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08/Out/2019

MMA quer que países ricos paguem por preservação

Segundo o jornal britânico Financial Times, o ministro do Meio Ambiente do Brasil afirmou que os países ricos devem pagar bilhões de dólares para ajudar o Brasil proteger a Amazônia. Ele pediu mais investimentos e desenvolvimento na área de floresta tropical. Para Ricardo Salles, o custo de oportunidade de preservar a floresta deve ser pago por aqueles que têm os fundos ou as fontes de financiamento necessárias para isso. Ele estimou que US$ 120,00 por hectare por ano seria suficiente para pagar aos agricultores e outros locais que não desenvolvessem suas terras, o equivalente a US$ 12 bilhões por ano se aplicados em um quinto da Amazônia. O governo brasileiro está em uma campanha para restaurar sua imagem depois que incêndios devastaram a Amazônia, provocando uma condenação internacional e ameaças de boicote de governos europeus e gestores de ativos.

A Alemanha e a Noruega suspenderam seus pagamentos ao Fundo Amazônia do governo brasileiro, enquanto os fundos de investimento europeus com US$ 16 bilhões em ativos ameaçaram desinvestir em títulos e ações brasileiros se não fossem tomadas medidas pelo governo brasileiro para evitar o desmatamento. Mas, Salles criticou os países ricos por atacarem o Brasil, mas falharem em pagar ao País uma quantia proporcional ao valor da proteção da floresta. O ministro não reconhece que mais de 90% de todo o desmatamento na Amazônia é ilegal, portanto, pagar os agricultores pela conservação só será eficaz se o Brasil decidir intensificar a aplicação da lei. Ele considera que qualquer tipo de boicote só irá piorar a situação. Segundo a publicação, desde que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro, ele incentivou o desenvolvimento econômico na Amazônia. Para Salles, o desenvolvimento não é contrário à diminuição do desmatamento, pois o que se vê é falta de desenvolvimento com o aumento do desmatamento.

O ministro também salientou que o governo está preparando um plano diretor de zoneamento econômico para a Amazônia e espera que as empresas farmacêuticas, de cosméticos e alimentos invistam mais. O Greenpeace Brasil questionou a sinceridade do pedido de Salles de financiamento para a proteção florestal à comunidade internacional. No Brasil, a floresta está enfrentando um grande desafio e está sendo atacada por vários inimigos, mas sem dúvida o pior deles é o governo Bolsonaro. Salles está enviando a mensagem de que, para manter intacta a Amazônia, os países ricos precisarão dar ao Brasil uma quantia impossivelmente grande. Para o Greenpeace, a mensagem do governo brasileiro é: como todos os países destruíram suas florestas, agora o Brasil irá administrar as suas como quiser. Na semana passada, Bolsonaro convidou garimpeiros para a sede de seu governo e anunciou que seria apresentado um projeto de lei para permitir a mineração em terras indígenas.

O secretário de mineração do Brasil afirmou que a mineração na Amazônia seria feita de forma "responsável", de acordo com os regulamentos atualizados e respeitando a vontade das comunidades indígenas. Novos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os incêndios aumentaram muito mais rapidamente em áreas indígenas e conservadas do que na Amazônia como um todo, sugerindo que os desmatadores foram encorajados a atingir essas áreas no momento em que as agências que os protegem sofrem de falta de pessoal e de financiamento. Em julho e agosto deste ano, a agência ambiental do Brasil sancionou menos crimes ambientais do que em qualquer momento dos últimos cinco anos. Salles afirmou que o governo Bolsonaro herdou sérios problemas financeiros e teve que fazer grandes cortes nos gastos públicos. Ele se recusou a comentar sobre se o Ministério iria investir mais em agências ambientais, enfatizando a necessidade de desenvolvimento econômico na região amazônica.

O ministro citou os US$ 100 bilhões em financiamento climático anual que os países ricos prometeram aos países pobres, juntamente com o pacto climático de Paris de 2015. Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais, a comunidade internacional precisa aumentar o financiamento climático, mas os cálculos de Salles são problemáticos. O ministro falha em reconhecer que mais de 90% de todo o desmatamento na Amazônia é ilegal, portanto, pagar os agricultores pela conservação só será eficaz se o Brasil decidir intensificar a aplicação da lei. Analistas consultados pelo Financial Times afirmam que a Amazônia se tornou um campo de batalha essencial para a guerra cultural de Bolsonaro contra a esquerda e o liberalismo em geral. Bolsonaro atacou o que considera a excessiva proteção legal oferecida aos 305 grupos étnicos do Brasil e a "enormidade" de suas reservas constitucionalmente mandatadas na Amazônia. No entanto, ambientalistas e antropólogos os veem como um baluarte contra o desmatamento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.