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22/Out/2019

Amazônia: possível boicote preocupa exportadores

Em meio à imagem abalada do Brasil pelos incêndios na Amazônia, os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente tentam alinhar o discurso para fazer frente a um possível ataque de importadores, sobretudo da Europa, aos produtos do agronegócio brasileiro. Desde que a crise veio à tona, há quase dois meses, as duas pastas tentam reduzir as turbulências externas, mas cada uma com agenda própria. A falta de uma estratégia de defesa comum tem gerado preocupações entre as lideranças do agronegócio, que temem um boicote ao País. Os parlamentares da bancada ruralista no Congresso e no Senado evitam fazer críticas abertas à maneira como o governo tem conduzido a crise. Sob reserva, contudo, deputados e senadores da base ruralista afirmam que faltam respostas rápidas e um maior alinhamento do governo para evitar potenciais perdas ao País, com risco de comprometer o acordo Mercosul e União Europeia.

Nos últimos dias, os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que nunca foram próximos, estão tentando se aproximar. O desalinhamento entre as duas pastas não é de hoje. Entre o fim de 2018 e o início do ano, o clima pesou na Agricultura e Meio Ambiente, quando o presidente Jair Bolsonaro cogitou unir os dois ministérios. Desde então, cada ministro seguiu com suas agendas. Quando a crise da Amazônia ficou mais aguda, cada pasta preparou suas estratégias de discussões para conduzir o assunto. Mas, a falta de um discurso conciliatório entre as duas pastas é vista como um ponto sensível na defesa dos interesses do Brasil no exterior.

Tereza Cristina e Ricardo Salles viajaram, separadamente, para a Europa nas últimas semanas para conversar com importadores, governos e setor privado para explicar que o Brasil não incentiva o desmatamento ilegal, que o governo brasileiro está atento às questões da Amazônia e apertando o cerco contra exploração de áreas da região. Embora ainda não haja uma retaliação aos produtos brasileiros, diversos países importadores e empresas globais consultaram o Ministério da Agricultura sobre eventuais riscos. A ameaça de imposição de barreiras preocupa os exportadores de grãos e carnes, principais itens da pauta de exportações brasileira. Segundo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), não há hoje uma ameaça real de barrar as exportações brasileiras. Mas, há uma preocupação sobre como o consumidor internacional vê os produtos brasileiros.

O Ministério da Agricultura admite que falhas na comunicação são apontadas como principal fator que o impede o Brasil de ser difundido como uma potência agrícola sustentável. A apresentação de dados mais consistentes sobre preservação das florestas também precisa ter um plano de ação mais contundente. Segundo a ministra Tereza Cristina, o Brasil comete erros muito sérios de comunicação tanto internamente como externamente. É preciso corrigi-los se o País deseja continuar vendendo e explorando novas oportunidades. O ministro Ricardo Salles afirmou que as discussões sobre Amazônia vão muito além da parte da Agricultura. Segundo ele, o Ministério do Meio Ambiente está em conversas intensas com vários ministérios. Ele afirmou que a missão do Ministério da Agricultura é uma e a do Meio Ambiente, é outra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.