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09/Mar/2020

Coronavírus derruba preços globais de commodities

Lideradas pelo petróleo - que perdeu mais de 8% na sexta-feira (06/03) - recuaram as cotações de commodities energéticas, metálicas e agrícolas. De ponta a ponta o mercado opera no vermelho e leva junto os principais índices acionários. Há muita volatilidade nos mercados financeiros, muita instabilidade e todos se contaminam. A tendência segue negativa. A reação mais agressiva dos ativos se deu diante do agravamento do quadro, com as tensões crescendo, principalmente, na Europa e nos Estados Unidos, onde estão as mais importantes economias do mundo ao lado da chinesa. Qualquer leve recuperação ou movimento positivo agora é meramente especulativo, porque ainda não há notícias fortes ou amplas o suficiente sobre tratamentos efetivos. Com o recuo extremamente forte, o petróleo WTI em Nova York já caiu para o patamar dos US$ 42 por barril, enquanto o Brent caiu para US$ 46 na Bolsa de Londres.

No caso do petróleo, o recuo é agravado pela notícia de que o acordo entre a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a Rússia, em andamento há três anos, foi ameaçado pelas informações de que os russos não concordam em fazer cortes mais amplos na produção diante da epidemia de coronavírus. Entre as agrícolas, quem encabeça as perdas, mais uma vez, é o café, que recuou 3% na Bolsa de Nova York, ao lado do açúcar, que registra baixas de 2% e do algodão, de 1%. Já na Bolsa de Chicago, as perdas mais agressivas são vistas no milho, onde os futuros do cereal perderam 1,5%, seguidos pela soja e pelo trigo. O sentimento de necessidade de proteção entre os investidores é globalizado. O surto já se tornou mundial, com mais de 90 mil pessoas infectadas em todos os cinco continentes e paralisou a produtividade global. Temendo o vírus, há milhões de pessoas evitando ruas, escolas, supermercados, lugares turísticos, e o contato com mais pessoas.

A demanda entre serviços e produtos está muito mais lenta do que o normal, a mobilidade e a logística seguem severamente comprometidas e limitadas e as análises entre especialistas continuam indicando para uma recessão da economia mundial. As opiniões divergem, apenas, entre a intensidade e período em que pode ocorrer. O coronavírus pode custar US$ 2,7 trilhões à economia global. As vendas de automóveis na China caíram 80%, o tráfego de pessoas foi reduzido em 85% e a produção de manufaturados caiu significativamente para índices historicamente baixos. Cenários distintos mostram a situação em que a China se recupera rapidamente ou em tempo mais prolongado. Em ambos casos, as demais economias do mundo - especialmente as mais frágeis - sentirão os efeitos negativos, somente com intensidades diferentes. Se a China conseguir rapidamente controlar o surto e retomar as atividades no segundo trimestre, o impacto no restante da economia global poderá ser contido.

Se o cenário piorar, a recuperação pode ser mais lenta, com a retomada das atividades também mais lentas. Mesmo quando as fábricas estão de volta ao trabalho, nem todos os problemas estão resolvidos. Muitas fábricas não têm estoques suficientes e os obstáculos da cadeia de suprimentos limitam a capacidade de produção. Considerando um quadro onde Coreia do Sul, Itália, Japão, França e Alemanha - as principais economias, além da China, que mais tiveram casos - também tenham sido atingidas, levaria o crescimento global para 2020 a 2,3% - um pouco abaixo da previsão de consenso pré-vírus de 3,1%. Todavia, caso o surto se torne uma pandemia e todos os países sofram proporcionalmente, dentro de suas realidades, o crescimento da economia global vem a zero. O consenso é de que a recuperação aconteça de forma lenta. O mercado agrícola está completamente focado no ambiente financeiro, deixando de lado seus próprios fundamentos, pelo menos por enquanto. Fonte: Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.