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30/Out/2019

Argentina: novo governo preocupa os agricultores

O setor produtivo da Argentina está reavaliando todas as suas estratégias depois do resultado das eleições presidenciais no último domingo (27/10). O candidato Alberto Fernández levou a presidência de Maurício Macri e traz junto como sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner. E, quando presidente, Cristina teve sérios problemas com o agronegócio argentino, incluindo produtores rurais, entidades de classe e instituições. A Sociedade Rural Argentina (SRA) já se posicionou dizendo que espera que o novo governo permita que o setor produza sem distorções. Afinal, a instituição já havia declarado, durante a campanha, seu apoio a Macri, que visava o fim das chamadas 'retenciones' até 2021. Desde que foi eleito, o presidente já vinha reduzindo a percentagem das tarifações, o que sempre foi uma de suas promessas de campanha.

Segundo a entidade, a expectativa é alcançar, por meio de um diálogo responsável, no marco do respeito à Constituição Nacional, as liberdades e formas do modelo republicano e com base em políticas apropriadas que permitam produzir sem distorções, sem obstáculos ou intervenções de qualquer tipo, gerando trabalho e desenvolvimento no território nacional. A Federação Agrária da Argentina parabenizou Alberto Fernández pela vitória e afirmou que o diálogo está aberto e que os produtores estão dispostos a trabalhar com articulação e cooperação nos próximos anos. O Infocampo trouxe um balanço dos números oficiais da eleição mostrando como votou o campo: na maior parte da região produtora Macri teve mais votos que Fernández.

O atual presidente obteve vitória em Córdoba, Santa Fé e Entre Rios, enquanto o presidente eleito foi o favorito nas províncias de Buenos Aires e La Pampa. A agência internacional Bloomberg trouxe em manchete que o resultado das eleições presidenciais pode ser "um golpe para os produtores". Ainda segundo a agência, agora os investidores no campo argentino esperam pelas mudanças nas políticas públicas destinadas ao setor e espera mais clareza sobre elas. O que se espera, afinal, é que o novo governo, como é típico dos peronistas na Argentina, traga mais intervenção nos diversos setores da economia, como alguns programas que já foram anunciados.

Entre eles estão o congelamento de preços, aumento de salários, em um momento em que o país luta para cumprir seus compromissos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a redução do limite de compra de dólares de US$ 10 mil para US$ 200,00 por mês por pessoa, como já foi anunciado pelo Banco Central. A Bloomberg destaca ainda mais a questão das tributações e afirma que os produtores rurais esperam que o governo Fernández aumente as tarifas sobre exportações agrícolas e de carne, aumentando a arrecadação em cerca de US$ 20 bilhões no ano para um fundo social destinado ao pagamento de dívidas de serviços e gastos sociais. Nessa expectativa, os produtores rurais têm incrementado suas vendas para os traders, evitando os tributos mais altos. Dessa forma, o ritmo das vendas está duas vezes maior do que o normal.

Atualmente, as exportações de soja já são taxadas em 25% e o milho, o trigo e a carne bovina em 7%. O presidente eleito já se posicionou sobre um desejo de aumentar as exportações argentinas. Por outro lado, afirma que se preocupa com o fato de as exportações fortes provoquem altas intensas nos preços internos dos alimentos, pesando ainda mais sobre a inflação que já é de 54%. Qualquer movimento do novo presidente, portanto, poderia provocar uma diminuição no bom ritmo dos embarques da Argentina. Se espera ainda que, por conta dos custos menores para a produção de soja e diante de tantas incertezas, os agricultores argentinos se voltem mais à cultura da oleaginosa em detrimento de outras. A Argentina pode voltar a ter uma monocultura de soja. Fonte: Bloomberg, Infocampo e Revista Chacra. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.