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03/Dez/2019

Acordo de livre comércio China – Brasil é positivo

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um eventual acordo de livre comércio entre Brasil e China traria um saldo de resultados positivo para a economia brasileira. O resultado final seria mais crescimento econômico, mais investimentos e menos inflação. Se as tarifas de importação no comércio bilateral entre os dois países fossem zeradas aos poucos, em dez anos, o Brasil poderia, até 2030, exportar, para todos os países (não só para a China) 8,75% a mais do que faria num cenário sem livre comércio. As projeções nos dois cenários ainda indicam queda no total de exportações brasileiras de 2020 a 2030, mas a redução seria menor com um acordo. No caso das importações, no cenário em que um acordo comercial fosse firmado com a China, os valores seriam 7,73% superiores ao do cenário atual.

As projeções dos dois cenários, com e sem acordo, apontam para alta nas importações, no acumulado de 2020 a 2030. As simulações do estudo usam um modelo de equilíbrio geral específico para o comércio internacional, conforme a estrutura tarifária de 2011, e consideraram um acordo que levaria as tarifas de importação entre Brasil e China a zero em dez anos, com reduções de dois em dois anos. A comparação das variáveis (crescimento econômico, evolução das exportações e das importações, entre outros) foi feita entre um cenário de referência, no qual as tarifas ficam mantidas como estão, e um cenário prospectivo, no qual as tarifas são reduzidas até zero.

No cenário prospectivo, ou seja, com o livre comércio, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria 0,39% acima do cenário base no acumulado de dez anos, que considera um crescimento médio de 2,0% ao ano. Os investimentos, que teriam crescimento superior ao do PIB em todos os anos do período 2020-2030, teriam um incremento 3,79% acima do cenário sem o acordo comercial. O aumento da importação de insumos da China também resultaria em alívio nos preços período. Considerando o deflator do PIB, e não os índices de preços ao consumidor, o cenário com acordo apresentaria um resultado 1,76% abaixo do cenário atual.

A importação de insumos explicaria também outro resultado previsto no estudo: o crescimento das exportações (ou uma redução menor nas vendas ao exterior, quando se toma o acumulado em dez anos), para todo o mundo, mesmo em setores que tendem a sair perdendo em termos de produção e nível de empregos, como as indústrias têxtil e calçadista. Ao ter acesso a insumos importantes na sua cadeia de valor mais baratos da China, por meio da rebaixa tarifária, esses setores ficam mais competitivos no mundo. É uma forma de o Brasil estar de fato começando a se conectar às cadeias globais de produção.

As simulações do Ipea também se debruçaram sobre os efeitos setoriais de um eventual acordo de livre comércio com a China, chamando atenção para as perdas. O aumento das importações chinesas (no acumulado de 2020 a 2030, as compras do gigante asiático saltariam 74,7% acima do crescimento já previsto no cenário básico, sem acordo comercial) atingiriam a atividade econômica dos setores têxtil (queda de 15,8%, em dez anos, em relação ao cenário sem livre comércio), de calçados e couro (-13,2%), de vestuário e acessórios (-8,5%) e de máquinas e equipamentos (-5,0%).

O nível de emprego, ou seja, o contingente de trabalhadores empregados nessas áreas, tombariam, respectivamente 16,1%, 13,3%, 8,5% e 5,2%, sempre no acumulado em dez anos, e na comparação entre os dois cenários. Em linhas gerais, um acordo de livre comércio com a China manteria o padrão do comércio bilateral com o principal parceiro do Brasil, baseado nas exportações de matérias-primas brasileiras e importações de produtos industriais chineses. Mas, a pauta comercial, atualmente concentrada em poucos produtos, como soja e minério de ferro, passaria por uma diversificação. O estudo é uma primeira estimativa sobre o tema, especialmente porque um eventual acordo poderia ter regras diferentes de zerar as tarifas em todos os produtos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.