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18/Nov/2019

China e Brasil negociando área de livre-comércio

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil conversa com a China sobre a possibilidade de estabelecer uma área de livre-comércio entre os dois países. Este tipo de acordo costuma prever uma fase de transição até o fim de todas as barreiras tarifárias na venda de produtos. As negociações estão em estágio inicial e, formalmente, ainda não incluem a ideia de uma área de livre-comércio. Além disso, pelas regras do Mercosul, países membros do bloco não podem firmar individualmente acordos bilaterais que envolvam eliminação de tarifas. Neste sentido, uma eventual negociação teria de acontecer entre a China e o Mercosul. É o que faz hoje o bloco em conversas com Coreia do Sul, Canadá, Líbano e Singapura. Neste momento, o objetivo é aumentar os itens na pauta de exportação para a China, hoje concentrada em três produtos: soja triturada (34%), óleos brutos de petróleo (24%) e minério de ferro (21%).

As conversas incluem a possibilidade de uma ‘free trade area’ (área de livre comércio), com objetivo de integrar o Brasil às cadeias globais. O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a China está disposta a trabalhar com o Brasil com igualdade para intercâmbio em diferentes áreas. Os dois países fecharam acordos bilaterais em transporte, saúde, segurança, comunicações e agronegócio. O último possibilita a venda de melão brasileiro para a China em troca da importação de pera chinesa. A China é hoje o maior parceiro comercial do País. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 21,5 bilhões a mais do que importou da China. A China responde por 27,8% das exportações e por 20% das importações. O Brasil quer ampliar as trocas comerciais com o país asiático, ainda que isso signifique uma redução do superávit comercial do Brasil com o parceiro. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) afirmou que o anúncio é positivo, mas ressaltou que, diferentemente do Brasil, a China possui baixos custos de produção e alta eficiência.

Assim, uma eventual abertura afetaria principalmente o setor de manufatura brasileiro, que seria tomado por produtos chineses. A indústria brasileira não está preparada para nenhuma abertura de mercado hoje. As conversas entre autoridades dos dois países incluem a formação de joint-ventures com empresas chinesas para manufaturar os produtos no Brasil, aumentando o valor agregado. O Brasil tem uma demanda antiga para que a China abra o mercado interno a produtos agrícolas processados e semiprocessados, de maior valor agregado, como a soja, que poderiam ampliar os ganhos nas exportações. O governo brasileiro não descartou acordos com outros países ou blocos comerciais. No fim de julho, o Brasil iniciou oficialmente as negociações para o fechamento de um acordo comercial com os Estados Unidos, após o Mercosul ter fechado, semanas antes, um acordo de livre-comércio com a União Europeia.

Para o Ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, são positivas as potenciais discussões bilaterais entre o Brasil e a China, mas acredita que é uma simplificação dizer que o País está começando a negociar uma área de livre-comércio. A criação de uma área de livre-comércio do Brasil com China ou mesmo com Estados Unidos são ideias que estão em exame, mas é para uma perspectiva de médio e longo prazo. O que o governo está tentando fazer é simplificar os procedimentos, desburocratizar para facilitar o comércio, o que é diferente de criar uma área de livre-comércio. Uma área de livre-comércio implica em negociações de produtos e isso toma muito tempo. O que está sendo discutido é ampliar o comércio entre o Brasil e a China, o que vai no interesse dos dois lados. Mas, é muito difícil hoje pensar numa negociação de uma área de livre-comércio entre Brasil e China porque tem de ter uma discussão muito mais ampla no meio empresarial, o que que não foi feito. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.