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06/Dez/2019

Desmatamento: investidores boicotando o Brasil

O jornal britânico Financial Times publicou nesta quinta-feira (05/12) que investidores têm boicotado o Brasil por causa de preocupações com o desmatamento na Amazônia. Outra reportagem sobre o tema traz que a devastação da região ameaça o mundo e que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, quer "monetizar" a Amazônia. A publicação lembrou que, logo após o auge dos incêndios na floresta, em agosto, quando o mundo acompanhava o que acontecia no País, a Nordea Asset Management, que controla mais de 200 bilhões de euros em fundos, anunciou que estava colocando investimentos no Brasil em quarentena devido a riscos políticos e ambientais. A decisão fez parte de uma onda de movimentos de gestores de ativos e empresas multinacionais para limitar o risco de fazer negócios com empresas ou entidades brasileiras expostas ao desmatamento.

Essa preocupação foi intensificada pelas notícias do mês passado de que a taxa de perda de cobertura florestal na Amazônia brasileira aumentou 30% nos 12 meses até o final de julho, o nível mais alto desde 2008, segundo estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A preocupação dos negócios com o destino do maior sumidouro de carbono do mundo não se limita aos gerentes de ativos. A varejista de moda H&M anunciou no verão do Hemisfério Sul que deixaria de comprar couro brasileiro até que se mostre livre de qualquer risco de contribuir para danos ambientais na Amazônia. Também foi citada ação similar do grupo de roupas VF Corporation, sediado nos Estados Unidos e que possui marcas como North Face, Vans e Timberland.

Os movimentos dos investidores mostram como as questões ambientais, sociais e de governança (ESG) estão subindo na agenda corporativa no Brasil. O jornal traz depoimentos da rede internacional de investidores Princípios para Investimento Responsável (PRI), do representante da Aberdeen Standard Investments em São Paulo e do fundo de pensões norueguês KLP. No entanto, existem limites para o que o investimento ético pode alcançar na região amazônica. Um grande problema é que a maior parte do desmatamento é trabalho de grupos criminosos, alguns com vínculos com madeireiros ilegais ou traficantes de drogas e por quem opera abaixo do radar de investidores internacionais. Isso cria um problema para as empresas que tentam seguir os princípios éticos.

Na lista negra está o frigorífico JBS, embora por outro motivo: corrupção. A mineradora Vale também tem sido evitada após uma série de acidentes, incluindo o colapso da barragem de Brumadinho, no qual quase 300 pessoas morreram. Apesar da pressão internacional para que as empresas brasileiras se tornem mais compatíveis com os padrões ambientais reconhecidos globalmente, nem todos os grupos empresariais do País ouviram a mensagem. Um importante lobista brasileiro de negócios ainda insistia em particular que as campanhas ambientais contra o desmatamento da Amazônia constituíam um ato de maldade contra o Brasil e afirmava que se trata de mentira. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.