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18/Nov/2019

Guerra comercial persistirá e Brasil deve usufruir

A guerra comercial entre Estados Unidos e China deverá perdurar. Por isso, o Brasil precisa tomar cuidado e manter equidistância prudente dos Estados Unidos e da China. Há duas importantes mudanças estruturais acontecendo na China. A primeira é a guerra comercial, que inaugura uma nova fase de mercantilismo no mundo. Isso rompe com o papel que os Estados Unidos tiveram na construção de um sistema amplo e multilateral. Neste momento, a guerra comercial beneficia o Brasil. Até porque a guerra não é uma guerra comercial, é muito mais ampla e hegemônica. O Brasil tem a ganhar com a disputa entre os dois países na soja, algodão, carnes e etanol. O problema é que pode haver um acordo entre Estados Unidos e China mais adiante e isso pode levar a um prejuízo, já que nossos principais concorrentes são os norte-americanos. A segunda mudança estrutural importantíssima é a oportunidade aberta para a grande exportação de carnes, que está acontecendo neste momento.

A China vai se transformar mais à frente. Isso abre a chance de o Brasil conseguir vender mais soja e milho para o país. A União Europeia deixou de ser um mercado relevante para o setor agropecuário do Brasil. Já os mercados asiáticos - China e Sudeste da Ásia, principalmente -, e do Oriente Médio têm extrema importância, respondendo por 61% das exportações do agronegócio brasileiro. É preciso atenção também à Índia e à África. Só 10% do que o agronegócio brasileiro exporta vai para lá, mas Índia e África têm 3 bilhões de habitantes, que serão 5 bilhões em 2050 e 7 bilhões em 2100. A população e a renda per capita cresce no leste da Ásia e na África. Em relação aos Estados Unidos, que são os principais concorrentes do Brasil no agronegócio, os dois países poderiam ter uma visão estratégica comum. Temos, neste momento, uma maior aproximação dos presidentes dos dois países, que poderia resultar nessa estratégia comum.

Mas importantes investimentos em infraestrutura no Brasil, como a Ferrogrão, a rota Bioceânica e outros, permitirão ao País produzir com mais competitividade do que os Estados Unidos. O Brasil está melhorando muito sua infraestrutura. Isso vai ameaçar a hegemonia dos Estados Unidos e resolver um problema histórico de transporte, sem dúvida, nos próximos anos. O agronegócio pagou muito caro pela opção brasileira, lá atrás, pelas rodovias em detrimento de ferrovias e hidrovias. Quanto à situação do Mercosul, a Argentina, outro concorrente do Brasil em exportação de commodities agrícolas, pode correr o risco da volta das “retenciones” (imposto sobre as exportações), com a eleição do kirchnerista Alberto Fernández. As “retenciones” foram adotadas pela ex-presidente Cristina Kirchner para garantir o abastecimento interno de alimentos. Isso pode fazer o agronegócio argentino ter problemas de competitividade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.