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02/Mar/2020

Coronavírus: falta de peças afeta fábricas no Brasil

A falta de componentes industriais produzidos na China, onde fábricas estão paradas por causa da epidemia do coronavírus, já leva empresas brasileiras a darem férias coletivas, adiarem lançamentos e deve afetar as metas de produção deste trimestre. Entre 20 mil a 30 mil funcionários de empresas de tecnologia da informação, especialmente de celulares e computadores, devem ter a rotina de trabalho alterada no curto prazo, com redução de jornada e férias coletivas, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). A produção das empresas do setor no primeiro trimestre deverá ficar 22% abaixo da inicialmente projetada por essas companhias em razão do coronavírus. A situação é muito grave, pois não há como buscar o suprimento em outro país. Na semana passada, 57% das empresas já apresentavam problemas, 4% operavam com paralisação parcial e 15% planejavam paradas parciais. A fábrica da Flextronics em Jaguariúna (SP) vai dar férias coletivas a cerca de 1,1 mil trabalhadores do setor de celulares entre os dias 9 e 28 de março.

A empresa já havia deixado outros 2,1 mil funcionários em casa por dez dias, depois prorrogados para doze dias. A Flextronics fabrica os celulares da marca Motorola e emprega, ao todo, cerca de 3,2 mil pessoas. A coreana LG é outra que pretende fazer uma parada parcial. A empresa protocolou no Sindicato de Metalúrgicos de Taubaté (SP) aviso de férias coletivas para o período de 2 a 12 de março para 330 funcionários da linha de celulares, onde estão alocados 450 trabalhadores. A LG afirma que devido ao surto do coronavírus que atinge o mundo e tem provocado o desabastecimento de peças nas produções, considera um risco potencial de parada na produção, no mês de março, em sua unidade fabril de celulares, localizada em Taubaté (SP). A concorrente Samsung informou, na quinta-feira (26/02), que a fábrica de Campinas (SP) opera normalmente. A produção, contudo, foi suspensa nos dias 12, 13 e 14 de fevereiro, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas. Faltaram peças que estavam bloqueadas na China, mas depois a empresa recebeu os lotes.

O risco de paralisação da produção nas fábricas brasileiras de eletrônicos, que são muito dependentes das importações de componentes asiáticos, cresce à medida que os embarques dos produtos não são confirmados. No ano passado, 80% dos componentes usados pela indústria eletroeletrônica vieram da Ásia. A China respondeu por 42% e outros países da região por 38%. A vulnerabilidade é muito grande. Segundo o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), na Zona Franca de Manaus (AM), que reúne grande parte de fabricantes de eletrônicos e de motocicletas que importam peças da China, já começaram as reuniões entre indústrias e sindicatos de trabalhadores para encontrar uma solução sem custos extras, caso precisem interromper a produção. Como se trata de uma questão de saúde, não de um problema específico, as fábricas estão tentando negociar a parada da produção sem custo maior. Além dos eletrônicos, essas conversas envolvem também os fabricantes do polo de duas rodas.

A Honda, maior fabricante de motos do País, informa que, até o momento, não há previsão de parada em suas linhas de produção. Acrescenta, contudo, que esse cenário pode ser alterado caso a situação se prolongue. Por questões estratégicas, as indústrias da Zona Franca de Manaus (AM) não revelam o nível de estoques de componentes, mas a percepção é de que estão baixos. Nos últimos tempos, tem sido normal para as companhias operarem com menos de um mês de componentes para reduzir custos. Segundo a Eletros, associação que reúne a indústria de geladeiras, lavadoras, TVs e eletroportáteis, o maior foco do problema neste momento está concentrado nos insumos que chegam ao Brasil por via aérea, considerados de maior valor agregado, e que já se encontram perto de volumes críticos. A JAC do Brasil, importadora dos modelos chineses da marca, adiou o lançamento do primeiro caminhão elétrico no País por receio de não ter estoque para iniciar as vendas. O lançamento estava programado para início de março e, agora, está previsto para o fim do mês. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.