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09/Mar/2020

Disparada do dólar eleva diversos preços no Brasil

Um dos principais reflexos da atual escalada do dólar deve ser o aumento de preços de vários produtos no mercado, como carros, combustíveis e aço. Hoje, as empresas brasileiras trabalham com peças e insumos importados para fabricação de uma série de bens e também para a construção de projetos, como o de petróleo e gás e energia elétrica. Se o dólar continuar nesse patamar durante um tempo longo, as companhias terão de repassar o aumento de custo para o consumidor. Segundo a Siderúrgica CSN, será necessário fazer um ajuste de preço superior a 10% entre os meses de abril e maio para recompor a valorização da moeda americana. A percepção é de que o dólar deve se manter a R$ 4,60.

No setor automobilístico, a escalada do dólar tem acendido um sinal de alerta em relação aos possíveis prejuízos e repasses de preços. Segundo a General Motors América do Sul, cerca de 40% das peças usadas nos carros da marca produzidos no País são importadas. Entre os maiores impactos está o preço dos carros, que já teve aumento em 2020. Porém, a subida de preços está muito aquém da alta do dólar. Essa situação gera ainda mais perdas da rentabilidade das empresas que já está comprometida desde a crise que se iniciou em 2014 e a forte queda no volume de vendas no País. O impacto positivo que essa alta do dólar poderia ter, que seria o aumento das exportações, infelizmente não é uma realidade devido ao custo Brasil, puxado pela alta carga tributária e ineficiências como a logística, por exemplo.

Segundo a Ford América do Sul, a disparada do dólar é um peso enorme nos custos das montadoras. A maior parte dos componentes eletrônicos não são produzidos no Brasil e estão sendo importados principalmente para atender à demanda por maior conectividade nos carros e novas tecnologias. Também há sistemas que reduzem o consumo de combustíveis e as emissões, que passam a ser obrigatórios para atender as normas do programa automotivo Rota 2030. As empresas que não cumprirem metas serão multadas. O câmbio tem de ser flutuante, mas é preciso minimizar a volatilidade.

A BMW do Brasil afirma que o valor do dólar atual merece atenção, mas também calma e mais tempo para uma análise, pois tudo isso é reflexo do impacto global por causa do coronavírus. A empresa produz no País carros de luxo da marca alemã com alto conteúdo de itens importados. Será preciso avaliar eventuais impactos na inflação e quais medidas serão apresentadas como compensação pelo governo brasileiro, que deverá trabalhar para cumprir suas metas. Também é preciso entender quanto tempo vai durar essa volatilidade. Uma desvalorização de 10% do câmbio tem impacto de 0,12% no IPCA (índice oficial da inflação).

Mas, a expectativa é que o câmbio recue um pouco, pelo menos, para os níveis pré-coronavírus, quando o dólar estava na casa de R$ 4,15. Segundo o Banco Santander, a moeda norte-americana no atual patamar começa a causar impacto negativo e pode afetar o crescimento econômico. A velocidade de alta do dólar faz com que os investimentos, que já têm sido escassos no Brasil, sejam postergados até que o cenário fique mais claro. O risco reduz o apetite até mesmo para o consumidor. Dólar caro gera uma perspectiva de que algo ruim está para ocorrer. Nesse cenário, o consumidor reduz o consumo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.