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12/Dez/2019

Argentina: taxação sobre agrícolas deverá crescer

A nova safra de soja da Argentina se desenvolve sobre uma série de incertezas, porém, duas delas preocupam mais os produtores locais neste final de 2019: o clima e a política. E para o início de 2020, as mudanças esperadas são bastante profundas, haja vistas que o novo presidente, Alberto Fernández, assumiu na terça-feira (10/12) e traz como sua vice, Cristina Kirchner. A ex-presidente foi um grande problema para o agronegócio. A competitividade da agropecuária argentina foi severamente comprometida, alguns produtores vieram a falência e a carga tributária sobre o setor foi expressivamente elevada. E Fernández assume uma Argentina com sérios problemas econômicos, que já exigem cautela e preocupação dos produtores rurais. Mais do que isso, o novo presidente assume diante de problemas já sérios vividos no campo. O tempo seco provocou quebras nas safras de trigo e cevada do país, principalmente na região dos Pampas, e ambas as culturas são de extrema importância para a economia agrícola argentina, principalmente entre as exportações.

O mercado tem a visão do governo Fernández como um governo bastante instável, principalmente quando a história recente nos mostra o governo de Cristina Kirchner sendo extremamente danoso para a economia e para o sistema político da Argentina. Macri não tinha o apoio político para colocar em prática as reformas necessárias. O cenário é que as tarifas para a exportação de soja em grãos voltem aos 30% ou fique até acima disso, enquanto para milho e trigo podem voltar aos 22%. Confirmados estes números, a competitividade do produtor argentino ficaria bastante comprometida diante de seus principais concorrentes. A preocupação se volta agora para a elevação tributária, se acontecerá ou não, e o mercado tem o indicativo de que a tributação deva aumentar porque o governo precisa arrecadar mais dinheiro, uma vez que o governo pegou uma administração com uma dívida bilionária. O andamento do mercado cambial é outro ponto de atenção do mercado.

As exportações agrícolas são, de fato, importantes para a Argentina. Entre os planos do novo presidente está o de ampliá-las e, ao mesmo tempo, elevar as já conhecidas “retenciones” sobre elas. Entretanto, suas medidas podem já começar frustradas diante dessa oferta menor. Assim, os produtores argentinos avançam com sua comercialização, buscando evitar as novas “retenciones”, já que deverão ser mais altas. As vendas externas de trigo e cevada devem render US$ 2,9 bilhões, contra os US$ 4,0 bilhões do ano comercial anterior. O ministro da Economia do novo governo, Martín Guzmán, já deixou claro que uma de suas prioridades será o pagamento da dívida pública, gerando condições de pagamento com crescimento. No entanto, o país deverá adiar os pagamentos dos próximos dois anos. Guzmán deverá ser um dos mais jovens ministros a assumir a pasta no país e fala em um grande plano “integral e flexível” para recuperar a economia da Argentina e, dessa forma, tratar das “retenciones” é inevitável.

Essa deverá ser uma das medidas do político, mesmo que detalhes de suas ações ainda não sejam conhecidas. Alertar sobre o aumento das “retenciones” nas exportações agrícolas parece inevitável como consequência da impossibilidade de obter financiamento, alinhado ao objetivo de evitar novos desequilíbrios nas contas públicas. Afinal, Guzmán e sua equipe já deixaram claro que “consideram que o setor agrícola é um dos mais dinâmicos e modernos da economia nacional, um dos mais tecnologicamente avançados e com importância estratégica, pois é gerador das moedas que a Argentina precisa para se desenvolver de maneira sustentável. Portanto, as retenções devem ser baseadas no desenvolvimento produtivo”. Em seu discurso de posse, Alberto Fernández disse ainda que “o cooperativismo e a agricultura familiar serão pontos centrais”. Reafirmou ainda um compromisso com a segurança alimentar citando a severa situação de fome e pobreza de parte expressiva da população argentina. Fontes: La Nacion e Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.