28% em janeiro para 0,68% em fevereiro.

Os preços de bens e serviços monitorados pelo governo passaram de uma elevação de 0,51% em janeiro para uma deflação de 0,28% em fevereiro. Apesar da alta de alguns componentes de serviços, a inflação de serviços foi muito concentrada nos cursos regulares e nos cursos diversos. Outros componentes, inclusive, tiveram uma desaceleração em relação a janeiro, o que mostra que a economia ainda está se recuperando de forma bastante lenta e gradual. Há uma demanda ainda retraída e uma capacidade ociosa muito grande na indústria, então a inflação acaba ficando num patamar confortável. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.