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06/Nov/2019

Guerra comercial: tarifas prejudicam EUA e China

De acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (05/11) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), as tarifas extras norte-americanas para os produtos chineses tiveram um impacto de US$ 35 bilhões para o país asiático no primeiro semestre. O montante representa uma perda de exportações do país asiático no mercado dos Estados Unidos de 25% no período. Este número também mostra a competitividade das empresas chinesas que, apesar das tarifas substanciais, mantiveram 75% de suas exportações para os Estados Unidos. A guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do globo tem resultado, além de perdas substanciais de exportação, em preços mais altos para os consumidores e aumento das importações de países não envolvidos diretamente na disputa.

As tarifas impostas pelos Estados Unidos à China estão prejudicando economicamente os dois países. Há um declínio acentuado no comércio bilateral. Os consumidores norte-americanos são os que sentem o maior impacto das tarifas porque seus custos foram amplamente repassados. No entanto, as empresas chinesas começaram recentemente a absorver parte dos aumentos das tarifas e reduziram os preços de suas exportações. Os resultados do estudo servem como um aviso global. Uma guerra comercial de 'perda-perda' não só prejudica os principais concorrentes, como também compromete a estabilidade da economia global e o crescimento futuro. A expectativa é de que um potencial acordo comercial entre os Estados Unidos e a China possa diminuir as tensões comerciais. Os setores de máquinas para escritório e equipamentos de comunicação foram os mais atingidos.

Eles sofreram uma redução de US$ 15 bilhões nas importações norte-americanas da China, uma vez que o comércio de produtos tarifados nesses setores caiu em média 55%. O comércio de mercadorias tarifadas em setores como produtos químicos, móveis e máquinas elétricas também caiu substancialmente. Embora o estudo não analise o impacto da fase mais recente da guerra comercial, alerta que a escalada no verão de 2019 no Hemisfério Norte provavelmente tenha aumentado as perdas vistas até o momento. O trabalho também não considera o impacto das tarifas chinesas nas importações dos Estados Unidos, mas indica que os resultados qualitativos provavelmente são análogos: preços mais altos para os consumidores chineses, perdas para exportadores dos Estados Unidos e ganhos comerciais para outros países. As tarifas americanas sobre a China tornaram outros players mais competitivos no mercado norte-americano e levaram a um efeito de desvio comercial.

Das perdas de exportação de US$ 35 bilhões da China no mercado dos Estados Unidos, cerca de US$ 21 bilhões (ou 62%) foram desviados para outros países, enquanto o restante foi "perdido" ou "capturado" pelos produtores norte-americanos. As tarifas dos Estados Unidos na China resultaram em um ganho de US$ 4,2 bilhões para Taiwan (província da China) em exportações adicionais para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2019 com a venda de mais máquinas de escritório e equipamentos de comunicação. No caso do México, a elevação das vendas para os Estados Unidos foi de US$ 3,5 bilhões na primeira metade do ano, principalmente nos setores agroalimentar, equipamentos de transporte e máquinas elétricas.

A União Europeia se beneficiou de cerca de US$ 2,7 bilhões devido ao aumento das exportações, principalmente nos setores de máquinas. As exportações do Vietnã para os Estados Unidos aumentaram US$ 2,6 bilhões no período, impulsionadas pelo comércio de móveis e equipamentos de comunicação. No caso da Coreia, Canadá e Índia, os desvios apontados pelo estudo foram menores, mas ainda assim substanciais, variando de US$ 900 milhões a US $ 1,5 bilhão. O restante dos benefícios foi em grande parte para a vantagem de outros países do Sudeste Asiático. Os efeitos de desvio de comércio que favorecem os países da África têm sido mínimos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.