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05/Mar/2020

Plano Safra: recursos escassos para investimentos

Os desembolsos de crédito rural somaram R$ 126,1 bilhões nos oito primeiros meses desta safra 2019/20 (julho a fevereiro), R$ 10 bilhões a mais que em igual período do ciclo 2018/2019, conforme dados do Banco Central. A liberação de crédito para custeio cresceu 6% na comparação, para R$ 69 bilhões, mas o principal aumento foi nas contratações de recursos para industrialização: alta de 70%, para R$ 8,2 bilhões. Na contramão, os desembolsos para operações de comercialização caíram 22%, para R$ 13,6 bilhões. A demanda por empréstimos para investimentos continuou forte em fevereiro e o montante total acessado nos oito primeiros meses da safra cresceu quase 20%, para R$ 35 bilhões. Nessa frente, houve altas de mais de 80% no Pronamp (Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores), para R$ 1,9 bilhão, e de 18% no Pronaf (agricultura familiar), para R$ 9,5 bilhões.

No âmbito do Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) o avanço foi de 51,2%, para R$ 1,9 bilhão, ao passo que no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) o incremento foi de 46,5%, para R$ 1,3 bilhão. Embora o governo tenha remanejado recursos de custeio para investimentos diante da demanda firme, algumas linhas alimentadas por recursos do BNDES continuam suspensas pelo banco de fomento, como Moderinfra e Moderagro. Já o Moderfrota, mais importantes linha de investimentos do Plano Safra, destinada à aquisição de máquinas e implementos agrícolas, segue com desempenho considerado fraco. De julho do ano passado a fevereiro último foram contratados R$ 4,4 bilhões, ante R$ 6,0 bilhões no mesmo período de 2018/2019. Apesar de ainda haver recursos disponíveis no Moderfrota, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) pediu aporte suplementar de R$ 3 bilhões para a linha, mas não foi atendida.

Não há risco de acabar o recurso, segundo a Diretoria de Financiamento e Informação do Ministério da Agricultura. Para suprir a demanda no segmento, o BNDES recentemente pôs em operação uma linha com até R$ 1,5 bilhão e condições semelhantes às do Moderfrota, com prazo de pagamento de até dez anos. Outra medida adotada pelo governo no fim de janeiro, mas que ainda não surtiu efeito, foi a permissão para os bancos redirecionarem parte dos recursos obrigatórios que seriam aplicados em custeio para os investimentos do Pronaf. Ainda falta o Banco Central enviar um comunicado às instituições financeiras oficializando a medida. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) afirma que há demanda represada de pedidos por investimentos, sobretudo no Sul do país. Segundo a entidade, haverá resistência dos bancos para cumprir a exigibilidade em investimentos, já que o retorno é mais demorado.

A entidade também lembra que ainda existem recursos equalizados que podem ser utilizados. Eram R$ 12,9 bilhões para investimentos anunciados no Plano Safra e foram aplicados pouco mais de R$ 10 bilhões. No mínimo haveria mais de R$ 2 bilhões que não estão sendo equalizados. A busca por mais recursos para investimentos tem sido uma das tônicas das conversas do Ministério da Agricultura com a equipe econômica do governo na formulação do próximo Plano Safra, sempre com o compromisso de diminuir a dependência dos subsídios do Tesouro. Até agora, 75% dos empréstimos do atual plano foram feitos com recursos a juros controlados (R$ 94,3 bilhões) e 25% com taxas livres (R$ 28,3 bilhões). A principal fonte financiadora do crédito rural são os recursos obrigatórios (R$ 36,7 bilhões), seguidos da poupança rural (R$ 31,1 bilhões), e os bancos públicos lideram as liberações, com R$ 65,83 bilhões. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.