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28/Nov/2019

Momento atual é favorável agronegócio brasileiro

O dólar comercial subiu 10% em 2019, até o momento. Esta semana, a moeda norte-americana atingiu o maior valor nominal na história e beirou os R$ 4,30. Dizem que, se consideradas as inflações de Brasil e Estados Unidos, o recorde para o dólar deveria ser maior que R$ 7,20, o correspondente ao valor, com correção, atingido no fim de 2002. Mas, picos de volatilidade como o de agora são benéficos para o agronegócio brasileiro. Afinal de contas, a maioria dos produtos dessa cadeia é enviada ao exterior. Desde o setor do etanol, que remete menos de 10% da oferta para fora, até o do suco de laranja, que exporta quase toda a produção, todos são beneficiados. Além das indústrias agregadoras de valor, ganham também produtores de commodities, como soja e milho, e pecuaristas, pois os preços são cotados em dólar mercado internacional, que é comprador.

Este ano, especialmente, os precavidos adquiriram insumos com um dólar abaixo de R$ 4,00 e devem vender ou travar a venda no mercado futuro da produção com a moeda muito mais valorizada. E nem a queda dos preços de alguns produtos será insuficiente para eliminar os ganhos futuros. Outro ponto positivo para o campo é que a disparada recente do dólar foi causada por um fator inédito: a baixa dos juros aos menores níveis da história. O recuo da Selic para 5% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com perspectiva de novas baixas - para até 4,5% no primeiro trimestre de 2020 - retirou um capital especulativo em dólar aplicado no Brasil. Com menos oferta, o dólar subiu.

Como a Selic é utilizada por bancos como referência para captar recursos de empréstimos, a queda na taxa básica de juros significa crédito, em Real, mais barato ao agronegócio. Outro benefício do dólar valorizado é que investimentos externos no Brasil se tornam mais baratos. E a infraestrutura carente e o setor agropecuário são imãs para os aportes estrangeiros. Para fechar esse ciclo virtuoso falta apenas a retomada da confiança no Brasil pelos investidores. Seria natural que isso ocorresse pois, além do dólar valorizado e do crédito barato, reformas econômicas caminham e são aprovadas no Congresso. Mas, diante do discurso recente do governo, especialmente do ministro da Economia, Paulo Guedes, ressuscitando fantasmas autoritários e repressivos, a desconfiança pode se transformar em repulsa. Fonte: Gustavo Porto. Agência Estado.