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14/Out/2019

Os impactos das mudanças climáticas na economia

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório apontando que empresas que investem em princípios ambientais, sociais e de governança podem reduzir custos de capital e melhorar as margens de lucro. O capítulo sobre finanças sustentáveis do Relatório de Estabilidade Financeira Global 2019 afirma que os impactos potenciais dos riscos climáticos são grandes e difíceis de estimar. Os pedidos de seguro por perdas naturais, por exemplo, já quadruplicaram desde os anos 1980, encarecendo as apólices em áreas expostas. Grandes desastres naturais podem levar a estresse nas seguradoras no futuro. Perdas decorrentes das alterações climáticas têm impacto direto no sistema financeiro, por meio de redução de preços e da diminuição do crescimento econômico. Os investimentos em ESG (Environmental, Social and Governance) podem motivar a força de trabalho e aumentar a confiança entre as partes interessadas, além de evitar futuras compensações decorrentes de emissões de carbono. A conscientização dos riscos financeiros relacionados ao clima aumentou nos últimos anos.

O investimento em finanças sustentáveis pode parecer, em um primeiro momento, dispendioso. Mas, a longo prazo, pode ser importante para aumentar a capacidade das empresas em navegar por riscos relacionados ao meio ambiente e gerar receita, além de beneficiar a sociedade. As mudanças climáticas estão ameaçando a economia mundial e são necessárias medidas urgentes de governantes de países para enfrentar tais problemas, pois é essencial uma transição para o uso de fontes de energia com baixo teor de carbono. De acordo com o capítulo analítico do relatório Monitor Fiscal do FMI, políticas fiscais têm papel central para mitigar efeitos climáticos em nível local, sobretudo com a adoção de impostos sobre fontes muito poluidoras, apoio a novas tecnologias produtivas e redistribuição de receitas dos governos, para reduzir eventuais elevações de custos de energia para famílias. Impostos sobre a emissão de carbono são os instrumentos mais eficazes para reduzir o uso de combustíveis fósseis e são importantes para mitigar mudanças climáticas e reduzir problemas sérios, como poluição do ar.

Tais tributos poderiam incidir sobre empresas que controlam refinarias de petróleo, minas de carvão e indústrias em geral. Outro elemento que também pode colaborar nesta proposta é a implementação de regulações para reduzir incentivos para que companhias utilizem fontes que emitem nível elevado de gás carbônico. Em três cenários com a adoção de US$ 25,00 US$ 50,00 e US$ 75,00 por tonelada de CO2 em 2030 pelos membros do G-20 ocorreria uma redução da emissão deste gás de 19%, 29% e 35%, respectivamente para estes países. Enquanto a adoção de US$ 25,00 por tonelada de CO2 seria suficiente para alguns países (China, Índia e Rússia) para atender seus compromissos com o Acordo de Paris, em outros casos (Austrália e Canadá) US$ 75,00 por tonelada não seria o bastante. Com estes impostos, será natural subir o preço de itens essenciais de orçamentos de famílias, como os relacionados a eletricidade e gasolina. Com a taxa de US$ 75,00 por tonelada de carbono, os preços do carvão poderão subir mais de 200% em 2030, enquanto os custos ao consumidor da gasolina poderão aumentar de 5% a 15%.

Por outro lado, os impostos sobre uso de combustíveis fósseis podem gerar significativas novas receitas para os governos, pois podem variar entre 0,5% e 3% do PIB dos países do G-20 para uma taxa de US$ 50,00 por tonelada de carbono em 2030. Além disso, os benefícios ambientais com a adoção de tal tributo seriam significativos, pois no caso dos países membros do G-20 a tarifa de US$ 50,00 por tonelada de carbono poderá prevenir 600 mil mortes prematuras por poluição do ar em 2030, sendo que se a taxa fosse de US$ 75,00 por tonelada seriam evitados 725 mil óbitos. O FMI cita o caso da Suécia que adotou tributos de US$ 28,00 por tonelada de carbono em 1991 e progressivamente foi avançando até atingir US$ 127,00 neste ano e que fez parte de um conjunto amplo de reformas que incluíram redução de impostos sobre energia, trabalho e capital. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.