ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Fev/2020

Coronavírus: impacto sobre transporte marítimo

Após um ano de dificuldades por causa da guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do globo, os Estados Unidos e a China, o transporte marítimo agora sofre com as consequências do coronavírus. Com a ampliação da epidemia iniciada na China pelo mundo, a movimentação de cargas foi comprometida e os preços em algumas regiões do globo voltaram ao nível de 2008, no auge da crise financeira internacional. Com tanta volatilidade sobre o setor, os agentes buscaram hedge e um novo campo para especulação no mercado de derivativos, que apresentou forte crescimento com as incertezas iniciadas no ano passado. A paralisia das atividades em algumas rotas marítimas por causa da doença fez o indicador de frete diário para contêineres Freightos Baltic Index (FBX) cair mais 7% na semana encerrada em 21 de fevereiro, para US$ 1.350,00.

A volatilidade do indicador está em 4,3%, com destaque de baixa para a rota que liga a Costa Leste dos Estados Unidos para a China ou Leste Asiático, que recuou 28% apenas nesses dias. O valor está distante do pico recente de US$ 1.581,00 registrado em meados do mês passado. A máxima de curto prazo foi o ápice de uma trajetória de alta desencadeada pelo alívio com o início de um acordo comercial entre Estados Unidos e China, em dezembro, mas que durou pouco tempo. Antes disso, o pico de US$ 1.603,00 havia sido verificado em meados de janeiro de 2019. Os preços dos fretes nas rotas mundiais também são acompanhados de perto pelos membros da equipe econômica no Brasil. Em relação ao trânsito de navios de transporte entre países da Ásia, está sendo paralisado. Além da doença em si, o governo teme pelos reflexos negativos de uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) da China para a economia do Brasil.

O governo brasileiro conta atualmente com uma expansão do PIB de 2%, mas vê no coronavírus a maior ameaça ao crescimento nacional. Assim como agentes do mercado financeiro, o governo acredita que uma queda de 1% do PIB da China possa ter relação direta na casa de 0,4% sobre a atividade do País. A Organização Marítima Internacional (IMO) também monitora os desenvolvimentos do setor e alguns de seus 173 membros - 172 países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU) mais as Ilhas Cook - já relataram casos de problemas por causa da doença. Durante a última reunião da entidade foi levada à IMO que embarcações de alguns países têm dificultado a inspeção de tripulações. Há tanto o temor de se levar a contaminação para dentro do navio quanto o de ser identificado algum caso suspeito que impeça a continuidade do desembaraço das cargas.

Com todas as incertezas relacionadas ao mercado marítimo, o segmento de derivativos de frete para navios-tanques e de carga seca registrou aumento no volume das negociações ao longo do ano passado. De acordo com a Baltic Exchange, a comercialização de FFA (sigla em inglês para Acordo de Frete a Petroleiro) de navios-tanques atingiu 473.113 lotes em 2019, um incremento de 38% sobre o ano anterior, um lote é o dia de locação de uma embarcação ou mil toneladas métricas de transporte marítimo de carga. No caso de cargas secas, o aumento no ano passado foi de 11% sobre 2018, para 1.632.773 lotes. No ano passado, os mercados sofreram grandes oscilações, com problemas que vão desde o desastre do minério de ferro da Vale, ataques ao transporte de navios-tanque no Oriente Médio e previsões de impacto da IMO para 2020. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.