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19/Dez/2019

EUA-China: exportações do agro poderão recuar

Segundo estudo do Insper Agro Global, as exportações do agronegócio brasileiro podem recuar US$ 10 bilhões caso se confirme um acordo pleno entre Estados Unidos e China. Esse recuo, entretanto, só ocorreria em dois anos ou mais. O impacto ainda não deve ser sentido em 2020, uma vez que os Estados Unidos enfrentaram quebra de safra de grãos na colheita 2019/2020. Houve uma quebra de mais de 20 milhões de toneladas na produção norte-americana de soja e uma redução da mesma ordem na safra de milho. Primeiro, houve muita chuva no começo do plantio, depois neve no momento da colheita. Neste momento não tem como os norte-americanos recuperarem esse espaço, e o Brasil continuará sendo beneficiado nesta safra que está sendo plantada no País. O impacto maior será a partir da safra 2020/2021. O estudo considera os volumes anunciados pelo representante comercial norte-americano de que a China chegaria a um volume de compras de produtos agropecuários norte-americanos de US$ 56 bilhões em dois anos, com aumento de US$ 16 bilhões por ano em relação aos volumes adquiridos em 2017, que era de US$ 24 bilhões.

Há ceticismo sobre a possibilidade de que esse acordo possa ser cumprido. Mas, se for cumprido na sua plenitude, O Brasil será prejudicado. O principal impacto seria na soja, que foi o produto brasileiro mais favorecido pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. Entre 2016 e 2018, o Brasil aumentou as vendas do agronegócio para a China em US$ 14,6 bilhões, enquanto os Estados Unidos reduziram as exportações do setor para o país asiático em US$ 12 bilhões. Só de soja, o aumento das exportações do Brasil para a China no período foi de US$ 12,8 bilhões, enquanto a diminuição dos embarques dos Estados Unidos chegou a US$ 9,4 bilhões. O Brasil se beneficiou muito da guerra comercial desde 2017. Houve uma explosão da exportação brasileira para a China e isso foi feito em detrimento dos Estados Unidos. Em 2019, houve uma recuperação de parte dessas perdas norte-americanas por causa da trégua comercial entre os dois países.

A China pode ampliar ou reabrir mercados para outros produtos norte-americanos, como carne bovina, suína, de frango e algodão, em que o Brasil teve forte desempenho nos últimos anos. Ao observar todos esses produtos e o forte crescimento que o Brasil teve, não é difícil imaginar que, em um acordo pleno, o Brasil pudesse pagar uma parte dessa conta. O Brasil compete com os Estados Unidos em praticamente 70% da pauta exportadora do agronegócio. É preciso observar se Estados Unidos e China farão um acordo dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou se haverá algum tipo de privilégio aos Estados Unidos em detrimento do Brasil. Uma coisa é voltar a competir pelo mercado da China com os Estados Unidos nas mesmas condições. Outra coisa é a chave trocar de lado. Esses dois anos de guerra comercial beneficiaram o Brasil por causa das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Mas, de repente a chave vira ao contrário, o Brasil poderia ser prejudicado por um acordo altamente benéfico aos Estados Unidos que descumprisse regras multilaterais. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.