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14/Jan/2020

Cenários para o mercado e o crescimento global

Uma década após a grande crise do sistema financeiro, o crescimento mundial está no seu ritmo mais lento. Em 2019, enquanto as tensões comerciais e geopolíticas cresciam, a confiança do empresariado para comprometimentos de longo prazo diminuía. No primeiro semestre de 2019, o volume mundial de Investimentos Estrangeiros Diretos encolheu 20%. É improvável que o mercado mundial retorne ao estado de meados da década, e a atual turbulência pode ser o início de uma mudança na ordem global de investimentos e comércio. O caráter e a extensão desta mudança serão uma das prioridades, se não a maior, no próximo Fórum Econômico Mundial. Em vista disso, o seu Conselho para o Futuro Global sobre o Comércio e o Investimento tem avaliado potenciais cenários.

Em artigo sobre o Investimento Internacional na era da Competição Geopolítica, Mudança Tecnológica e Confronto Comercial (clique aqui), o Conselho analisa cinco forças que vêm alterando o investimento internacional: 1) o crescimento das tensões comerciais; 2) as salvaguardas de segurança nacional; 3) a economia digital; 4) desenvolvimentos em tratados de investimentos bilaterais e acordos de livre comércio; e 5) pressões crescentes por condutas responsáveis nos negócios. Entre riscos e oportunidades, o Conselho projeta três cenários, que podem coexistir em diferentes graus. No primeiro, a resiliência à instabilidade atual levaria a um reconhecimento mútuo dos benefícios de regras estáveis para a cooperação econômica, mesmo em meio à crescente rivalidade tecnológica e geopolítica.

Nesse caso, os governos precisarão chegar a um novo quadro legal de facilitação de investimentos, por uma instituição multilateral, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), ou por arranjos regionais e plurilaterais. Num segundo cenário, EUA e China chegariam a uma trégua sem atingir um entendimento comum sobre como modernizar as regras de investimento e comércio. A maioria dos países buscará estabelecer rotas para uma cooperação limitada entre as duas superpotências, contendo o impacto da rivalidade geopolítica num regime de coexistência instável. No último cenário, a guerra comercial se tornará semipermanente, levando à fragmentação nas principais economias.

A segurança nacional será um elemento primordial, com sucessivas quebras de vínculos, primeiro nos setores de tecnologia e infraestrutura, e finalmente por toda a economia do conhecimento, o dínamo da Quarta Revolução Industrial. As consequências desta fragmentação econômica não deveriam ser subestimadas, segundo o Conselho no estudo “Um Chamado para Evitar a Fragmentação Econômica”. A combinação de tarifas protecionistas, barreiras unilaterais contra fluxos de pessoas, bens, serviços e capital, retórica nacionalista intensificada, crescente politização dos acordos de comércio e investimento e coalizões rivais pode colocar o mundo em um caminho de maior risco, incerteza, declínio econômico e conflito geopolítico cujo impacto será sentido por gerações. A tessitura de uma rede regulatória estável e inclusiva exigirá um concerto entre lideranças políticas, empresariais e civis.

Há sinais de que a fragmentação do mercado global pode ser detida - e são exemplos disso o pré-acordo firmado entre a União Europeia e o Mercosul, a Área Continental de Livre Comércio da África e a Parceria Transpacífica. São pactos em que os membros buscam uma integração mais profunda, sem substituir as regras da OMC, mas complementando-as. Investir nesta complementaridade é essencial para revitalizar o multilateralismo da OMC, que vive sua maior crise desde a sua fundação. A evolução do impasse que levou à interrupção do funcionamento de sua Corte de Apelação, principal mecanismo para evitar que divergências degringolem em guerras comerciais, indicará a direção que o mercado internacional tomará na atual bifurcação: a de uma rede revigorada e aberta de regras internacionais ou o isolamento nacionalista. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.