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19/Dez/2019

Argentina: agricultores reagem contra as taxações

As novas informações sobre o aumento das retenciones não param de chegar e, nesta quarta-feira (18/12), em uma coletiva de imprensa, o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, anunciou um aumento extra às tarifações sobre os principais cultivos do país. No projeto de Guzmán, já enviado ao Congresso, as taxas para a soja chegam a 33% e 15% para grãos e cereais, um aumento de 3% em relação aos números anteriores. Para produtos agroindustriais das economias regionais, as retenciones deverão ser mantidas nos 5%. No momento da eleição de Alberto Fernández para o lugar de Maurício Macri como presidente da Argentina, o mercado já especulava o aumento das retenciones como uma das principais ferramentas que seria utilizada para aumentar a arrecadação do país e ajuda na amenização da crise. De outro lado, o grupo das Confederaciones Rurales Argentinas (CRA) já declarou estado de alerta e de mobilização depois das medidas anunciadas pela equipe de Fernández.

Em um comunicado oficial, expressando toda sua preocupação com o presente momento, a instituição afirma que está profundamente preocupada com as últimas medidas tomadas pelo governo e com as declarações feitas após a reunião realizada com autoridades do gabinete nacional. Na entidade, muitos líderes e presidentes de confederações ficaram surpresos com o rápido processo e a falta de consulta ao setor sobre a medida, apesar dos esforços feitos pela entidade nesse sentido. Por tudo isso, o CRA se declara em estado de alerta e mobilização. Há alguns dias, o presidente da CRA, Jorge Chemes, já havia se manifestado com crescente preocupação e descontentamento sobre as novas medidas. A medida é um freio à produção, aos investimentos e à criação de empregos, segundo ele. Mais do que isso, disse ainda que havia um compromisso de diálogo antes do anúncio de tarifas mais altas, que não se cumpriu. Da mesma maneira, as quatro principais cadeias produtivas da agroindústria argentina também expressaram sua preocupação frente às tarifas mais altas em sua reunião de final de ano realizada nesta quarta-feira (18/12).

Estiveram reunidas Acsoja (Associação da Cadeia de Soja Argentina), Maizar (Associação Milho e Sorgo Argentino), Asagir (Asssociação Argentina de Girassol) e Argentrigo (Associação Argentina de Trigo) deixando claro um temor sobre impostos mais altos. O novo secretário de Agricultura do país, Julián Echazarreta, assegurou ao setor que a intenção do governo "não é chegar aos limites" em relação ao aumento das tarifas sobre as exportações. Mais do que isso, o representante do governo diz que o objetivo é intensificar o diálogo com as lideranças do agronegócio argentino para que se chegue a um meio-termo. Echazarreta, atualmente vice-presidente da Bolsa de Cereais de Buenos Aires e diretor da ACA (Associação das Cooperativas Argentinas), classificou as retenciones como "tarifas antipáticas", e voltou a dizer que o objetivo é fazer com que o aumento das taxas não seja tão pesado como parece agora. Na outra ponta, as cadeias representadas no encontro se posicionaram dizendo "não haver espaço para novos impostos" e pediram ainda que o governo "busque outras alternativas" para aumentar sua arrecadação e antes de efetivar o aumento das retenciones.

Os impostos de exportação acabam sendo transferidos logicamente pela cadeia, impactando mais fortemente no setor primário, justamente o elo mais relacionado ao desenvolvimento territorial. Se o elo básico do agronegócio for descapitalizado através do aumento da pressão tributária, a produção total cairá. Pequenos produtores e regiões periféricas serão prejudicados, removendo-os do sistema produtivo, segundo os representantes da soja, milho, sorgo, trigo e girassol. Diante dos atuais patamares de preços das commodities e as produtividades médias das cinco últimas safras, não será possível que o produtor argentino cubra seus custos de produção em culturas como o milho e o trigo caso as retenciones, para ambos os produtos, se confirmem em 12%. Fontes: Clarin e Infocampo. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.