ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Nov/2019

Emissões de CO² no Brasil ficam estáveis em 2018

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (05/11) pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, as emissões brasileiras de gases do efeito estufa em 2018 cresceram 0,3% em 2018 ante 2017, para 1,939 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2E) em 2018. Este montante significa que o Brasil está no limite da meta de redução de emissões compromissada pelo País em 2009, que é de 2,07 bilhões de toneladas de CO2E para 2020. As mudanças no uso da terra lideraram as emissões em 2018, com 44%, ou 3% a mais ante 2017. Mudanças no uso da terra são ligados a desmatamento e florestas, por exemplo. A agropecuária vem em segundo lugar, com 25% do total de emissões de gases do efeito estufa em 2018, uma redução de 0,3% ante 2017. Em terceiro lugar, o setor de energia emitiu 21% de gases do efeito estufa totais do Brasil em 2018, queda de 4,7% ante 2017, o que denota a crise econômica no País.

O aumento de 13% no uso de etanol no Brasil, combustível mais limpo, que zera suas emissões quando a cana-de-açúcar cresce e consome CO2 da atmosfera, acabou resultando numa queda de 5% nas emissões do setor. Também contribuiu para essa redução um aumento na presença de fontes renováveis, especialmente eólica, na geração de eletricidade. O ano teve mais chuvas, o que também favoreceu as hidrelétricas, de modo que o governo não teve de acionar muito as termelétricas. Em relação ao uso da terra, as emissões decorrentes da alta de 8,5% no desmatamento da Amazônia em 2018 foram em parte compensadas por uma redução de cerca de 10% na destruição do Cerrado, o que fez as emissões por mudança de uso na terra crescerem 3%. Se forem consideradas as mudanças no uso da terra e a agropecuária, 69% das emissões do Brasil estão relacionadas a essas duas atividades.

Nesses setores se encaixam florestas, desmatamento, uso de fertilizantes, pecuária, entre outros. Porém, nos maiores países emissores o padrão das emissões é de pelo menos 65% do setor de energia. O Brasil se diferencia deste padrão. Entre os maiores países emissores em 2018, estão China, com 23,7% do total das emissões de gases do efeito estufa; Estados Unidos, com 12,9%; os países da União Europeia (UE), com 7,4%; Índia, com 6,5%, Rússia, com 4,1%, e Brasil, com 3,4%, seguido por Japão, 2,7%, Canadá, 1,8% e Alemanha, 1,7%. Os Estados brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa são Pará, Mato Grosso, com atividades ligadas ao uso da terra, São Paulo e Minas Gerais, sendo estes dois últimos importantes emissores no setor de energia. Além disso, Minas Gerais tem uma importante atividade pecuária leiteira. O setor agropecuário brasileiro emitiu 492 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) em 2018, montante que significa 25% do total das emissões brasileiras no período.

A agropecuária é a segunda maior fonte de emissões do Brasil. Além disso, esse setor é o terceiro maior emissor global especificamente na agropecuária, ou seja, é um segmento intenso em termos de emissões de gases do efeito estufa. As principais atividades agropecuárias desenvolvidas no Brasil, a pecuária bovina de corte é a responsável pelo maior volume de emissões, com 69% do total relacionado à agropecuária. Quando se inclui a pecuária leiteira, as emissões da pecuária alcançam 80% da agricultura e pecuária brasileiras. Em terceiro lugar no total das emissões agropecuárias brasileiras, vem o setor de fertilizantes, com 6%, seguido do arroz irrigado, importante em emissão em metano, e “outras atividades agropecuárias”, com 14%. A Região Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso, que detém o maior rebanho de corte do País, lidera as emissões da agropecuária, com 31% do total. Em seguida, vem a Região Sul, com 20%, as Regiões Sudeste e Norte, com 18% cada uma, e a Região Nordeste, com 13%.

Pelo segundo ano consecutivo, o setor agropecuário reduz suas emissões, na base de 1% ao ano desde 2016. De 1970 para 2018, as emissões agropecuárias brasileiras cresceram 162%, mas o Brasil aumentou bastante sua produção agrícola e pecuária. Houve, de dois anos para cá, uma redução de 2% no rebanho bovino brasileiro, o que também contribuiu com o recuo nas emissões. O setor tem melhorado a produtividade, entregado produtos com menor emissão de gases do efeito estufa associados. A agricultura brasileira aumentou em 100% sua produção de grãos de 2005 para cá, enquanto a emissão cresceu bem menos, na base de 60%. A bovinocultura de corte aumentou 25% sua produção de carne nesse período e as emissões, somente 5%. Resta saber se o setor agropecuário conseguirá manter estáveis as emissões de 2005 para 2030, para cumprir o Acordo de Paris. Há possibilidade de conseguir, desde que a agropecuária de baixo carbono ganhe escala. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.