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07/Jan/2020

Frete: tendência de altas acima da inflação no ano

O ano passado foi marcado por discussões e turbulência no mercado de fretes rodoviários, diante da espera pelo julgamento sobre a validade da tabela de preços mínimos, que não ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), e do descontentamento de produtores, tradings e caminhoneiros quanto aos valores praticados. A incerteza perdura neste início de 2020, e com o andamento dos trabalhos de colheita de mais uma safra recorde de grãos no País, o transporte das cargas pelas rodovias brasileiras deverá subir, em média, pelo menos 5% nos próximos meses, pouco acima da inflação. Em algumas regiões de maior concorrência, as altas poderão superar 10%. E o pico de demanda será em março, e não em janeiro e fevereiro, como foi em 2019. Esse é o cenário traçado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), que acompanha esse mercado e foi contratado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para destrinchar os custos dos caminhoneiros e elaborar uma tabela de preços mínimos capaz de apaziguar os ânimos na cadeia produtiva.

Os grãos foram semeados nesta safra no período tradicional, e não antecipadamente, como no ciclo 2018/2019, de forma que a colheita ganhará força a partir de fevereiro na maior parte dos polos, e não coincidirá com o escoamento de açúcar para exportação, o que aconteceu no ano passado. A expectativa é de volta à normalidade da demanda por caminhões. Em Mato Grosso, maior Estado produtor de grãos do País, de Sorriso ao terminal de Rondonópolis o preço médio do frete rodoviário foi de R$ 117,60 por tonelada em janeiro de 2019, caiu para R$ 116,97 por tonelada no mês seguinte e para R$ 104,52 por tonelada em março. Em 2020, o cenário indica médias de R$ 105,58 por tonelada neste mês, R$ 118,26 por tonelada em fevereiro e R$ 129,53 por tonelada em março, 10,1% acima de janeiro do ano passado. Em outras rotas importantes para os grãos, o comportamento deverá ser semelhante.

No Paraná, segundo maior Estado brasileiro produtor de grãos, a variação de preços médios poderá ser maior, de até 12%, porque o plantio da safra foi mais tardio. Quando o Estado começar a colher soja, não haverá muitos caminhões disponíveis porque eles terão se deslocado para os Estados da Região Centro-Oeste. Então. as empresas terão que pagar mais caro para ter transporte. Todos os valores praticados atualmente no mercado de fretes remuneram os caminhoneiros e estão acima dos indicados pela tabela de preços mínimos em vigor. Mesmo no período de baixa, os motoristas estão recebendo o suficiente para pagar os custos, apesar de o cálculo de lucro ser controverso. Uma nova tabela com preços corrigidos está sendo finalizada pela Esalq-Log e deverá ser publicada pela ANTT até o dia 20 de janeiro. Mas, essa não é a visão de grande parte dos caminhoneiros. No período de colheita, foi possível alcançar os valores da tabela ou até acima, porque há muita demanda.

Mas, durante o resto do ano, esta não é a realidade. Os caminhoneiros acabam aceitando valores inferiores e, muitas vezes, têm prejuízo. No segmento de fertilizantes, o chamado frete de retorno deverá subir apenas em linha com a inflação, ou entre 4% e 5%. A normalidade da safra permitirá uma maior disponibilidade de caminhões no período certo, e os caminhões poderão ficar dois ou três dias nos portos para receber os fertilizantes antes de voltarem. Durante a colheita de 2019, em algumas rotas o frete de retorno chegou a subir mais de 30% devido à necessidade de caminhões no campo ao mesmo tempo em que eram demandados nos portos para transportar os insumos. Na ocasião, tradings chegaram a pagar para os veículos voltarem vazios mais rapidamente. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.