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27/Set/2019

Agronegócio já tem divergências sobre Bolsonaro

O agronegócio adora Bolsonaro. Mas, embora mantenha-se pesadamente favorável às ações do governo, já não forma mais um coro uníssono. Vozes destoantes começam a expor um questionamento em relação aos expedientes usados pelo presidente. Não chega a ser uma ameaça de rompimento, bem longe disso. A reação que ensaia uma divisão no segmento ruralista não carrega nenhum tipo de viés ideológico. É o pragmatismo, um delimitador das oportunidades de negócios, que marca também a cadência dos movimentos do setor. O discurso feroz do presidente na ONU agradou a maior parte do empresariado rural.

Especialmente os pecuaristas, que atravessaram anos de demonização nos embates com as organizações de defesa do meio ambiente e agora acreditam ter encontrado a redenção num governo abertamente contrário à atuação das ONGs. Mas, a aprovação não é unânime. Em outro extremo, os ruralistas que dependem do comércio internacional começam a ficar preocupados com os rumos do enfrentamento instigado pela gestão bolsonarista. Os empresários do agronegócio formam, há anos, um bloco coeso. Mesmo diante de disputas político-partidárias, conseguem manter uma imagem de unidade. Mas, a segmentação cada vez mais acentuada do setor tende a separar o empresariado de acordo com os interesses de cada grupo. É como diz o provérbio: “Amigos, amigos, negócios à parte”.

Aqueles que enxergam, num futuro próximo, um risco aos negócios por conta da postura inflexível do presidente, começam a catar a pulga que lhes apareceu atrás da orelha. Para efeito de propaganda, o apoio continua incondicional. Este é um setor que reclama ter sido muito hostilizado nas gestões petistas, como disse à Coluna um representante da categoria. Apesar das conhecidas benesses concedidas no governo Lula, que agigantaram, por exemplo, grupos empresariais como a JBS, foi também neste período que a política ambiental se fez mais presente no confronto com o setor agropecuário. Os ruralistas apoiaram a eleição de Bolsonaro e continuam fechados com o governo. Mas, uma parte deles quer uma recalibragem nas estratégias.

Não foi à toa que, no encontro dos ministros da Agricultura do BRICS - bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, a ministra Tereza Cristina tenha feito questão de ressaltar o que qualificou de sustentabilidade ambiental e econômica do agronegócio no Brasil. A ministra conta com a aprovação do setor que representa. Bem diferente do que foi a gestão Kátia Abreu que, entre 2015 e 2016, no governo Dilma Rousseff, comandou a pasta dividindo opiniões. Foi para os ruralistas que Tereza Cristina discursou, manifestando seu “orgulho”. Uma contenção de ânimos preventiva. Fonte: Irany Tereza. Agência Estado.