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01/Out/2019

Argentina: produtores preocupados com eleições

A área da Argentina conhecida por "campos de grãos e bovinos" se prepara para o risco de retorno de políticas que causaram amplas revoltas, há uma década e sob o regime de Néstor e Cristina Kirchner, por parte de produtores rurais e pecuaristas. Isso por causa da possível vitória de Alberto Fernández e sua candidata a vice, Cristina Kirchner, nas eleições presidenciais do país. A ascensão de Fernández, favorito à vitória no pleito do dia 27 de outubro, causou ansiedade em Wall Street (centro financeiro dos Estados Unidos) e em seguidores pró-mercado do atual presidente da Argentina, Mauricio Macri. Enquanto foi presidente, Cristina Kirchner acusou os produtores rurais de serem oligarcas, golpistas e sem interesse nos pobres.

Durante 12 anos no poder, Kirchner e seu falecido marido e antecessor, Néstor Kirchner, impuseram controle de preços e altos impostos sobre exportações a produtores de grãos para financiar aumentos no gasto público e em programas sociais. Para manter preços baixos, o governo limitou exportações de carne bovina, causando declínio na produção da proteína animal, com queda no rebanho de cerca de 10 milhões de cabeças. Fernández quer superar a desconfiança das áreas rurais. Ele recentemente pediu às maiores associações rurais da Argentina para deixarem de lado as relações ruins com peronistas e trabalharem com ele para impulsionar a economia caso ele seja eleito. Alguns acreditam que, sob Fernández, os produtores e peronistas podem encontrar objetivos comuns.

Fernández afirmou em discurso que o campo é fundamental para impulsionar a economia e retomar o crescimento. Ele pediu as discordâncias sejam esquecidas. Fernández tem sido mais moderado em negociações com os ruralistas. Se ele vencer as eleições e aumentar impostos e controlar exportações, entretanto, a região produtora demonstrará insatisfação. Muitos produtores não estão convencidos de que os peronistas serão moderados. Eles temem ser novamente atingidos por maiores impostos sobre exportações agrícolas, uma política que fez Kirchner se chocar com as regiões agrícolas, com o governo sem recursos em busca de moedas estrangeiras em meio à possibilidade de "default". Há também a preocupação de que controles de preços possam ser usados para reduzir a indignação de eleitores urbanos com o aumento dos preços de alimentos.

Após assumir, em 2015, Macri rapidamente eliminou impostos sobre exportações de carne bovina e milho, e reduziu as taxas impostas à soja. A Argentina abriu novos mercados, motivando produtores a plantarem mais. Entretanto, nem tudo correu bem para os produtores durante o governo Macri. Como os demais argentinos, eles convivem com inflação anual de 55%, colapso no consumo e expressiva desvalorização do peso. Para reduzir o déficit, o governo reinstalou impostos sobre exportação de grãos após obter repasse de US$ 7 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o governo Macri recentemente impôs controle sobre o câmbio. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.