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06/Jan/2020

Dólar deve manter piso de R$ 4 ao longo de 2020

O Real pode se valorizar em 2020, mas sem muito fôlego. A previsão é que a moeda americana fique ao redor de R$ 4,00 este ano. O diferencial de juros muito baixo entre o Brasil e os países desenvolvidos deve limitar a queda da divisa dos Estados Unidos e, nesse ambiente, a chance de a moeda brasileira ficar mais forte é se o crescimento da economia surpreender, o que traria mais recursos do exterior ao País. Em 2019, o dólar subiu 3,63%, e o Real ficou na lista das moedas com pior desempenho entre emergentes, mas melhor que a valorização da divisa americana ante o peso argentino (+59%), lira turca (+12%) e peso chileno (+8%). Este ano, a tendência é que dólar ainda siga forte na economia mundial, embora haja chance de alguma fraqueza se as eleições americanas ficarem muito indefinidas. Os suportes estruturais do dólar serão desafiados em 2020.

Mas o quadro de manutenção de juros historicamente baixos nos países desenvolvidos e a esperada menor tensão comercial entre Estados Unidos e China, com a expectativa de assinatura do acordo "fase 1" neste começo de 2020, podem estimular a busca por retornos em mercados emergentes. Se o PIB do Brasil avançar, o País pode ser destaque em atração de recursos. Em cenário de juros baixos no mundo, se estiver em busca de rentabilidade e a economia brasileira ajudar, o investidor estrangeiro virá para cá. O PIB americano e o mercado de trabalho no país têm sido fatores de resiliência para o dólar globalmente, mas, no Brasil, se a economia confirmar uma melhora consistente do Produto Interno Bruto, o investidor estrangeiro voltará a investir. Nesse ambiente, o dólar poderia cair abaixo de R$ 4,00. A aceleração do crescimento do PIB também deve ser fator fundamental para atrair estrangeiros e retirar pressão no câmbio.

A política econômica começa a produzir efeito. O Brasil deixou de ser um País óbvio para se fazer o carry trade. Neste tipo de operação, o investidor toma recurso em um país de juro baixo para aplicar em outro de taxa alta. Por isso, a tendência de um Real mais fraco este ano, sobretudo porque há chance de novo corte de juros em fevereiro pelo Banco Central. O avanço de reformas e outras medidas do governo também pode ser positivo para o mercado de câmbio. Uma das medidas que o mercado espera avanço é a PEC emergencial - que cria mecanismos emergenciais de controle de despesas públicas para União, Estados e municípios e abre R$ 50 bilhões no Orçamento - e a PEC do pacto federativo. Essa é uma das reformas com maior chance de aprovação em 2020. O grande ponto de inflexão para 2020 é como serão os desdobramentos da pauta econômica do governo no Congresso em ano de eleição municipal. Há uma janela de oportunidade entre fevereiro e junho para a equipe econômica conseguir cravar alguma pauta econômica no Congresso.

A reforma da Previdência garantiu melhora da perspectiva do rating soberano neste fim de ano, mas para uma melhora consistente, o mercado quer ver como a equipe economia dará tração à atividade econômica. Para ganhar relevância no contexto atual de recuperação da economia dos Estados Unidos, o Brasil precisa mostrar algum diferencial, como o governo anunciando medidas para aquecer a atividade econômica e geração de empregos. Pesquisa com gestores internacionais feita pelo Bank of America Merrill Lynch mostra que a maioria deles espera aprovação da reforma tributária este ano e chance de leve apreciação do Real. Para o câmbio, 35% veem o dólar encerrando 2020 entre R$ 3,80 e R$ 4,00; somente 12% preveem a divisa entre R$ 3,60 e R$ 3,80 e há ainda 5% apontando na moeda americana ainda mais desvalorizada, entre R$ 3,41 e R$ 3,60.

Na outra ponta, 25% esperam a divisa entre R$ 4,01 e R$ 4,20; outros 15% enxergam o dólar entre R$ 4,21 e R$ 4,40; por fim, 8% projetam a cotação da moeda acima de R$ 4,40. Em relação à postura do Banco Central, a instituição tende a se manter o menos intervencionista possível neste ano. Deve intervir apenas em situação de grande volatilidade e se o dólar ante Real estiver destoando muito de seus pares emergentes ou se o BC verificar alguma demanda específica. Em 2019, fatores externos e internos contribuíram para a piora do Real. No caso externo, a elevação da tensão comercial entre Estados Unidos e China teve peso fundamental. Regionalmente, pesou a onda de manifestações no Chile, Bolívia, Colômbia e a crise Argentina. Está no radar das mesas de câmbio o risco potencial de manifestações e greves também por aqui em 2020. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.